A utilização do cavalo na equoterapia proporciona ao praticante uma série de vantagens, tais como:
- o movimento tridimensional fornece imagens cerebrais sequenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar;
- o movimento rítmico balançante estimula o metabolismo, a regulação do tônus e o funcionamento dos sistemas cardiovasculares e respiratórios melhoram;
- o movimento de mudança constante estimula o sistema vestibular e solicita uma adaptação constante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação;
- a imponência e altura do cavalo podem desenvolver a coragem, autoconfiança, concentração, sentimentos de independência, entre outros;
- a docilidade e o contato com o animal pode acarretar no desenvolvimento da tranquilidade, da capacidade social e da comunicação.
A mecânica do movimento natural do cavalo faz com que ele se desloque seus quatro membros sempre na mesma sequência, ou seja, inicia o seu deslocamento pelo anterior direito (AD), em seguida o membro posterior esquerdo (PE), depois o anterior esquerdo (AE), e logo após o posterior direito (PD), assim, chega, novamente, ao anterior direito, iniciando um novo passo em seu deslocamento.
As fases da movimentação ocorrem em três eixos: Eixo Y – Movimento laterolateral (Plano Horizontal – Eixo Transversal), Eixo X – Movimento anteroposterior (Plano Horizontal – Eixo Longitudinal) e Eixo Z – Movimento Longitudinal (Plano Vertical).
Movimento no Plano Horizontal:
Eixo Transversal (Movimento Laterolateral): Nesta movimentação a anca do animal é projetada para frente, promovendo uma flexão lateral da coluna do animal. O cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores), solidária com a coluna. Isso provoca uma inflexão da coluna, tornando-a um arco em torno do posterior que está para frente e desloca o ventre do cavalo para o lado oposto. Assim, conforme as mudanças de passos, como por exemplo, o cavalo coloca o membro posterior direito (PD) à frente, ocorrerá um deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo (ANDE, 2000).
Este movimento é produzido pelas ondulações horizontais da coluna vertebral do cavalo, que se estende desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda. O grau de flexibilidade do cavalo tem influência direta sobre sua andadura. Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos, e mais suave será a sua andadura e quanto maior for a amplitude do movimento maior será o passo do cavalo e em consequência, maior será o deslocamento lateral do ventre (ANDE, 2000).
Eixo Longitudinal (Movimento anteroposterior): Iniciando o movimento pela distensão do posterior direito, o cavalo provoca desequilíbrio, deslocando seu corpo para frente e para a esquerda. Para retomar seu equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança o anterior esquerdo para escorar a massa que se desloca.
E quando toca o solo com o anterior esquerdo, freia o movimento para frente, provocando um desequilíbrio também para frente no praticante. Nesse momento o cavalo levanta a cabeça e com este movimento detém o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o avançar do posterior direito. Na sequência, o posterior esquerdo distende-se e empurra o cavalo para frente e para a direita. O movimento se sucede quando o anterior direito toca o solo, nova freada, novo desequilíbrio, e com o avançar do posterior direito, nova retomada do equilíbrio e consequentemente deslocamento para a trás (ANDE, 2000).
Movimento no Plano Vertical: Neste movimento percebe-se a ocorrência da elevação e rebaixamento do corpo do cavalo. Com a movimentação do animal, quando este abaixa o pescoço, a coluna vertebral será elevada, e quando o pescoço é elevado à coluna vertebral é rebaixada. Dessa forma, a movimentação longitudinal deverá ser acompanhada pelo praticante.
Assim, enquanto um membro posterior está se estendendo para impulsionar o animal para frente, o outro está se deslocando para frente a fim de sustentá-lo. Esse deslocamento se produz durante o movimento de cada um dos posteriores. Quanto mais para baixo do corpo o cavalo coloca o seu membro posterior, maior é o abaixamento da garupa, aumentando e acentuando o movimento vertical (comparação a uma roda denteada) (ANDE, 2000).
O cavalo, como instrumento terapêutico, proporciona movimentos tridimensionais, variáveis, repetitivos, com ritmo e cadência, nos quais se pode graduar a intensidade e a quantidade de informações sensoriais à pessoa com deficiência.
Como resposta terapêutica, os resultados são benéficos, sobretudo nas crianças e jovens com paralisia cerebral e autistas, pois apresentam aumento da tolerância (menos irritabilidade), melhoria da percepção corporal, melhoria da atenção, maior proximidade e contato com o animal (condução e cuidados) como também aceitação ao contato físico e visual e diminuição dos movimentos estereotipados, transformando-os em movimentos funcionais. A fala pode se apresentar mais contextualizada e com maior facilidade na expressão de seus desejos.
Pode-se dizer que essa metodologia data de 500 a.C., instituída por Hipócrates, quando já aconselhava a prática equestre para regenerar a saúde, preservar o corpo humano de muitas doenças e no tratamento de insônia e mencionava que a prática equestre, ao ar livre, fazia com que os cavaleiros melhorassem seu tônus. Por isso, adotou-se o sufixo TERAPIA que vem também do grego THERAPÉIA, parte da medicina que trata da aplicação de conhecimento técnico-científico no campo da recuperação da saúde; o prefixo EQUO vem do latim EQUUS (equino).
O CFM - Conselho Federal de Medicina reconheceu, em 1997, a Equitação Terapêutica como prática terapêutica.
© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário