segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A ação das pernas no comando do cavalo

As ajudas são as maneiras com as quais nós nos comunicamos com o cavalo. As ajudas “naturais” são aquelas utilizadas pelos cavaleiros sob o cavalo sem qualquer intervenção. E as pernas são os meios mais comuns que temos para nos comunicar com eles. Todos os cavaleiros usam as pernas para passar mensagens. No sentido comum, as pernas  costumam significar avançar, ir mais rápido ou mudar de andadura.
Felizmente, existem muitos outros usos para os comandos feitos com as perna. Usá-los para dizer “VAI” é importante quando você é um cavaleiro iniciante e está começando a aprender como funcionam as várias ajudas. No entanto, à medida que você desenvolve suas habilidades, as ajudas evoluem e se tornam menos intrusiva e mais específicas. Em vez de usar as pernas apenas para que o cavalo ande mais rápido ou faça uma transição de andadura, vamos descobrir outras mensagens que podem ser dadas com comandos de pernas mais sofisticados.
Embora existam muitas variações de como usar a ajuda das pernas, vamos abordar o seu propósito neste artigo. Contudo, é importante lembrar que as outras ajudas (peso do corpo, mãos, assento) devem ser utilizados juntamente com as pernas para todos os movimentos. Mas aqui vamos analisar apenas as pernas.
O que as ajudas de perna não significam necessariamente:
a) Mudança de andadura: Os cavaleiros são ensinados desde cedo que as pernas devem ser posicionadas de maneiras especificas para indicar a mudança de andadura. Embora este seja um método eficaz para comunicar as transições para o cavalo, os cavaleiros muitas vezes confundem a forma para pedir uma mudança de andadura com o uso da força das pernas. E logo, o cavalo aprende, “pernada forte = transição” e começa a mudar a andadura com qualquer uso de perna.
Inicialmente, pode até parecer que uma mudança rápida de andadura é desejável, mas no entanto, você acaba tirando a sensibilidade do seu cavalo que não consegue mais reconhecer sutis e importantes comandos de perna. Para obter uma transição fluida é importante usar corretamente a ajuda das pernas, mas lembrando sempre de iniciar o movimento com o uso do assento.
b) Mudança da velocidade: é algo diferente da mudança de andadura tratada acima. Se o cavalo não pode mudar a andadura em resposta à perna, então certamente ele vai aumentar a velocidade dentro da mesma andadura! O problema é que ao permitir que o cavalo vá mais rápido, de repente você pode ampliar muito e sair do equilíbrio. A meia parada pode se tornar difícil de fazer e muitas vezes você acaba puxando o cavalo para abrandar e recuperar o equilíbrio. Mais uma vez é importante não apenas usar a perna mas também regular o tempo com o seu assento.
C) Dor: As pessoas geralmente pensam que é necessário dar pernadas fortes. Mas usar a perna de forma agressiva é injusto se estiver sendo usado para causar dor. Assim como qualquer outra ajuda, pernadas (e esporas) devem ser usadas como um método de comunicação e não para causar desconforto ou angústia ao cavalo.
Então, afinal, o que elas significam:
a) Vá (impulsão)!: O comando de perna diz ao cavalo para dar um passo mais profundo para debaixo do corpo com as patas traseiras. Pode haver ou não uma mudança de andadura envolvida. No entanto, a intensidade da perna não deve mudar, e nem a alteração da andadura deve ser iniciada apenas pelas pernas. As ajudas de pernas devem resultar em um efeito de reunião leve pelo cavaleiro ao cavalo, que  engaja a garupa e proporciona uma andadura mais forte e mais ativa. Isso é bom!
b) Alcance ao bridão (flexão longitudinal): As duas pernas podem encorajar um cavalo a levantar as costas. Junto com a impulsão, o cavalo pode aprender a permitir que a energia vá além da linha superior. Então o movimento levanta, arredonda e, portanto, permite que o cavalo vá para frente e alcance o bridão.
c) Curvatura (flexão lateral):  A ajuda da perna permite que o cavalo dobre “através” da caixa torácica. O espaço que é criado por um deslocamento lateral das costelas permite que o cavalo traga a pata traseira interior mais para baixo do corpo. Isto é muito útil para o cavalo se equilibrar melhor nas voltas e cantos.
d) Movimento lateral: A ajuda de perna é fundamental para pedir ao cavalo para fazer um movimento de forma lateral. Estas ajudas de perna são usadas para movimentos tais como passagem, meia passagem e passagem completa. Tenha em mente que as pernas são apenas uma parte do processo de comunicação global que vai ajudar o cavalo. Se nós formos claros em porque nós usamos ajudas da perna, o “como” torna-se mais fácil e faz mais sentido.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A ação das rédeas no comando do cavalo

Ajudas são os meios de que o cavaleiro dispõe para impor sua vontade ao cavalo. Basicamente, existem 03 (três) ajudas naturais que podem ser reforçadas pelas ajudas artificiais.
a - PERNAS: servem para impulsionar o cavalo. São o acelerador do animal; sua ação pode ser reforçada pelo emprego simultâneo da espora, chicote e/ou estalos de língua. Não existe equitação sem impulsão (vontade de mover-se para a frente). Logo, um cavalo que não atenda às indicações das pernas, será eternamente uma fonte inesgotável de problemas.
b - MÃOS: servem para direcionar a impulsão gerada pelas pernas. A ação das mãos suaves, elásticas e discretas distingue um bom ginete de um ginete medíocre.
c - PESO DO CORPO: em outros esportes tem importância capital na obtenção de um melhor rendimento (motociclismo, ciclismo, atletismo, iatismo, surfe, turfe, etc...). Na equitação, embora tenha idêntica importância, seu emprego é relegado a plano secundário, e muitas vezes assistimos ginetes experientes cometerem erros elementares com relação ao posicionamento do peso de seu corpo sobre o cavalo. Com o movimento do corpo, podemos facilitar a tomada pelo animal de determinados movimentos, mediante a sobrecarga ou alívio de nosso peso sobre a massa do cavalo.
d - AJUDAS ARTIFICIAIS: enredeamentos especiais: rédea fixa, rédea Chambon, rédea Thiedmann, rédea alemã e a rédea Colbert, por exemplo. Servem, quando bem utilizadas, para abreviar a duração de um trabalho específico para a obtenção de um determinado objetivo.

EFEITOS DE RÉDEAS
"As rédeas atuam por intermédio da mão do cavaleiro. Este deve ter o máximo cuidado em não surpreender o cavalo e empregar as rédeas sem prejudicar nem corrigir a ação das pernas. São cinco seus efeitos (...)"
PRIMEIRO EFEITO : Rédea direta de Abertura

Ações do cavaleiro: A mão direita desloca-se para direita e para frente com o braço estendido e a palma da mão voltada para cima; A mão esquerda é reguladora, inicialmente cede e depois regula; As pernas são aplicadas na posição normal e agem por batidas, limitando-se a gerar e manter a impulsão; O assento é levado ligeiramente para a direita.
Efeitos sobre o cavalo: Cabeça: volve levemente para a direita; Focinho: volve levemente para a direita; Pescoço: encurva-se à direita; Espáduas: a direita é levemente sobrecarregada; Garupa: nenhum efeito sobre a garupa.
Resultado: A rédea direita de abertura, leva o peso do pescoço para a espádua direita sem fazer oposição às ancas, que seguem a direção tomada pelas primeiras. O cavalo volverá à direita, avançando.


SEGUNDO EFEITO : Rédea direta de oposição ("mestra da garupa")

Ações do cavaleiro: A mão direita age paralelamente ao eixo longitudinal do cavalo, da frente para trás e para cima. A mão esquerda é reguladora; A perna direita, da posição é aplicada na posição atrás e age por pressão, para impelir a garupa para a esquerda; A perna esquerda, da impulsão, é aplicada na posição normal e age por batidas para gerar a impulsão; O assento é levado para a direita.
Efeitos sobre o cavalo: Cabeça: inicialmente volve à direita e depois para trás; Focinho: volve à direita e depois para trás; Pescoço: inteiramente curvado à direita; 
Espáduas: direita muito fortemente sobrecarregada; Garupa: impelida para a esquerda.
Resultado: A rédea direita direta de oposição encurva o pescoço à direita, levando seu peso sobre a espádua direita para fazer oposição às ancas e impeli-las à esquerda. Em consequência, as espáduas vão para a direita, a garupa para a esquerda e o cavalo volve para a direita.

TERCEIRO EFEITO : Rédea Contrária

Ações do cavaleiro: A mão direita age para a esquerda e para frente; A mão esquerda é reguladora; As pernas agem igualmente na posição normal, por batidas gerando a impulsão; O assento é levado para a esquerda.
Efeitos sobre o cavalo: Cabeça: volve para a direita e a nuca para a esquerda; Focinho: volve para a direita, para trás e para baixo; Pescoço: curva-se, levemente, para a direita; Espáduas: esquerda, levemente, sobrecarregada; Garupa: não sofre nenhum efeito.
Resultado: A rédea direita contrária faz inclinar a nuca para a esquerda, e põe o peso do pescoço sobre a espádua esquerda, sem fazer oposição às ancas. O cavalo volve para a esquerda.


QUARTO EFEITO : Rédea contrária de oposição na frente das espáduas ("mestra das espáduas)

Ações do cavaleiro: A mão direita age à esquerda e para trás, a frente das espáduas; A mão esquerda é reguladora; A perna direita é aplicada na posição normal, por batidas, gerando a impulsão; A perna esquerda atua na posição atrás, por pressão, impelindo a garupa para a direita; O assento é levado para a esquerda.
Efeitos sobre o cavalo: Cabeça: volve para a direita e depois para trás; Focinho: volve para direita e depois para trás; Pescoço: curva-se bastante para a direita; Espáduas: esquerda muito fortemente sobrecarregada; Garupa: impelida para direita por oposição às espáduas; O peso é transportado para trás, sobrecarregando a lateral esquerda.
Resultado: A rédea direita contrária de oposição na frente das espáduas, encurva o pescoço à direita, pondo o seu peso sobre a espádua esquerda e desloca as ancas para a direita, em consequência da oposição das espáduas às ancas. O cavalo volve para a esquerda.

QUINTO EFEITO : Rédea contrária de oposição atrás das espáduas ( "mestra da massa")

Ações do cavaleiro: A mão esquerda é reguladora; A perna direita é aplicada na posição atrás, por pressão, impelindo a garupa para a esquerda;- A perna esquerda, atua na posição normal, por batidas, gerando a impulsão; O assento é levado para a esquerda, no sentido do movimento .
Efeitos sobre o cavalo: Cabeça: volve para a direita e depois para trás; Focinho: volve para a direita e depois para trás; Pescoço: curva-se para a direita; Espáduas: esquerda muito sobrecarregada; Garupa: impelida para a esquerda, sobrecarregando o posterior esquerda.
Resultado: A rédea direita contrária de oposição atrás das espáduas, encurva o pescoço à direita e coloca o seu peso sobre a espádua e a anca esquerda, deslocando, quando o cavalo está em movimento, toda a massa para a frente e à esquerda pela oposição da cabeça e pescoço às espáduas e às ancas
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O Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo está disponível em: 22_01_01 Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo.
© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

A escala de treinamento do cavalo: ritmo, descontração, contato, impulsão, retidão e reunião

 A escala de treinamento é um sistema de formação para cavalos de todas as raças mundialmente aceito. O sistema foi desenvolvido ao longo de séculos, compilando experiências, pensamentos e ideias de grandes mestres internacionais.
A escala descreve sistematicamente um sistema para treinamento de um cavalo jovem bem como já formado, apontando importantes preceitos que devem ser aplicados e respeitados independentemente da modalidade esportiva.
O sistema desenvolve a força, mobilidade e resistência do cavalo visando torná- lo relaxado e obediente aceitando as ajudas do cavaleiro sem forçá-lo a nada.
A escala se resume em seis pontos: ritmo, descontração, contato, impulsão, retidão e reunião. Se o ritmo ou a descontração devem vir em primeiro lugar pode ser controverso. Caso o cavalo tenha um temperamento muito genioso faz sentido priorizar a descontração uma vez que ele precisa primeiramente relaxar para se movimentar no ritmo adequado em cada uma das andaduras: passo, trote e galope.
Nenhum dos seis pontos da escala de treinamento pode ser considerado isoladamente e o cavaleiro deve respeitar as aptidões individuais de seu cavalo adaptando-as ao esquema de treinamento.
No Adestramento, o cumprimento da escala é imprescindível. Porém também nas modalidades Salto e Concurso Completo de Equitação, o cavalo deve experimentar um trabalho de base e formação sistemático, desenvolvendo suas aptidões físicas e esportivas aceitando as ajudas do cavaleiro de modo natural, harmônico e sem uso da força, o que ao mesmo tempo favorece sua saúde e tempo de atividade no esporte.

RITMO
O ritmo é a regularidade das passadas em todas as andaduras e sequencia correta e regular das batidas de cada um dos membros no passo, trote e galope. O tempo é a velocidade do ritmo.
Lembrete: isso significa que a cada passo o cavalo precisa cobrir o mesmo terreno (espaço) e, ao mesmo tempo, não deve hesitar nem se precipitar (acelerar). O ritmo deve ser igualmente preservado nas variações das andaduras (trabalho, médio, alongado e reunido) tanto em linhas retas como nas linhas curvas, transições e mudanças de direção. Nenhum exercício pode ser considerado se há perda de ritmo.
A destacar que deve se respeitar o ritmo de cada uma das andaduras: no passo (4 tempos), trote (2 tempos) e galope (3 tempos). 

DESCONTRAÇÃO
A descontração engloba o estado físico mas também mental do cavalo e deve, junto com o ritmo, ser o principal objetivo na iniciação do cavalo. O ritmo das andaduras só está correto se executado com descontração e oscilação do dorso em que os músculos se contraem e descontraem com naturalidade e aceitando as ajudas do cavaleiro.
Sinais que apontam para descontração interna e externa
  • Expressão calma e sem ansiedade;
  • A habilidade de alongar e descontrair a musculatura de forma suave e fluente;
  • Boca fechada, suave mastigação da embocadura e contato elástico;
  • Oscilação do dorso e sustentação da cauda relaxada e oscilando com o movimento;
  • Respiração rítmica mostrando que o cavalo está física e mentalmente relaxado.
Lembrete: A descontração é alcançada quando o cavalo está preparado a esticar o pescoço para frente e para baixo nas três andaduras. O cavalo se movimenta oscilando o dorso e com andaduras naturais e ritmadas para frente sem se precipitar. O cavaleiro consegue empregar a pressão das pernas e fazer uso do assento/sentar com suavidade.

CONTATO
Contato é a conexão permanente entre a mão do cavaleiro e boca do cavalo, em que cavalo está com a nuca descontraída e aceita as indicações das rédeas do cavaleiro. O cavalo com sua movimentação descontraída, ritmada e para frente, pela qual o cavaleiro é responsável com emprego de suas ajudas, deve procurar encostar na embocadura e com isso “estar na mão” do cavalo.
Também costuma-se dizer: “o cavalo busca o contato que, por sua vez, é permitido pelo cavaleiro”.
Lembrete: O contato nunca deve ser alcançado puxando para trás (ou recuando) o cavalo, mas o resultado do movimento impulsionado de modo correto, de trás para frente. É imprescindível que a nuca seja sempre o ponto mais alto do cavalo, exceto no exercício de alongamento do pescoço para frente e para baixo.
Um cavalo está na mão quando o pescoço se posiciona elevado e arredondado conforme o estágio de seu treinamento e aceita a embocadura em contato leve e consistente. A cabeça deve se manter em atitude fixa, com o chanfro ligeiramente à frente da vertical, nuca flexível e o ponto mais alto do pescoço, sem resistência.
É necessário evitar que cavalos jovens em formação bem como em estágios mais avançados sejam precipitadamente colocados “na mão” durante a fase de descontração. O uso excessivo e antecipado da mão prejudica a descontração, a atividade dos posteriores e o objetivo geral da escala de treinamento.]

IMPULSÃO
A impulsão é consequência da atividade enérgica dos posteriores que se reflete na desejada movimentação para frente do cavalo. Um cavalo impulsionado anda com os posteriores ativos e membros avançando bem durante a fase suspensão (trote e galope) sem precipitação. (O passo não tem tempo de suspensão e, por isso, não pode se falar em impulsão, mas em atividade). O cavalo deve estar descontraído, a musculatura dorsal oscilando e em contato correto e suave com a mão do cavaleiro.
A musculatura dorsal absorve o movimento e o cavaleiro, sintonizado com a movimentação, consegue sentar confortavelmente. O cavaleiro deve sentir a impulsão dos posteriores de trás para frente. Também costuma-se dizer: “o cavalo leva o cavaleiro consigo.”
Lembrete: O desenvolvimento e apri- moramento da impulsão é fundamen- tal para criar o desejo de avançar e desenvolver a força dos posteriores para sustentação. A impulsão também é pré-requisito para a retidão e reunião do cavalo.
Não deve se confundir impulsão com aumento de velocidade. Se o cavalo for montado de modo precipitado, a fase de suspensão é prejudicada. A movimentação acelerada pode até manter o ritmo, mas altera o tempo e a impulsão é prejudicada.

RETIDÃO
Um cavalo está reto quando os posteriores e anteriores estão alinhados na mesma pista, o que significa que os posteriores andam na mesma trilha dos anteriores (marcadas pelas pegadas dos cascos). O mesmo posicionamento vale em linhas curvas e retas.
A retidão presume a distribuição igualitária do corpo do cavalo (direita e esquerda) e é alcançada com exercícios consequentes de ambos os lados. A maioria dos cavalos tem um lado mais fácil que o outro de nascença, assim como nos humanos canhotos e destros.
A posição do cavalo deve ser reta para:
  • Distribuir o peso de modo igual de ambos os lados para prevenir possibilidades de lesão;
  • Ativação dos posteriores em direção ao centro de gravidade;
  • Corresponder às ajudas de modo relaxado e conectado;
  • Encostar no bridão com contato igual de ambos os lados;
  • Alcançar a reunião.
O cavalo reto é capaz de ser encurvado e flexionado igualmente para ambos os lados.
Lembrete: Em um cavalo reto a força da movimentação dos posteriores age inteiramente na direção do centro de gravidade. Por outro lado, somente assim as diversas ações/ajudas do cavaleiro agem corretamente e igualmente sobre ambos os posteriores.

REUNIÃO
A reunião é o último ponto da escala de treinamento. Para tanto, é necessário que o peso do cavalo incluindo do cavaleiro seja igualmente distribuído sobre os quatro membros. Os membros anteriores que por natureza carregam a maior parte do peso devem ser aliviados e os posteriores, que em primeira linha são responsáveis pelo movimento para frente, engajados e mais exigidos.
Na reunião os posteriores com maior engajamento e flexionamento dos curvilhões vêm de encontro ao centro de gravidade, aliviando os anteriores que por sua vez ganham leveza e liberdade de ação. O cavaleiro e quem vê o conjunto tem a sensação de que o cavalo se movimenta para cima / sentido ascendente. Na reunião a amplitude da andaduras diminui sem prejuízo do trabalho e atividade.
Lembrete: O cavalo por natureza carrega a maior parte de seu peso sobre os anteriores. Essa distribuição do peso acrescida ao do cavaleiro que se posiciona logo atrás das espáduas é ainda mais desfavorável e a busca em colocar o peso sob os posteriores é extremamente importante para a saúde do cavalo e qualidade de suas andaduras. Reunião na medida certa é invariavelmente vantajosa para os cavalos de todas as modalidades.
Sem dúvida é possível desenvolver a força de sustentação dos posteriores, com desenvolvimento da musculatura. O favorecimento da sustentação dos anteriores é muito limitado. Com boa sustentação de seu peso, o cavalo é, portanto, capaz de se movimentar de modo equilibrado e autossustentado.

CONEXÃO
Por conexão se entende a disponibilidade do cavalo ser capaz de aceitar as ajudas leves do cavaleiro como meias paradas e transições sem hesitação ou resistência. As indicações do assento, pernas e mãos do cavaleiro passando pela nuca, pescoço e dorso devem se refletir nos posteriores de modo descontraído sem causar qualquer tensão e bloqueio no corpo do cavalo.
Lembrete: A conexão se dá quando o cavalo, em ambas as mãos, reage de modo descontraído e submisso ao emprego das ajudas nas diversas andaduras, suas particularidades e movimentos.
Um cavalo que a qualquer momento pode ser reunido atingiu o mais alto grau de conexão (throughness).

Com as fontes: Federação Alemã – Formação base para o cavalo e cavaleiro (volume I), FEI Dressage Handbook, Regulamento de Adestramento CBH

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Hispismo e adestramento.

Um trabalho de adestramento bem feito tem como resultado cavalos submissos sem sofrimento. O animal passa a executar os comandos que lhe são solicitados, e o faz por vontade própria.

Figura 01 - Acessórios para o Cavaleiro.
O vinculo entre o o cavaleiro e o cavalo obtido inicialmente através da escovação do cavalo.
O cavalo deve ser escovado, preferencialmente, todos os dias, passando-se a escova na cauda, na crina e na cabeça, sempre na direção dos pelos. Além de aproximar ainda mais o homem do cavalo, é o que faz o pelo se manter sempre com brilho. Este manejo de higiene diária é usado em animais que vivem estabulados.

O casco deve ser limpo diariamente pois o acúmulo de cama, fezes e urina na sua sola, pode ocasionar problemas graves como a necrose de ranilha, por exemplo, que inutiliza o cavalo. 
Depois que o animal retornar do exercício, deixe-o descansar por 10 a 15 minutos e em seguida dê uma ducha. Essa ducha traz bastante conforto para o cavalo, pois o seu suor é rico em sais minerais que, quando acumulados na pele, causam irritação e assaduras. O banho completo, com o uso de produtos específicos como xampus e outros, só deve ser dado de preferência de 15 em 15 dias, ou só quando o animal estiver bem sujo. Se esses produtos forem usados com muita frequência, podem retirar o brilho da pelagem, diminuindo a oleosidade natural.

O cavalo
O cavalo é um corpo cilíndrico, que possui três movimentos tridimensionais: horizontal - de trás para frente, vertical - de baixo para cima e basculante - de um lado para outro, tem sentimento e expressa reações.
As três andaduras do cavalos são: Passo - andadura em quatro tempos, lateralizada e simétrica; Trote - andadura em dois tempos, diagonalizada e simétrica; Galope - andadura em três tempos, saltada e assimétrica.

Figura 02 - Cavalo ao passo.
Passo - É uma andadura a quatro tempos, simétrica , lateralizada, rolada ou marchada, pouco basculada, na qual os membros se elevam e pousam sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir 4 batidas distintas. Cada batida corresponde a um base tripedal. Ao partir ao passo, um dos membros anteriores se eleva em 1º lugar, sendo seguido pelo posterior da diagonal correspondente, pelo outro anterior e, finalmente pelo posterior restante. 
O passo é a andadura mais favorável ao estabelecimento da linguagem convencional entre o cavaleiro e o cavalo , em virtude das fracas reações que produz no assento do cavaleiro, permitindo assim uma intima ligação entre ambos e, portanto que as indicações do cavaleiro sejam absolutamente precisas. E bom lembrar que no passo o sistema nervoso do cavalo está pouco excitado e o sistema muscular fracamente tenso, o que coloca o cavalo em bom estado de receptividade.
Figura 03 - Cavalo ao trote.

Trote - É uma andadura em dois tempos, simétrica, diagonalizada, na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, separados por um tempo de suspensão entre o pousar de cada diagonal. 
O Trote é considerado a andadura essencial do adestramento pois seus movimentos são simétricos; os movimentos do pescoço são praticamente inexistentes; conserva atitude de conjunto quase constante, principalmente na disposição da coluna; mantém o cavaleiro informado, constantemente, sobre o grau de sustentação do seu cavalo; além de apresentar reações pouco variáveis e persistentes em suas manifestações , o que permite uma rápida intervenção do cavaleiro no sentido de restabelecer a sustentação da andadura.
Figura 04 - Cavalo ao galope.

Galope
- é uma andadura a três tempos, saltada, assimétrica e muito basculada, executado em diagonal a cada grupo de três batidas e separado do seguinte por um intervalo de tempo/ e projeção durante o qual o corpo fica “no ar”, sem base no solo.
Das andaduras do cavalo, a que mais sofre na sua forma no início do treinamento é o galope. O desequilíbrio causado pelo peso do cavaleiro, potencializado pelo fato do galope ser uma andadura assimétrica, faz com que se acentuem as diferenças entre os lados do cavalo. O galope é, então, a andadura onde é mais difícil de obter o endireitamento. 
Diferentemente do trabalho de transições, para o galope ou a partir do galope, que só deve ser enfrentada quando o cavalo já tiver um certo desenvolvimento nos trabalhos de passo ou trote, o aperfeiçoamento do galope deve ser trabalhado tão logo o cavalo esteja em condições de tomar esta andadura, nos dois pés, seja a partir do trote ou a partir do passo.

Aquecimento do cavalo
Para iniciar os trabalhos devemos realizar o aquecimento do cavalo com a guia. A descontração é a primeira meta a se alcançar. Par isso devemos realizar o passo, o trote e o galope onde o cavalo consegue achar a sua cadência e equilíbrio sem o peso do cavaleiro.
A colocação de pescoço e cabeça no princípio é natural e livre. Se houver rédeas auxiliares estas devem estar soltas e sem interferência.
No "passo", na fase de aquecimento com pelo menos 5 minutos, o cavalo se descontrai alongando o seu pescoço e as costas, sem tensões. A segunda andadura a ser pedida é o "trote", ainda na fase de aquecimento, a seguir um pouco de "galope".

Cavalo - Calmo, reto, impulsionado e submisso
Figura 05 - Cavaleiro em contato com o cavalo.
Ao montar qualquer cavalo, o cavaleiro deve procurar manter o cavalo em atitudes morais que iremos chamar de "CRIS": 
  • Calmo - o cavalo deve estar acostumado com o peso do cavaleiro, com o ambiente, tranquilo e equilibrado; 
  • Reto - o cavalo deve marchar com os posteriores alinhados aos anteriores nas três andaduras, a cabeça e o pescoço devem se mover em bloco; 
  • Impulsionado - a menor pressão de perna do cavaleiro deve avançar o cavalo para frente, lembrando que a pressão começa com a coxa, joelho e depois a panturrilha do cavaleiro; 
  • Submisso - o cavalo deve estar pronto a obedecer as ajudas do cavaleiro, sem nenhuma reação ou vontade própria, na submissão chegamos a parte principal do trabalho que nos dará parâmetros de sensibilidade e simetria nas andaduras do passo e trote e assimetria do galope. 
Cavalo - Contato, apoio, descontração e extensão
Para guiar o cavalo, o cavaleiro deve realizar o "CADE" para verificar a obediência e grau de sensibilidade do cavalo: 
  • Contato - Ligação das mãos do cavaleiro á boca do cavalo realizada através das rédeas, executada de maneira constante e flexível, com a rédea entre os dedos; 
  • Apoio - Resposta do cavalo ao contato, onde o cavalo pesa na mão do cavaleiro, mas não oferece resistência, com a abertura da rédea em formato de funil; 
  • Descontração do maxilar - onde o cavalo relaxa a boca e movimenta a língua deixando a rédea leve, com a vibração das rédeas e por ultimo; 
  • Extensão do pescoço - onde o cavalo estende sua coluna, provocando o correção da curvatura natural do cavalo, alongando o pescoço, com o contato alternado das rédeas.
Levando em consideração o movimento horizontal do cavalo, devemos canalizar toda energia provocada pelos posteriores e pelo deslocamento da massa para a boca do cavalo, a descontração do maxilar é conseguido com o apoio colocando as rédeas em "funil", afastando as mão até a altura do joelho, ao menor sinal de descontração do maxilar (D1) retornar as mãos, á distância do ombro.
Levando em consideração o movimento vertical do cavalo, após realizar o apoio, devemos tornar as rédeas leve através da "vibração" das mãos, massageando o maxilar, enquanto uma mão provoca a vibração a outra resiste, até que ocorra a descontração do maxilar (D2) .
Levando em consideração o movimento basculante do cavalo,  a descontração do maxilar (D3) ocorrerá após o cavalo realizar o flexionamento da garupa, através de execução de círculos pequenos (inferior á dez metros de diâmetro) na pista, utilizando a rédea direta de abertura para a execução de um circulo pequeno, colocando a perna de dentro na posição de 90 graus em relação a flanco  do cavalo.
Já a extensão do pescoço é conseguida provocando tensão nas rédeas alternadamente, resistindo hora de um lado, hora de outro, com isso a cavalo irá estender o pescoço, buscando o apoio ás rédeas longas chegando á tocar com o focinho no chão.

Ajudas naturais e artificiais
Figura 06 - Ajudas naturais na equitação.
As ajudas são como você controla e se comunica com um cavalo. As ajudas naturais fazem parte do cavaleiro e incluem o uso das mãos, do peso do corpo no assento, das pernas e da voz do cavaleiro. Ajudas artificiais são objetos feitos pelo homem que ajudam a reforçar seus auxílios naturais. 
As ajudas artificiais devem ser usadas muito suavemente no início e usadas com mais força se o cavalo não prestar atenção em você.
As ajudas naturais utilizadas para tornar o cavalo submisso são as pernas, mão, voz e peso do corpo, já as ajudas artificiais são ás rédeas, chicotes e esporas.
  1. Pernas: servem para impulsionar o cavalo. São o acelerador do animal; sua ação pode ser reforçada pelo emprego simultâneo da espora, chicote e/ou estalos de língua. 
  2. Mãos: servem para direcionar a impulsão gerada pelas pernas. A ação das mãos suaves, elásticas e discretas distingue um bom cavaleiro de um medíocre.
  3. Voz: Peça para o cavalo anda com a voz num tom natural de forma clara e suave, dê tempo ao cavalo para responder à ajuda. Diga novamente com a voz mais forte que a inicial se o cavalo não responder. Determine que ele obedeça através de uma ajuda artificial, com um chicote atrás da perna.
  4. Peso do corpo: Com o movimento do corpo, podemos facilitar a tomada pelo animal de determinados movimentos, mediante a sobrecarga ou alívio de nosso peso sobre a massa do cavalo.
  5. Ajudas artificiais: enredeamentos especiais: rédea fixa, rédea Chambon, rédea Thiedmann, rédea alemã e a rédea Colbert: chicotes e esporas, por exemplo, servem, quando bem utilizadas, para abreviar a duração de um trabalho específico para a obtenção de um determinado objetivo.
Exemplo de uso correto das ajudas: Quando você pedir uma transição de passo para trote, use as ajudas na seguinte ordem:
  1. Peça: Aperte ambas as pernas suavemente na circunferência da barriga do cavalo. 
  2. Aguarde: Espere alguns segundos para o cavalo responder.
  3. Diga: Use as duas pernas mais fortes na circunferência da barriga do cavalo se ele cavalo não começar a trotar. Espere alguns segundos para o cavalo responder.
  4. Determine: Use um auxílio artificial, como um espora ou um chicote atrás da perna se ele cavalo não começar a trotar.
Temos cinco efeitos de rédeas, sendo duas diretas e três contrárias: direta de aberturadireta de oposiçãocontrária de apoio (com as duas rédeas em uma única mão), contrária de oposição á frente do garrote e contrária de oposição atrás do garrote.
Figura 07 - Ajudas com rédeas direta
de oposição e contrária atrás do garrote.
Use as rédeas em um suave dar e receber. Suas mãos podem controlar o movimento para frente do cavalo, orientar a direção do trote e posicionar a cabeça e o pescoço do cavalo.
As rédeas contrárias controlam os movimentos laterais, incluindo flexão e giro. A mão do cavaleiro não cruza a linha da crina no centro do pescoço.
  1. Rédea direta de abertura - A mão de dentro se move para fora se distanciando do pescoço do cavalo, o que puxa o cavalo para perto dessa rédea fazendo a curva do lado da rédea. Esta é uma ajuda avançada que pode ser útil ao virar o cavalo. 
  2. Rédea direta de oposição - A mão de fora se move para dentro em direção à cernelha do cavalo e pressiona o pescoço do cavalo, o que empurra o cavalo para longe dessa rédea fazendo a curva do lado oposto a pressão da rédea. Esta é uma ajuda avançada que pode ser útil ao virar o cavalo. 
  3. Rédea contrária de apoio - Uma das mãos segura as rédeas e se move na direção da curva desejada. A rédea de fora pressiona o pescoço do cavalo, o que empurra o cavalo para longe dessa rédea. Isso é eficaz para o controle avançado da espádua do cavalo, especialmente em curvas fechadas.
  4. Rédea contrária na frente do garrote: Move o peso do cavalo de um ombro para o outro. Com uma rédea contrária esquerda na frente da cernelha, a mão esquerda do cavaleiro se move em direção ao quadril direito do cavaleiro.
  5. Rédea contrária atrás do garrote: Move o peso do cavalo de um ombro para a perna traseira oposta. Em uma rédea contrária esquerda atrás do garrote, a mão esquerda do cavaleiro se move em direção ao quadril direito do cavalo.
Figura 08 - Ajudas de perna que encurva e desvia.
As rédeas diretas, em virtude de colocarem a maior parte do peso do cavalo sobre as espáduas onde o cavalo descreve um arco de círculo com os posteriores maior que o arco descrito pelos anteriores retira velocidade do animal devem ser evitadas na condução de um cavalo de salto. Verificamos, então, que, por colocar a maior parte do peso do cavalo sobre as ancas, aliviando as espáduas, a rédea contrária à frente do garrote é a rédea do salto, pois mantém o cavalo em velocidade.

Temos três efeitos de pernas, sendo duas isoladas e uma simultânea: perna isolada que encurva, e perna isolada que desvia, e pernas simultâneas que impulsionam
  1. Perna isolada que encurva: Aplicado na cilha (parte de baixo da barriga) para evitar que o cavalo caia. Também pode ser usado para mover o cavalo lateralmente (lateralmente). Aplicado com uma perna de cada vez, muitas vezes usado no interior de uma curva para flexão do cavalo. A perna de apoio também pode ser usada para manter o cavalo em uma linha reta.
  2. Perna isolada que desvia: Ao exercer pressão da perna movimentando ela ligeiramente atrás da circunferência da barriga do cavalo é usado para movimentar a anca do cavalo em voltas e para movimentos laterais. Também pode ser usado para evitar que o cavalo entorte para um lado.
  3. Pernas simultâneas que impulsionam: Aplicado na circunferência da barriga do cavalo para estimular a impulsão, que é o movimento de um cavalo quando está avançando com força controlada. Ambas as pernas do cavaleiro podem ser aplicadas ao mesmo tempo para impulsionar o cavalo em uma transição do passo paro trote ou para alongar sua marcha .
Figura 09 - Ajudas de pernas, mãos
e peso do corpo para deslocar a espádua.
Efeitos do peso do corpo são realizados através do movimento do quadril, durante o passo as pernas devem se deslocar alternadamente do lado oposto á espádua do cavalo, este movimento deve ser acompanhado pelo quadril. No trote as pernas dever ser fixas e o movimento deve ser concentrado no quadril. No galope o corpo é elevado e peso do corpo é transferido para as pernas.

Movimentos na pista
Para mudar a direção do movimento do cavalo na pista podemos realizar a meia volta e invertida meia volta, para realizar este movimento devemos ter como referência a cerca da pista. Se o cavalo oferecer resistência ao movimento deve ser realizado a meia parada.

Alongamento e flexionamento
O alongamento do pescoço faz trabalhar, ao mesmo tempo, os músculos abaixadores do pescoço no bordo superior. O flexionamento ou encurvação do pescoço obriga ao alongamento de um dos abaixadores, sempre do lado externo em relação à mão em que se trabalha.
Figura 10 - Ajudas de pernas e mãos
para impulsionar e parar.
Pediremos ao nosso cavalo, inicialmente, a extensão do pescoço em estação, cavalo parado, por meio de tensões com a rédea direta, de baixo para cima. Quando o cavalo cede o maxilar a alonga o pescoço na situação acima, partimos para a solicitação em movimento.
Fazendo as descontrações e extensão, o cavalo terá elasticidade e flexibilidade da extremidade anterior, terá realizado alongamento no dorso e rim, aumentará o engajamento dos posteriores, elevará a base do pescoço, terá liberdade das espáduas, amplitude e cadenciamento das andaduras. estando preparado para o “ Ramener ”- posição vertical do chanfro do cavalo, acompanhada de elevação máxima do pescoço. 

Cavalo no "Ramener"

Um cavalo com a cabeça colocada é mais agradável e muito mais fácil de ser conduzido nas provas de salto, já que nas provas de adestramento não se admite a hipótese de um cavalo não estar com sua cabeça colocada no ramener.
Figura 11 - Cavalo em "ramener"
Quanto mais alta estiver a cabeça do cavalo, mais difícil será sua condução. Um cavalo colocado tem o bordo superior do pescoço nitidamente musculado, ao passo que um cavalo invertido tem o bordo inferior do pescoço musculado, formando, às vezes, um verdadeiro caroço no terço médio do mesmo.
Para que nosso cavalo tenha a cabeça colocada no "ramener", a ginástica de extensão de pescoço, bem como sua flexão (à direita ou esquerda), serão pontos de passagem obrigatória de nosso trabalho. 

Cavalo no "Rassembler"

Em adestramento o cavalo deve trabalhar em bases curtas, isto é numa atitude muito mais avaliado que nas outras modalidades, o que não quer dizer que não se deva saber transitar para os andamentos largos.
É por esta razão que além dos posteriores estarem sob a massa com a consequente elevação da frente e dos movimentos, deve haver ainda, para se chegar ao adestramento, mobilidade, flexibilidade dos músculos e articulações e ligeireza.
O “ Rassembler ” diz respeito ao grau de entrada dos posteriores para debaixo da massa, mais do que a sua posição de aprumado. 
Figura 12 - Cavalo em "rassembler"
Cavalos adestrados tendem a ter um passo mais leve e elegante em comparação com equinos que não receberam esse treinamento. O galope do animal treinado é leve e equilibrado. Após o treinamento, os cavalos nunca ficam inativos e conservam a boa postura para uma série de atividades. 
Uma das características mais marcantes do trabalho de adestramento é deixar o cavalo “na mão”. Um cavalo que está “na mão” é um animal que apresenta pescoço levemente elevado, aceita a embocadura sem resistência, se mostra macio e submisso. O equino mantém a sua cabeça em atitude fixa com seu chanfro ligeiramente à frente da vertical. Um cavalo que alcança esse patamar de adestramento não oferece nenhuma resistência ao cavaleiro.
O adestramento trabalha no desenvolvimento da elegância dos animais, o uso de acessórios ganha outro significado com esse preparo. Equinos adestrados têm uma cadência única para caminhar e se apresentar com muito refinamento. A submissão ao cavaleiro faz com que esses animais assimilem mais facilmente o que precisam fazer em cada situação. 

O Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo está disponível em: 22_01_01 Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/07/2023