Em 1967, o filósofo francês Guy Debord escreveu A Sociedade do Espetáculo, em que propõe que no mundo moderno somos induzidos a preferir a imagem e a representação da realidade à própria realidade concreta.
Para Debord, as imagens, apenas sombras do que existe, contaminaram nossa experiência cotidiana, levando-nos a renunciar à vivência da realidade tal como ela é. Toda a vida em sociedade virou um acúmulo de espetáculos individuais e coletivos, tudo é vivido apenas enquanto representação perante os outros.
Compartilhar status, instagrams, tweets: os palcos e as plateias mudaram, a encenação ficou cotidiana. Na sociedade do espetáculo em que estamos submersos, mesmo os relacionamentos são conduzidos pela mediação de imagens. Passando a intermediar as relações com imagens e simulacros de sentimentos moldados pelas redes sociais, voluntariamente renunciamos à qualquer tentativa de reconhecer os aspectos difíceis e desafiadores dos relacionamentos verdadeiros.
Debord entendia que o real envolvimento em relacionamentos humanos foi trocado por uma identificação passiva com a posição de espectatores recíprocos. Nesse esquema, cada um assiste, curte e compartilha o outro em seu palco particular, aguardando a sua vez de ser assistido, curtido e compartilhado.
Há, assim, um gradual empobrecimento das relações humanas. Isoladas, as pessoas tornam-se intimamente mais inseguras, e portanto mais fragilizadas. Essa fragilização torna os indivíduos mais influencíaveis e facilmente manobráveis.