segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Andaduras naturais do cavalo

O cavalo possui três andaduras naturais que são o passo, o trote e o galope, cada uma delas pode ser subdividida em vários tipos, conforme a ação e a intenção do cavaleiro ao trabalhar o cavalo existem quatro tipos de passo, três tipos de trote e três de galope. Outros tipos de andaduras e movimentos são ensinados pelo homem e por isso não são considerados naturais. 

Fig. 01 – Cavalo ao passo.
Passo - é a andadura mais lenta, executada em quatro tempos, marcado pela progressão de cada par lateral de pés, sem suspensão. Isso quer dizer que as quatro patas do cavalo tocam o solo uma de cada vez, e sempre existe um casco tocando o solo. Se você parar para escutar, vai ouvir quatro batidas separadas no chão. Quando o deslocamento começa com a perna posterior esquerda, a sequência é: posterior esquerda, dianteira esquerda, posterior direita e anterior direita. 
Em resumo o passo é uma andadura simétrica, rolada ou marchada, pouco basculada, a 4 tempos, na qual os membros se elevam e pousam sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir 4 batidas distintas, cada batida corresponde a uma base tripedal. Um passo completo compreende 2 bases diagonais, 2 bases laterais e 4 bases tripedais conforme mostrado na figura 01.
  • Passo de trabalho: Ideal para iniciar o trabalho do animal. O cavalo alonga o pescoço e, se traçarmos uma linha reta horizontal, as narinas ficam na mesma altura das ancas. As marcas dos posteriores no chão ultrapassam um pouco a marca dos anteriores. Nesse passo, os cavalos fazem 100 m/min ou 6 km/h, com o menor dispêndio de energia.
  • Passo alongado - O cavalo amplia ao máximo suas passadas, alonga e abaixa um pouco seu pescoço, ficando com as narinas abaixo da linha horizontal das ancas. Os posteriores ultrapassam bem a marca dos anteriores.
  • Passo reunido - O cavalo engaja os posteriores, levanta e arredonda o pescoço, ficando com as narinas acima da linha das ancas. O passo tem mais cadência, cobrindo menos terreno, com velocidade inferior à do passo de trabalho, pois os posteriores não atingem a marca dos anteriores. É o passo no qual o cavalo fica mais na mão do cavaleiro.
  • Passo livre - É o passo de repouso realizado com rédeas soltas, pois assim o cavalo alonga e abaixa o pescoço à vontade, facilitando o seu movimento. É o passo ideal para finalizar o trabalho, propiciando um relaxamento físico e mental para os animais.

Fig. 02 – Cavalo ao trote.
Trote - é uma andadura simétrica, a dois tempos, em que um par diagonal de pernas toca o solo e, depois de um momento de suspensão, o cavalo salta apoiado no outro par diagonal. Por exemplo: no primeiro tempo, o membro anterior (mão) esquerdo e o membro posterior (pé) direito pousam no solo juntos. No segundo tempo, a mão direita e o pé esquerdo pisam juntos. Ao escutar, você ouvirá apenas o som de duas batidas no chão.
O trote é uma andadura simétrica , fixada, a 2 tempos, na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, separados por um tempo de suspensão entre o pousar de cada diagonal conforme mostrado na figura 02.
  • Trote de trabalho - É a andadura que se utiliza na maior parte do trabalho do animal. O cavalo alonga o pescoço, mantendo suave contato com a mão do cavaleiro. Seu chanfro deve se manter inclinado para frente, adiante da vertical, e as narinas na mesma altura das ancas. As passadas são de comprimento, altura e tempo de suspensão médios, uniformes e equilibradas, com o cavalo movimentando-se para frente energicamente, atingindo aproximadamente 200 m/min ou 12 km/h.
  • Trote alongado - É o trote no qual o cavalo alonga ao máximo as passadas e o tempo de suspensão, mas mantendo o ritmo, equilíbrio e a elasticidade. O cavalo alonga o pescoço sendo a nuca o ponto mais alto, o chanfro inclinado para frente e as narinas abaixo da horizontal das ancas. Só deve ser feito em curtas distâncias, pois o cavalo pode perder o engajamento e inclinar seu corpo para a frente, pesando nas mãos do cavaleiro.
  • Trote reunido - É uma andadura para uma equitação mais avançada, que requer um assento profundo do cavaleiro de trás para frente e forte ação das pernas, mantendo as rédeas mais tensas. O cavalo engaja os posteriores, o pescoço se eleva e arredonda e a fronte fica sempre inclinada para frente, com as narinas acima da horizontal das ancas. As passadas são executadas com grande impulsão e elasticidade sendo, porém, mais curtas e mais altas que no trote de trabalho e executadas com grande leveza na embocadura. O chanfro do cavalo não deve nunca ficar para trás da vertical, pois ultrapassando esse limite, por pouco que seja, o cavalo estará encapotado, o que é muito prejudicial para seu dorso e lombo.
Fig. 03 – Cavalo ao galope.
Galope - é uma andadura a três tempos, então você ouvirá três batidas de casco no chão. Existe um momento de suspensão, quando as quatro patas ficam fora do solo antes do próximo lance. 
Cada uma das andaduras pode sofrer a intervenção do cavaleiro ampliando ou reunindo (diminuindo) as passadas de acordo com o trabalho que deseja realizar. O galope é uma andadura assimétrica , saltada, muito basculada e a 3 tempos.
  • Galope de trabalho - É o galope de velocidade média, usado para iniciar o trabalho. O cavalo se movimenta livremente, com o corpo na horizontal, o chanfro inclinado para frente da vertical, as narinas aproximadamente na altura das ancas. A velocidade média do galope de trabalho é de 250 m/min ou 15 km/h.
  • Galope alongado - Para se obter esse galope o cavaleiro ativa a impulsão do animal com forte pressão das pernas. O pescoço alonga-se sem abaixar-se muito, mantendo o chanfro inclinado para frente com as narinas um pouco abaixo da linha horizontal das ancas. O cavalo atinge o máximo de amplitude e suspensão em suas passadas. O cavaleiro deve manter contato suave com a embocadura e inclinar mais o corpo na posição esportiva quanto maior for a velocidade, mantendo o equilíbrio do conjunto. A velocidade média é de 300 m/mim ou 18 km/h.
  • Galope reunido - Essa andadura só deve ser feita com cavalos de alto grau de adestramento, bem musculados e flexibilizados pois, caso contrário, podem ficar muito pesados na mão, tensos e nervosos. Para obter o galope reunido, o cavaleiro ativa a impulsão com o peso do assento e maior pressão das pernas. Ao mesmo tempo, com flexão dos cotovelos e abrindo e fechando os dedos, o cavaleiro tensiona as rédeas. O pescoço do cavalo se eleva com a nuca no ponto mais alto e o chanfro inclinado para frente com as narinas acima da horizontal das ancas. As passadas são mais curtas e enérgicas com velocidade media de 200 m/min ou 12 km/h.
O Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo está disponível em: 22_01_01 Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo.

Fonte: Manual da Equitação de Ênio Monte.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

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