domingo, 23 de novembro de 2025

O carro de boi - Professor Ramalho

Sei não... quando se ia devagarinho, no passo dos bois, a gente tinha mais tempo pra pensar nas coisas da vida...

O carro: Tem carro de boi, e tem carreta. Carreta, ou carroção, tem roda raiada e é muda, não canta. Carro de boi tem roda inteira, e canta para se ouvir de léguas, seja gaita, pombo ou baixão. É coisa de sertanejo, é uma saudade doída de um tempo onde se ia devagar, mas havia mais tempo para ver e entender as coisas. Saber de carro de boi, é mexer com magia, é entender a alma da madeira e do ferro, da terra e do fogo, da água e do ar...
O carro de boi foi nosso principal meio de transporte no período colonial, no império e até na era republicana. Mas, vamos só falar da coisa em si, do que o Professor Ramalho reuniu ao longo dos anos, trocando prosa com carapinas, candieiros, carreiros, fazendeiros lá das bandas de Taquaritinga, Jaboticabal, Guariba, Monte Alto, Santa Adélia, e arredores. Juntou a ciência da feitura, "causos", muita coisa boa de se conhecer.

A construção: 
Visto de frente, de lado, de cima e de baixo, o bicho é veículo simples, de duas rodas. Todo feito de madeira, menos os aros das rodas, a chaveta e o argolão, que são de ferro, leva as cargas na mesa, que remonta no par de rodas e tem um varejão reforçado onde se atam os bois, chamado cabeçalho.
A mesa é feita de duas chedas que saem uma de cada lado, ligadas no cabeçalho e que apoiam o assoalho. As chedas e as arreias que as unem são feitas de cabreúva, madeira que nem se sabe se existe mais. O assoalho é de canelão, ou outra madeira nem muito dura, nem muito mole. Na parte de trás, fica o rebaixo (recavém). 
As rodas são de cabreúva, a parte do centro é chamada meião e lateralmente se limita com as duas cambotas. O meião, perto das cambotas, tem sempre dois buracos, o bocão, ou oca, que é para o som criar força e ecoar. O aro da roda é de ferro, e para ser calçado, é forjado na bigorna, a malho, redondo perfeito, podendo ser fechado fraguado ou com rebite - esse não resiste muito, não. Para abraçar a roda, é esquentado quase ao vermelho numa fogueira de roda, para expandir. O ferreiro e os ajudantes o ajeitam em cima da roda, no chão, acertam rápido com golpes de malho para não ficar torcido e, estando centrado, o esfriam com água. O ferro se contrai de a madeira estalar... Nunca ninguém mais tira. Os cravos de meio palmo eram só pelas dúvidas.
O eixo também é da desaparecida cabreúva, oitavado e com morgueiras do lado de dentro e de fora, para o chumaço não escapulir do cocão e apoiar a roda, que é segura por uma ou duas chavetas. São dois de cada lado, e é por donde gira o eixo. O chumaço deve, de preferência, ser feito de canelão, pra o carro realmente cantar. Madeira dura canta fino, de gaita, canelão canta de pombo ou canta baixo. Capixingui, baraúna e caviúna fazem carro cantar até sem carga, mas pedem óleo de copaíba. Canelão canta com óleo de mamona. Esse fica num chifre chamado azeiteira, amarrado com correia num fueiro, e uma vara com trapo na ponta é usada para por óleo no chumaço. Tem vez que o eixo, no atrito com o chumaço, chega a fumacear e levantar labareda. Aí o carreiro pega os cachos de mamona verde e limpa a cantadeira, que é a área do chumaço ajustada no eixo.
Na traseira do carro, há o argolão de ferro, que serve para engatar os bois para puxar o carro para trás, quando encalha, e para encangar os bois de retranca, quando a descida é muito forte. Nela se amarra a tiradeira, ou cambão, quando se tem que "depenar uma coruja", que é como o povo chama tirar o carro do atoleiro. O cambão é um varejão forte e reto feito de cabreúva, assapuva, guatambu ou peroba. Tem na parte da frente uma chaveta e, na de trás, o rabo, de couro cru, que se engata na chaveta da junta de bois anterior. Quanto mais bois na canga, mais cambões são usados. Também se usa rabo de corrente e gancho de ferro, mas o certo é o couro cru.
A mesa, sem os fueiros, de pouco serve. Fueiro é haste reta e forte, de carrapateiro, guaritá, assapuva ou peroba, que se encaixa nos furos dos lados do assoalho, em geral cinco de cada lado, dois na frente e dois no cadião. Seguram a carga e escoram a esteira, um trançado de taquara de mais ou menos um metro de altura, que fica em pé e tem abertura no fundo do carro. Fecha com atilhos de couro. Para proteger a carga, usa-se couro curtido inteiro de boi . Quatro deles cobrem um carro.
Das tralhas miúdas, temos o ajoujo, que serve para amarrar os chifres de um boi ao outro, formando a junta. Também serve para aquietar menino danado... É feito de couro cru, tem mais ou menos duas braças de comprido. Os tamoeiros também são de couro cru torcido e volteiam as cangas, servindo para travar a frente dos cambões ou tiradeiras pelas chavetas. Temos também a brocha, que serve para amarrar os canzis por baixo do pescoço, para segurar o boi e evitar que a canga solte do cangote. Mede mais ou menos um palmo e é feita de couro cru torcido.
Há a escora, de madeira, que vai um palmo acima da canga e dois palmos e meio abaixo, servindo para apoiar o carro, quando parado, aliviando o peso nos bois de coice, ou para manter o cabeçalho na horizontal, quando desatrelado. Cabeçalho no chão dá azar.
Finalmente, existe a vara de ferrão, de carrapateiro e até de peroba, na frente leva ponteiro de ferro que, antes da ponta, tem furo com duas ou três argolas de ferro, que chacoalham e, assim, o boi já sabe que lá vem cutucão e desamua, ou arranca mais. Carreiro bom não espeta boi de tirar sangue. Só ponteia, depois o bicho se mexe só pelo barulho das argolas. Quando tem muitas juntas, costuma-se amarrar na ponta do ferrão uma tira comprida de couro, para alcançar e deixar os bois lá da frente mais espertos.

O Canto do Carro de Boi - 
Quem ouviu, ouviu. Quem não ouviu, não ouve mais. Parece que onde chegam as técnicas e tecnologias de fazer tudo mais depressa, como se o mundo fosse acabar ontem, a poesia acaba desmantelada. Porque o carro de boi não canta por boniteza, somente. Canta por precisão. A vida do carro está na cantiga. Carro de boi, de pau, que não canta, não é carro. É tranqueira com rodas, coisa morta, desservida de encantamento. Porque se há muita carga e o carro canta de gaita, a gente mata os bois. Eles ficam destrambelhados, se estouram no esforço. Mas se o carro canta de baixão, vão lá naquele passo deles, na mesmice de boi deles, em paz com Deus e com o mundo. E se é trabalho corriqueiro, normal, então é bom o carro cantar de pombo, nem para cima, nem para baixo. Pois, estes são os três tons de cantar dos carros: pombo, que é médio, macio. Gaita, fino e alto. E baixão, que é grosso e grave.
Carro cantador não vareia, não descontinua nem destoa nem mesmo nas bacadas mais brutas, ou manobras de vai-e-vem. Léguas longe, quem sabe e conhece percebe a alma do carro chegando muito antes que se possa pôr os olhos nele. Porque o canto do carro é isso: é sua alma, é a alma do carreiro, é o jeito que Deus deu para enfeitar a existência dos bois e dos carreiros pelos caminhos do sertão e da vida.

O Boi - 
No geral, os carros atrelam oito bois, mas podem ser dois, quatro, se há muito peso, dez, doze, até uns dezesseis. Mais, é desperdício, pouco carro prá muito boi.
Boi de cabeçalho, ou de coice, é boi de força, de servidão garantida, arrasto firme. É boi de confiança, os primeiros depois do carro. Já os do pé da guia podem ser menores, mas sabidos, e os da chave e contra-chave podem ser meio bravos, pois atrelados no meio, entre os outros, não causam problemas. Idade boa para amansar boi é pelos três anos e meio. Alguns trabalham até 25 anos, mesmo 30. Para quem não sabe, que fique sabendo: boi é capão, não serve para tirar cria. Touro é outra história. Chamar um de boi, pode trazer confusão. Mas houve esperto que acabou pondo vaca a puxar carro... Um trem desse ninguém leva a sério.
Quando os bois não têm muito trabalho, carreiro bom atrela do mesmo jeito no carro: "Nóis ponhamo bastante boi, que é preles num ficá vadiano" Se boi fica gordo, não tem serventia, não resiste mais o esforço.
Nome de boi é sentimento. É presente para o bicho no dia que nasce. A gente olha, lá dentro acontece a inspiração e vem o nome: Fumaça, Melindroso, Coração, Dourado, Maneiro, Faceiro, Formoso, Espadilha, Sete de Ouro. Estrela, Malhado, Turuna, Namorado, Pitanga, Corumbá, Maravilha, Limoeiro. Montanha, Brioso, Barroso, Moreno, Mulato, Ponteiro, Caruaru, Cravinho, Cruzeiro. Teve até um que tinha olho puxado, virou Sakamoto, lá no Sitio Bom Destino, em Santa Rosa do Viterbo. Nome de boi é isso, é poesia, tá ali na qualidade, na cor, no jeitão, na prosopopéia do bicho.

Simpatias e Sabedorias - 
Sempre há as crendices, as coisas de fé, de imaginação, e tentativas de explicar algo que não tem resposta. São o domínio do Saci, do Coisa-ruim, assim por diante:
- "Ponhá o cabeçalho do carro no chão não presta. Atrasa o dono. Tem de ficar escorado pras coisas estarem no lugar".
- Desencalhe do carro é chamado de "depenar coruja". Vai ver, porque é ave ruim de despenar. O professor Ramalho conta que um carreiro lhe disse:
"- Compadre, depenei um corujão na subida do riacho do Tijuco"...
- Pra pegar boi brabo, arisco, a gente pega uma espiga de milho, passa debaixo d'um braço esquerdo, adepois do outro, e dá pr'o boi comer. Fica tão manso que até vem de encontro. Ou se a gente mistura açúcar no sal três vezes, o boi se acostuma, vê o carreiro e já vem até encontrar".
- "Pra carro de desafeto parar de cantar, a gente espera passar na beira d'um rio, cospe na terra da margem, pega ela e passa ela na cantadeira... claro, sem o dono ver.
- Pra deixar carreiro sorococando de raiva, na hora do pouso, sem o decente saber, a gente troca os chumaços do carro dele, botando um de caudéia, outro de cedro. Daí que o carro fica com duas vozes, desafinado, e o dono chifra o chão por causa do desentôo. Pr'a quem não sabe, caudéia e cedro são madeiras".
Pra desencalhar um carro do jeito mais antigo: a gente vira a parte da chavelha para trás da tiradeira da frente, enquanto vai dizendo "- Turumbamba na Gambemba" que uns diz que quer dizer "- Carne seca do Diabo", na língua dos pretos da Costa. Diz-que funciona!".
- Pra descangar boi jogador de canga, desses que na hora que a gente desabrocha ele, o danado arremessa a armação pr'a trás, que é coisa perigosa, o jeito é desabrochar o canzil do lado de fora, quando estiver perto do lugar de descangar. O boi é enganado, quando vir, já tirou-se a canga e ele nada fará".

Remédios para os Bois - José Mendes de Barros, da fazenda Diamantina, de Taquaritinga, foi carreiro mais de cinquenta anos, e ensinou as seguintes receitas:
  • Febre de Gado: carqueja e perobinha. Esta serve igual para curso branco.
  • Carrapatos: sal e cinza na pele do boi é santo remédio.
  • Dor de barriga: leite e azeite doce. Também é bom butica-inteira ou então joão de castro, perobinha ou abóbra de anta, um cipozinho que dá uma batata que cura cólica. Três pimentas do reino, dadas ao boi, também curam.
  • Micuim (inseto que péla o animal, deixando a pele toda ferida): lavar com sabão e creolina, ou limão com sal antes de virar ferida.
  • Limpar o sangue: sal amargo com farelo.
  • Ferimentos: banhar a parte machucada do boi com infusão de sorda, (planta rasteira, que se parece com a batata doce). Melão de São Caetano com azeite de mamona também é remédio certo. Salmoura também é bom.
  • Rins: carrapichinho rasteiro, como chá ou banhos.
  • Fetosa : chá de abrobera.
  • Figueira, grosseira ou caroços, tubérculos: rebatiza-se o boi com o nome de Figuera, corta-se a figueira e se queima, e o boi sara.
Quando boi está empachado, pega-se um punhado de terra na frente de um portão, põe-se num pano bem limpo, amarra direitinho. Daí, ferve o atado fazendo um chá que para o boi, e acaba com o empachamento. Se está doente do rim, a gente dá chá de chapéu de couro, erva-tostão ou jurubeba. Se o mal é do figado, dá chá de capeva e jurubeba. Rebentão é bom pra urina presa. Mistura de sal e cinzas é purga certa contra empachamento.

Cancioneiro - Difícil de encontrar versos, trovas, modinhas inéditas dos carreiros. Já com o advento do rádio, duplas caipiras e cantores levaram essa riqueza ao público. Mas há estrofe perdida, um restinho de verso aqui, outro ali, gostinho do que nunca foi escrito, só dito ou cantado.

Meu reino encantado (part. José Camillo) - Daniel

Eu nasci num recanto feliz
Bem distante da povoação
Foi ali que eu vivi muitos anos
Com papai, mamãe e os irmãos

Nossa casa era uma casa grande
Na encosta de um espigão
Um cercado pra apartar bezerro
E ao lado um grande mangueirão

No quintal tinha um forno de lenha
E um pomar onde as aves cantavam
Um coberto pra guardar o pilão
E as tralhas que papai usava

De manhã eu ia no paiol
Um espiga de milho eu pegava
Debulhava e jogava no chão
Num instante as galinhas juntavam

Nosso carro de boi conservado
Quatro juntas de bois de primeira
Quatro cangas, dezesseis canzis
Encostados no pé da figueira

Todo sábado eu ia na vila
Fazer compra para semana inteira
O papai ia gritando com os bois
Eu na frente ia abrindo as porteiras

Nosso sítio que era pequeno
Pelas grandes fazendas cercado
Precisamos vender a propriedade
Para um grande criador de gado

E partimos pra cidade grande
A saudade partiu ao meu lado
A lavoura virou colonião
E acabou-se meu reino encantado

Hoje ali só existem três coisas
Que o tempo ainda não deu fim
A tapera velha desabada
E a figueira acenando pra mim

E por último marcou saudade
De um tempo bom que já se foi
Esquecido em baixo da figueira
Nosso velho carro de boi

Os Causos - Os "causos": essas estórias que a gente ouve e nunca cansa de escutar. Como eram contados à noite, depois da matulagem, falam sempre de assombração, coisa de não se sabe onde, bicho que não é bicho, coisas de espantar o ouvinte. Ainda mais se é novato, não é de lá, pois muita coisa só acontece no sertão. Quem quiser que se compadeça, pois alma penada é o que não falta. A linguagem foi conservada conforme o contador do "causo", pois se quem conta um conto aumenta um ponto, não tem direito de reinventar.

A ONÇA DA FAZENDA FIGUEIRA - Narrado por Evaristo Ramalho, antigo carreiro e fazendeiro.
Na Estrada de Ferro Araraquarense, íamos uma vez da Fazenda São Domingos para a estação com cinco carros de boi carregados de café. Arranchamos perto da Fazenda Figueira. Não tinha muita mata, mas era um pé de serra, de baixada, plano e bem achegado. Fizemos a comida com os caldeirões pendurados nos argolões dos carros pois ameaçava chuva. E veio. Veio de afogar o mundo. Assim que foi embora, o pessoal reuniu-se para a comida.
Na hora do licor de jabuticaba, pertinho-pertinho ouvimos o esturro forte de uma onça... Largamos tudo, até a garrafa de licor e as canecas, subimos de avoada num dos carros, o Abel, o Amâncio, enfim, todo o povo. Outro esturro, e os bois rebentaram as peias e desandaram no mundo, tropelão desarvorado.
Bem na nossa frente, apareceu a pintada, de patonas tortas, calma e dona do seu passo. Veio vindo, comeu das comidas e, espanto: bebeu, com lambidas de quem entende do assunto, o licor de jaboticaba das canecas e o que caía da garrafa. A gente já estava pensando em jogar o preto Amâncio pr'ela, pois o povo diz que onça gosta de carne de africano e vem pelo faro. Mas o Amâncio puxou um garruchão 44, rosnando que se cristão chegasse cristão que matasse, e a gente mudou de idéia. Dissemos que atirasse nela, mas ele disse que a garrucha era só de matar gente. Foi que a onça, depois de comer e beber o de fartar, se ajeitou na trilha e lá se foi num passo meio tropeçado, andando meio de lado, miando meio enrolado... Coisa assim, só pode ser reinação do Perneta!

O CARRO ASSOMBRADO - Compilação de Horácio Ramalho.
A Fazenda São Domingos empregara, lá pelos idos de 1915, um trabalhador que já estivera nas guerras da Itália e ficara alterado das faculdades mentais.
Era chamado de Rafaelão por sua desmesurada altura. Arredio, falava sozinho, resmungando com voz gaga, entrecortada, grossa e cava. Ninguém queria graça com ele, receavam-no, apesar que quando tentavam o diálogo ou brincadeira, o homenzarrão mais se retraisse. Um dia, como sempre ninguém sabe por quê, Rafaelão pegou um revólver e ao ver passar o preto-velho de nome Maceió, gritou:
-Maceió! Se aprepara, peste! Vou te matar! E atirou mesmo, ferindo-o no braço. Maceió correu para a sede da fazenda procurando o patrão José Ramalho. Este mandou-o tratar e avisar a polícia. No mesmo dia, o sargento do destacamento veio em pessoa para prender o Rafaelão que desaparecera na invernada. Bulha que te bulha, o sargento o acurralou num resto de mata, lá em cima de um pé-de-pau. Deu-lhe voz de prisão. Veio um mundo de bala de volta. Tiro vai, tiro vem, Rafaelão acabou tombando, morto de fuzil Mauser, antes de bater no chão.

A Comida dos Carreiros - 
A matula que os carreiros levavam nas viagens tinha, quase sempre, virado de feijão, arroz, carne de porco, torresmo, jabá, quiabo, giló ou xuxu. Levavam num caldeirãozinho, no mais das vezes embrulhado num pano de algodão. Também faziam parte a rapadura, o café e o "mata-bicho", a cachaça.
Nos percursos longos, preparavam a comida na beira do caminho, de preferência perto de algum riacho. Para isso, levavam o tripé de madeira ou ferro, onde penduravam as vasilhas sobre o fogo para cozinhar os alimentos. Acontecia também cozinharem com o caldeirão preso num arame ao argolão debaixo da mesa do carro, principalmente quando chovia. Faziam também uma bebida que chamavam de "jucuba", que era o melaço ou a rapadura misturados com água. Era coisa antiga, usada nos últimos quartéis do século passado e começo do presente , que faz muito tempo que sumiu da zona rural.
Foi um deus-nos-acuda. José Ramalho mandou um carro de boi buscar o cadáver para levar à cidade. O carreiro foi, fez e voltou, chegando tarde da noite, meio assustado com a carga que transportara. Seu carro sempre fora un dos melhores cantadores da fazenda, de tom baixo, melodioso, contínuo, com o que os bois andavam cadenciados, no passo certo, sem desmandos ou estropelias Ouvia-se de léguas, sendo por todos admirado.
Pois bem: diziam os carreiros e passou-se de geração a geração, que depois dessa viagem funerária tudo mudara... E faziam o diabo para não ter de usar esse carro de boi. Sem motivo concreto, ele, que pelas estradas nunca deixara de encantar com o canto firme, continuado, grave e harmonioso, até em bacada bruta, passara a resmungar baixo, entrecortado, gago, um canto grosso resmungado, parecido com o monólogo desvairado do Rafaelão.

ARROZ DE CARRETEIRO
(Fornecida por Dona Terezinha Benavente)
Ingredientes:
250 g de arroz
350 g de carne seca
2 colheres de sopa de óleo, ou banha de torresmo, ou de toucinho defumado
1 cebola (melhor roxa) bem picada
2 dentes de alho socados
2 colheres de sopa de torresmo miúdo
pimenta vermelha, pimenta do reino e sal
uma folha de louro.
Modo de fazer:
Deixar a carne seca de molho em água fria umas 10 horas, ou "de véspera". Então retire a carne da água, escorra bem até ficar enxuta. Corte-a em pedacinhos, refogando-a a seguir em óleo bem quente (ou gordura de torresmo, ou do toucinho defumado). Junte com a cebola bem picada, o alho socado, a folha de louro, a pimenta vermelha e do reino a gosto. Adicione água aos poucos e deixe cozinhar até a carne ficar bem macia.
Escolha e lave o arroz. Quando a carne seca estiver cozida, acrescente o arroz já limpo e o torresmo miúdo, cubra tudo com água e deixe cozinhar em fogo moderado, até o arroz ficar no ponto. Prove para temperar o sal.
Se quiser, acrescente pimentão verde, tomate, pimenta malagueta. É prato para servir bem quente, e muito fácil de fazer. Imaginem que os carreiros o cozinhavam nas paradas, num caldeirão pendurado num tripé ou no argolão do carro de boi.

FEIJÃO TROPEIRO ESPECIAL
(Receita fornecida por Dona Avelina Tortorello)
Ingredientes:
2 pratos fundos de feijão bem cozido, sem amassar, temperado com salsa, cebolinha, cebola, pimentas, sal, azeitonas picadas, quatro tomates picadinhos sem semente. Refogar e deixar reservado.
À parte: fritar toucinho defumado, misturar 2 colheres de margarina e adicionar sal. Fazer uma farofa com 1/2 kg de farinha de mandioca torrada, bem solta.
À parte: cozinhar, na água, 3 lingüiças calabresas grandes. Cortar em rodelinhas. fazer um molhinho fraco de tomate, cebola, óleo, cheiro verde e misturar as rodelinhas de lingüiça.
Modo de preparar:
1 camada de farofa
1 camada de feijão temperado
1 camada de lingüiça calabresa com molho
Azeitonas e rodelas de ovos cozidos
Repetir até acabar. Terminar com azeitonas, lingüiça e rodelas de ovos. Servir
assim, não vai ao forno e nem ao fogo. Servir com arroz branco, lombo e salada de alface.

Desenho Técnico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Figuras: "Paisagens brasileiras" - Pintor Paulo Daleffi.
Base da publicação: “O Carro de Boi” - Monografia do prof. Horácio Ramalho.



domingo, 19 de outubro de 2025

Facismo - Sistema político totalitário de extrema-direita, nacionalista e autoritário

O fascismo é um sistema político estratégico, ideológico, totalitário, de extrema-direita, nacionalista e autoritário, que surgiu na Itália no século XX, sob a liderança de Benito Mussolini.
A nomenclatura era usada com muito orgulho, e ela se referia justamente à união das faces, faces são varinhas muito finas e que quebram muito fácil, mas se elas forem ficarem todas juntas, elas serão fortes. Então essa metáfora foi usada para o fascismo, em italiano "fatismo".

Quais são as características desse modelo: 
  • Defendem um estado totalitário e um partido único.
  • Baseiam na imagem de um líder que tenta demonstrar um forte apelo militar. 
  • Há um culto à violência e à força como solução dos problemas. 
  • Fabricam um inimigo, inventam uma ameaça inexistente e criam um passado mítico.
  • Criam o imenso medo de que algum tipo de regime que nunca ocorreu venha a ser implantado. 
  • Criam a ideia de ódio a inimigos que trariam a degradação de uma nação. 
  • Usam frases, como voltaremos a ser uma grande nação.
  • Usam da estratégia da grandiosidade, dizendo expressões como pátria, como Deus. 
Figura 01 - Mussolini cumprimenta uma multidão após um encontro com o ditador alemão Adolf Hitler em Munique, Alemanha, em setembro de 1937.

No fascismo, todas as faces são iguais, então há uma supressão da diversidade e da diferença, há um padrão, um modelo a ser exposto, e o diferente e a diferença devem ser rechaçados. 
Há um único modelo de família, um único modelo de religião, um único modelo de conduta e assim rejeita a pluralidade de ideias, de culturas, de modos de vida.
Existe um único modo de pensar a raça, gênero, costumes, uma obediência cega ao líder. Tudo o que ele faz é defendido, e questionar ou criticar pode ser tratado como uma fraqueza no meio dos iguais. 
Exalta a nação como algo puro e superior, a nação para os fascistas não é algo diverso, ela é o que os caracteriza como iguais, todos que não estão dentro da lógica não são patriotas, não amam o seu país, não devem merecer fazer parte dele e devem ser mandados para outros lugares. 
Há um anti-intelectualismo, um ataque à cultura, aos intelectuais, há uma exaltação da ignorância, falar na lata, falar na cara, repetir frases de efeitos, clichês, senso comum, transforma o debate sério em piada, ridicularizar a intelectualidade. A emoção dessa pátria tem que falar acima da razão, há uma troca de sentido dos símbolos e das palavras.

Figura 02 - Um cartaz de propaganda da Segunda Guerra Mundial representando a aliança entre a Itália e a Alemanha nazista. O slogan na parte inferior diz: “Due popoli una Guerra”, ou “dois povos, uma guerra, em português”.

Um conceito e uma palavra passam a ter um novo significado, porque uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade. 
E há um desprezo pelas instituições e pela democracia, há uma exaltação da destruição dos três poderes, uma exaltação da lógica da justiça com as próprias mãos, e aí, o próprio povo que defende a lógica não sabe que está defendendo um autoritarismo como sinônimo de liberdade, como se esse autoritarismo fosse uma vontade do povo.
Então, o fascismo nada mais é do que os reflexos justamente dos princípios da propaganda. Propaganda é esse discurso, um discurso tão poderoso que pode ser usado tanto para criar o brilho nos olhos em artistas ou no cinema, assim como historicamente tem sido usado para legitimar regimes de opressão. 


sexta-feira, 25 de julho de 2025

Hipismo e adestramento - Pista de hipismo cross country

 A pista de hipismo cross country é um percurso com obstáculos naturais e fixos, que simula um ambiente rural, onde cavalo e cavaleiro devem superar desafios como água, troncos, valas e barrancos. O percurso tem entre 4,4 e 6,4 km de extensão, com cerca de 24 a 36 obstáculos. É uma das modalidades do Concurso
Completo de Equitação (CCE) e visa testar a bravura, técnica e velocidade do conjunto. 
Características da pista:
  • Obstáculos naturais: Construídos para parecerem naturais, como troncos, mas podem incluir elementos incomuns para aumentar a dificuldade. 
  • Sinalização: Cada obstáculo é sinalizado com bandeiras vermelhas e brancas, indicando a direção e, por vezes, a dificuldade do obstáculo. 
  • Terreno variado: O percurso inclui diferentes tipos de terreno, como subidas, descidas, grama, cascalho e terra batida. 
  • Desafios: Água, árvores, troncos, barrancos, valas e outros obstáculos que exigem precisão e coragem do cavalo. 
A modalidade conhecida por ser realizada em terreno aberto ou acidentado, composto por obstáculos naturais, costuma ser realizada em pistas como do Helvetia com tambores, balizas e alguns elementos que remetem ao cross country original, como por exemplo, obstáculos formado por fardos de feno.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Hipismo e adestramento - Andaduras do cavalo

Um trabalho de adestramento bem feito tem como resultado cavalos submissos sem sofrimento. O animal passa a executar os comandos que lhe são solicitados, e o faz por vontade própria.

Figura 01 - Acessórios para o Cavaleiro.
O vinculo entre o o cavaleiro e o cavalo obtido inicialmente através da escovação do cavalo.
O cavalo deve ser escovado, preferencialmente, todos os dias, passando-se a escova na cauda, na crina e na cabeça, sempre na direção dos pelos. Além de aproximar ainda mais o homem do cavalo, é o que faz o pelo se manter sempre com brilho. Este manejo de higiene diária é usado em animais que vivem estabulados.

O casco deve ser limpo diariamente pois o acúmulo de cama, fezes e urina na sua sola, pode ocasionar problemas graves como a necrose de ranilha, por exemplo, que inutiliza o cavalo. 
Depois que o animal retornar do exercício, deixe-o descansar por 10 a 15 minutos e em seguida dê uma ducha. Essa ducha traz bastante conforto para o cavalo, pois o seu suor é rico em sais minerais que, quando acumulados na pele, causam irritação e assaduras. O banho completo, com o uso de produtos específicos como xampus e outros, só deve ser dado de preferência de 15 em 15 dias, ou só quando o animal estiver bem sujo. Se esses produtos forem usados com muita frequência, podem retirar o brilho da pelagem, diminuindo a oleosidade natural.

O cavalo
O cavalo é um corpo cilíndrico, que possui três movimentos tridimensionais: horizontal - de trás para frente, vertical - de baixo para cima e basculante - de um lado para outro, tem sentimento e expressa reações.
As três andaduras do cavalos são: Passo - andadura em quatro tempos, lateralizada e simétrica; Trote - andadura em dois tempos, diagonalizada e simétrica; Galope - andadura em três tempos, saltada e assimétrica.

Figura 02 - Cavalo ao passo.
Passo - É uma andadura a quatro tempos, simétrica , lateralizada, rolada ou marchada, pouco basculada, na qual os membros se elevam e pousam sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir 4 batidas distintas. Cada batida corresponde a um base tripedal. Ao partir ao passo, um dos membros anteriores se eleva em 1º lugar, sendo seguido pelo posterior da diagonal correspondente, pelo outro anterior e, finalmente pelo posterior restante. 
O passo é a andadura mais favorável ao estabelecimento da linguagem convencional entre o cavaleiro e o cavalo , em virtude das fracas reações que produz no assento do cavaleiro, permitindo assim uma intima ligação entre ambos e, portanto que as indicações do cavaleiro sejam absolutamente precisas. E bom lembrar que no passo o sistema nervoso do cavalo está pouco excitado e o sistema muscular fracamente tenso, o que coloca o cavalo em bom estado de receptividade.
Figura 03 - Cavalo ao trote.

Trote - É uma andadura em dois tempos, simétrica, diagonalizada, na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, separados por um tempo de suspensão entre o pousar de cada diagonal. 
O Trote é considerado a andadura essencial do adestramento pois seus movimentos são simétricos; os movimentos do pescoço são praticamente inexistentes; conserva atitude de conjunto quase constante, principalmente na disposição da coluna; mantém o cavaleiro informado, constantemente, sobre o grau de sustentação do seu cavalo; além de apresentar reações pouco variáveis e persistentes em suas manifestações , o que permite uma rápida intervenção do cavaleiro no sentido de restabelecer a sustentação da andadura.
Figura 04 - Cavalo ao galope.

Galope
- é uma andadura a três tempos, saltada, assimétrica e muito basculada, executado em diagonal a cada grupo de três batidas e separado do seguinte por um intervalo de tempo/ e projeção durante o qual o corpo fica “no ar”, sem base no solo.
Das andaduras do cavalo, a que mais sofre na sua forma no início do treinamento é o galope. O desequilíbrio causado pelo peso do cavaleiro, potencializado pelo fato do galope ser uma andadura assimétrica, faz com que se acentuem as diferenças entre os lados do cavalo. O galope é, então, a andadura onde é mais difícil de obter o endireitamento. 
Diferentemente do trabalho de transições, para o galope ou a partir do galope, que só deve ser enfrentada quando o cavalo já tiver um certo desenvolvimento nos trabalhos de passo ou trote, o aperfeiçoamento do galope deve ser trabalhado tão logo o cavalo esteja em condições de tomar esta andadura, nos dois pés, seja a partir do trote ou a partir do passo.

Aquecimento do cavalo
Para iniciar os trabalhos devemos realizar o aquecimento do cavalo com a guia. A descontração é a primeira meta a se alcançar. Par isso devemos realizar o passo, o trote e o galope onde o cavalo consegue achar a sua cadência e equilíbrio sem o peso do cavaleiro.
A colocação de pescoço e cabeça no princípio é natural e livre. Se houver rédeas auxiliares estas devem estar soltas e sem interferência.
No "passo", na fase de aquecimento com pelo menos 5 minutos, o cavalo se descontrai alongando o seu pescoço e as costas, sem tensões. A segunda andadura a ser pedida é o "trote", ainda na fase de aquecimento, a seguir um pouco de "galope".

Cavalo - Calmo, reto, impulsionado e submisso
Figura 05 - Cavaleiro em contato com o cavalo.
Ao montar qualquer cavalo, o cavaleiro deve procurar manter o cavalo em atitudes morais que iremos chamar de "CRIS": 
  • Calmo - o cavalo deve estar acostumado com o peso do cavaleiro, com o ambiente, tranquilo e equilibrado; 
  • Reto - o cavalo deve marchar com os posteriores alinhados aos anteriores nas três andaduras, a cabeça e o pescoço devem se mover em bloco; 
  • Impulsionado - a menor pressão de perna do cavaleiro deve avançar o cavalo para frente, lembrando que a pressão começa com a coxa, joelho e depois a panturrilha do cavaleiro; 
  • Submisso - o cavalo deve estar pronto a obedecer as ajudas do cavaleiro, sem nenhuma reação ou vontade própria, na submissão chegamos a parte principal do trabalho que nos dará parâmetros de sensibilidade e simetria nas andaduras do passo e trote e assimetria do galope. 
Cavalo - Contato, apoio, descontração e extensão
Para guiar o cavalo, o cavaleiro deve realizar o "CADE" para verificar a obediência e grau de sensibilidade do cavalo: 
  • Contato - Ligação das mãos do cavaleiro á boca do cavalo realizada através das rédeas, executada de maneira constante e flexível, com a rédea entre os dedos; 
  • Apoio - Resposta do cavalo ao contato, onde o cavalo pesa na mão do cavaleiro, mas não oferece resistência, com a abertura da rédea em formato de funil; 
  • Descontração do maxilar - onde o cavalo relaxa a boca e movimenta a língua deixando a rédea leve, com a vibração das rédeas e por ultimo; 
  • Extensão do pescoço - onde o cavalo estende sua coluna, provocando o correção da curvatura natural do cavalo, alongando o pescoço, com o contato alternado das rédeas.
Levando em consideração o movimento horizontal do cavalo, devemos canalizar toda energia provocada pelos posteriores e pelo deslocamento da massa para a boca do cavalo, a descontração do maxilar é conseguido com o apoio colocando as rédeas em "funil", afastando as mão até a altura do joelho, ao menor sinal de descontração do maxilar (D1) retornar as mãos, á distância do ombro.
Levando em consideração o movimento vertical do cavalo, após realizar o apoio, devemos tornar as rédeas leve através da "vibração" das mãos, massageando o maxilar, enquanto uma mão provoca a vibração a outra resiste, até que ocorra a descontração do maxilar (D2) .
Levando em consideração o movimento basculante do cavalo,  a descontração do maxilar (D3) ocorrerá após o cavalo realizar o flexionamento da garupa, através de execução de círculos pequenos (inferior á dez metros de diâmetro) na pista, utilizando a rédea direta de abertura para a execução de um circulo pequeno, colocando a perna de dentro na posição de 90 graus em relação a flanco  do cavalo.
Já a extensão do pescoço é conseguida provocando tensão nas rédeas alternadamente, resistindo hora de um lado, hora de outro, com isso a cavalo irá estender o pescoço, buscando o apoio ás rédeas longas chegando á tocar com o focinho no chão.

Ajudas naturais e artificiais
Figura 06 - Ajudas naturais na equitação.
As ajudas são como você controla e se comunica com um cavalo. As ajudas naturais fazem parte do cavaleiro e incluem o uso das mãos, do peso do corpo no assento, das pernas e da voz do cavaleiro. Ajudas artificiais são objetos feitos pelo homem que ajudam a reforçar seus auxílios naturais. 
As ajudas artificiais devem ser usadas muito suavemente no início e usadas com mais força se o cavalo não prestar atenção em você.
As ajudas naturais utilizadas para tornar o cavalo submisso são as pernas, mão, voz e peso do corpo, já as ajudas artificiais são ás rédeas, chicotes e esporas.
  1. Pernas: servem para impulsionar o cavalo. São o acelerador do animal; sua ação pode ser reforçada pelo emprego simultâneo da espora, chicote e/ou estalos de língua. 
  2. Mãos: servem para direcionar a impulsão gerada pelas pernas. A ação das mãos suaves, elásticas e discretas distingue um bom cavaleiro de um medíocre.
  3. Voz: Peça para o cavalo anda com a voz num tom natural de forma clara e suave, dê tempo ao cavalo para responder à ajuda. Diga novamente com a voz mais forte que a inicial se o cavalo não responder. Determine que ele obedeça através de uma ajuda artificial, com um chicote atrás da perna.
  4. Peso do corpo: Com o movimento do corpo, podemos facilitar a tomada pelo animal de determinados movimentos, mediante a sobrecarga ou alívio de nosso peso sobre a massa do cavalo.
  5. Ajudas artificiais: enredeamentos especiais: rédea fixa, rédea Chambon, rédea Thiedmann, rédea alemã e a rédea Colbert: chicotes e esporas, por exemplo, servem, quando bem utilizadas, para abreviar a duração de um trabalho específico para a obtenção de um determinado objetivo.
Exemplo de uso correto das ajudas: Quando você pedir uma transição de passo para trote, use as ajudas na seguinte ordem:
  1. Peça: Aperte ambas as pernas suavemente na circunferência da barriga do cavalo. 
  2. Aguarde: Espere alguns segundos para o cavalo responder.
  3. Diga: Use as duas pernas mais fortes na circunferência da barriga do cavalo se ele cavalo não começar a trotar. Espere alguns segundos para o cavalo responder.
  4. Determine: Use um auxílio artificial, como um espora ou um chicote atrás da perna se ele cavalo não começar a trotar.
Temos cinco efeitos de rédeas, sendo duas diretas e três contrárias: direta de aberturadireta de oposiçãocontrária de apoio (com as duas rédeas em uma única mão), contrária de oposição á frente do garrote e contrária de oposição atrás do garrote.
Figura 07 - Ajudas com rédeas direta
de oposição e contrária atrás do garrote.
Use as rédeas em um suave dar e receber. Suas mãos podem controlar o movimento para frente do cavalo, orientar a direção do trote e posicionar a cabeça e o pescoço do cavalo.
As rédeas contrárias controlam os movimentos laterais, incluindo flexão e giro. A mão do cavaleiro não cruza a linha da crina no centro do pescoço.
  1. Rédea direta de abertura - A mão de dentro se move para fora se distanciando do pescoço do cavalo, o que puxa o cavalo para perto dessa rédea fazendo a curva do lado da rédea. Esta é uma ajuda avançada que pode ser útil ao virar o cavalo. 
  2. Rédea direta de oposição - A mão de fora se move para dentro em direção à cernelha do cavalo e pressiona o pescoço do cavalo, o que empurra o cavalo para longe dessa rédea fazendo a curva do lado oposto a pressão da rédea. Esta é uma ajuda avançada que pode ser útil ao virar o cavalo. 
  3. Rédea contrária de apoio - Uma das mãos segura as rédeas e se move na direção da curva desejada. A rédea de fora pressiona o pescoço do cavalo, o que empurra o cavalo para longe dessa rédea. Isso é eficaz para o controle avançado da espádua do cavalo, especialmente em curvas fechadas.
  4. Rédea contrária na frente do garrote: Move o peso do cavalo de um ombro para o outro. Com uma rédea contrária esquerda na frente da cernelha, a mão esquerda do cavaleiro se move em direção ao quadril direito do cavaleiro.
  5. Rédea contrária atrás do garrote: Move o peso do cavalo de um ombro para a perna traseira oposta. Em uma rédea contrária esquerda atrás do garrote, a mão esquerda do cavaleiro se move em direção ao quadril direito do cavalo.
Figura 08 - Ajudas de perna que encurva e desvia.
As rédeas diretas, em virtude de colocarem a maior parte do peso do cavalo sobre as espáduas onde o cavalo descreve um arco de círculo com os posteriores maior que o arco descrito pelos anteriores retira velocidade do animal devem ser evitadas na condução de um cavalo de salto. Verificamos, então, que, por colocar a maior parte do peso do cavalo sobre as ancas, aliviando as espáduas, a rédea contrária à frente do garrote é a rédea do salto, pois mantém o cavalo em velocidade.

Temos três efeitos de pernas, sendo duas isoladas e uma simultânea: perna isolada que encurva, e perna isolada que desvia, e pernas simultâneas que impulsionam
  1. Perna isolada que encurva: Aplicado na cilha (parte de baixo da barriga) para evitar que o cavalo caia. Também pode ser usado para mover o cavalo lateralmente (lateralmente). Aplicado com uma perna de cada vez, muitas vezes usado no interior de uma curva para flexão do cavalo. A perna de apoio também pode ser usada para manter o cavalo em uma linha reta.
  2. Perna isolada que desvia: Ao exercer pressão da perna movimentando ela ligeiramente atrás da circunferência da barriga do cavalo é usado para movimentar a anca do cavalo em voltas e para movimentos laterais. Também pode ser usado para evitar que o cavalo entorte para um lado.
  3. Pernas simultâneas que impulsionam: Aplicado na circunferência da barriga do cavalo para estimular a impulsão, que é o movimento de um cavalo quando está avançando com força controlada. Ambas as pernas do cavaleiro podem ser aplicadas ao mesmo tempo para impulsionar o cavalo em uma transição do passo paro trote ou para alongar sua marcha .
Figura 09 - Ajudas de pernas, mãos
e peso do corpo para deslocar a espádua.
Efeitos do peso do corpo são realizados através do movimento do quadril, durante o passo as pernas devem se deslocar alternadamente do lado oposto á espádua do cavalo, este movimento deve ser acompanhado pelo quadril. No trote as pernas dever ser fixas e o movimento deve ser concentrado no quadril. No galope o corpo é elevado e peso do corpo é transferido para as pernas.

Movimentos na pista
Para mudar a direção do movimento do cavalo na pista podemos realizar a meia volta e invertida meia volta, para realizar este movimento devemos ter como referência a cerca da pista. Se o cavalo oferecer resistência ao movimento deve ser realizado a meia parada.

Alongamento e flexionamento
O alongamento do pescoço faz trabalhar, ao mesmo tempo, os músculos abaixadores do pescoço no bordo superior. O flexionamento ou encurvação do pescoço obriga ao alongamento de um dos abaixadores, sempre do lado externo em relação à mão em que se trabalha.
Figura 10 - Ajudas de pernas e mãos
para impulsionar e parar.
Pediremos ao nosso cavalo, inicialmente, a extensão do pescoço em estação, cavalo parado, por meio de tensões com a rédea direta, de baixo para cima. Quando o cavalo cede o maxilar a alonga o pescoço na situação acima, partimos para a solicitação em movimento.
Fazendo as descontrações e extensão, o cavalo terá elasticidade e flexibilidade da extremidade anterior, terá realizado alongamento no dorso e rim, aumentará o engajamento dos posteriores, elevará a base do pescoço, terá liberdade das espáduas, amplitude e cadenciamento das andaduras. estando preparado para o “ Ramener ”- posição vertical do chanfro do cavalo, acompanhada de elevação máxima do pescoço. 

Cavalo no "Ramener"

Um cavalo com a cabeça colocada é mais agradável e muito mais fácil de ser conduzido nas provas de salto, já que nas provas de adestramento não se admite a hipótese de um cavalo não estar com sua cabeça colocada no ramener.
Figura 11 - Cavalo em "ramener"
Quanto mais alta estiver a cabeça do cavalo, mais difícil será sua condução. Um cavalo colocado tem o bordo superior do pescoço nitidamente musculado, ao passo que um cavalo invertido tem o bordo inferior do pescoço musculado, formando, às vezes, um verdadeiro caroço no terço médio do mesmo.
Para que nosso cavalo tenha a cabeça colocada no "ramener", a ginástica de extensão de pescoço, bem como sua flexão (à direita ou esquerda), serão pontos de passagem obrigatória de nosso trabalho. 

Cavalo no "Rassembler"

Em adestramento o cavalo deve trabalhar em bases curtas, isto é numa atitude muito mais avaliado que nas outras modalidades, o que não quer dizer que não se deva saber transitar para os andamentos largos.
É por esta razão que além dos posteriores estarem sob a massa com a consequente elevação da frente e dos movimentos, deve haver ainda, para se chegar ao adestramento, mobilidade, flexibilidade dos músculos e articulações e ligeireza.
O “ Rassembler ” diz respeito ao grau de entrada dos posteriores para debaixo da massa, mais do que a sua posição de aprumado. 
Figura 12 - Cavalo em "rassembler"
Cavalos adestrados tendem a ter um passo mais leve e elegante em comparação com equinos que não receberam esse treinamento. O galope do animal treinado é leve e equilibrado. Após o treinamento, os cavalos nunca ficam inativos e conservam a boa postura para uma série de atividades. 
Uma das características mais marcantes do trabalho de adestramento é deixar o cavalo “na mão”. Um cavalo que está “na mão” é um animal que apresenta pescoço levemente elevado, aceita a embocadura sem resistência, se mostra macio e submisso. O equino mantém a sua cabeça em atitude fixa com seu chanfro ligeiramente à frente da vertical. Um cavalo que alcança esse patamar de adestramento não oferece nenhuma resistência ao cavaleiro.
O adestramento trabalha no desenvolvimento da elegância dos animais, o uso de acessórios ganha outro significado com esse preparo. Equinos adestrados têm uma cadência única para caminhar e se apresentar com muito refinamento. A submissão ao cavaleiro faz com que esses animais assimilem mais facilmente o que precisam fazer em cada situação. 

O Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo está disponível em: 22_01_01 Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/07/2023

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Hipismo e adestramento - Preparação e montaria no cavalo

 O vínculo entre o cavaleiro e o cavalo obtido inicialmente através da escovação do cavalo. 
O cavalo deve ser escovado, preferencialmente, todos os dias, passando-se a escova na cauda, na crina e na cabeça, sempre na direção dos pelos. Além de aproximar ainda mais o homem do cavalo, é o que faz o pelo se manter sempre com brilho. 
O casco deve ser limpo diariamente pois o acúmulo de cama, fezes e urina na sua sola, pode ocasionar problemas graves como a necrose de ranilha, por exemplo, que inutiliza o cavalo. 
Equipe o Cavalo - Prepare o equipamento de montaria. Verifique se todo o equipamento está à mão e em bom estado antes de instalá-lo no cavalo. 
Ponha sobre a sela o estribo e o látego que ficarão no flanco oposto do cavalo. Isso impede que ele seja atingido por eles quando a sela for posicionada.
Você pode deixar os estribos entrelaçados em cima da sela até o momento de montar o animal.
Coloque a manta no cavalo - O material da manta (tecido, lã, espuma, entre outros) depende do tipo de sela. Alinhe a parte dianteira da manta à cernelha do cavalo, que é o ponto na base do pescoço onde se encontram as omoplatas e geralmente coincide com o fim da crina.
Acomode a sela - Levante-a bem alto e apoie-a delicadamente no dorso da montaria, centralizada às mantas. Se estiver na posição correta, haverá uma faixa visível da manta à frente da sela.
Feche o cilha - A sela fica presa à montaria por uma cinta chamada cilha. Prenda-o primeiramente no lado direito, vá para o flanco esquerdo, puxe a cilha por baixo do ventre do animal e afixe-o no lado esquerdo da sela. 
Observe se a cilha está bem apertada. O ideal é que, num primeiro momento, ela tenha uma tensão equivalente a ¾ da que se costuma usar. Feito isso, faça o cavalo andar alguns passos para trás ou para a frente. Aperte a cilha gradativamente uma vez mais. A cilha deve estar apertada a ponto de ser possível inserir dois dedos entre ele e o cavalo sem que a sela se mova.
Ajuste o estribo - Com a sela bem instalada, coloque os estribos na altura adequada. Se você não vai praticar nenhuma modalidade específica de montaria, o comprimento dos estribos deve ser igual à distância entre a axila e a ponta dos dedos do cavaleiro.
Enfaixe a pata do cavalo - Esse passo é indispensável quando se vai exercitar o cavalo ou quando as patas precisam de suporte adicional. As patas podem ser protegidas com caneleiras equinas ou ataduras hípicas. 
O que vai usar dependerá das necessidades específicas do seu animal e dos itens que você tem à mão. Lembre-se de fazer a higiene adequada da área que será coberta pelas caneleiras ou ataduras. Deve-se enfaixar a pata partindo-se do joelho rumo aos tornozelos e, por fim, à base da canela do cavalo. 
Coloque as rédeas - Solte as correias e coloque as rédeas por cima da cabeça do cavalo. Isso é importante para que elas não se emaranhem com as tiras do cabresto. As rédeas são o principal meio de comando da montaria.
Coloque o cabresto - A coroa do cabresto deve passar por cima das orelhas do animal. Há quem ache mais fácil primeiro acomodar o cabresto na orelha do lado oposto e depois na que fica mais próxima de si. O cabresto deve ser encaixado com alça do crânio atrás das orelhas e a alça da fronte na frente delas.
Coloque o bridão na boca do cavalo. Segure a coroa, a focinheira e a coleira do cabresto a fim de que não atrapalhem. Ofereça o bridão ao cavalo, colocando um dedo em cada lado e empurrando-o delicadamente contra a boca dele. Caso o cavalo não o aceite, insira o dedão no canto da boca dele, onde não há dentes, pressionando sua língua.
Afivele a focinheira e a coleira - A coleira do cabresto deve ser afivelada à frente da garganta da montaria. A focinheira deve cruzar a cara horizontalmente, entre as narinas e os olhos. Ambas servem para manter o cabresto no lugar.
Monte o Cavalo - Uma das mais tradicionais maneiras de se montar um cavalo, conhecida por todos que pensam em cavalos, independente de ser ou não um esporte, lazer ou simplesmente curiosos, é do chão. 
Fique no lado esquerdo do cavalo e segure as rédeas com a mão esquerda, pois os cavalos estão mais acostumados a serem montados por esse lado. Segurar as rédeas na mão ajuda a controlar o cavalo durante a montagem. Apoie a mão esquerda com as rédeas no pescoço do cavalo, se for confortável. 
Coloque o pé esquerdo no estribo. Com o pé no estribo, salte sobre o pé direito e impulsione a perna esquerda para cima, como se estivesse subindo em um degrau alto. Passe a perna direita sobre o cavalo e coloque o pé no estribo.
Levante a perna direita suavemente sobre o dorso do cavalo. Tenha cuidado para não coicear o cavalo ao balançar a perna. Insira o pé direito no estribo direito.
Mantenha as costas retas e equilibre o corpo na sela.
Uma vez no selim, reserve um momento para se certificar de que está na posição correta para o equilíbrio, com a maior parte do seu peso apoiada nos ísquios, nas nádegas. Mantenha as costas retas.
Posicione as pernas de modo que os calcanhares fiquem diretamente abaixo dos quadris.
Com os pés nos estribos, coloque os calcanhares mais baixos que os dedos dos pés.
Os dedos dos pés devem ficar mais altos que os calcanhares. Mantenha as panturrilhas e os calcanhares alongados, mas não os force para baixo. Isso coloca muito peso no estribo, o que causa tensão nas pernas e mais saltos conforme o cavalo se move. 

© Direitos de autor. 2025: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 27/04/2025.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Hipismo e adestramento - Sentimentos e gestos equinos

Para se fazerem compreender, os cavalos utilizam olhares, sons, sinais e comportamentos como resposta aos nossos estímulos
Ao contrário dos seres humanos, os equinos não sentem dificuldade em expressar as emoções. Eles têm percepção das nossas linguagens verbal e não-verbal: utilizam gestos, olhares, sons e comportamentos como resposta. Se procurarmos entender o que eles expressam através de certas vocalizações e atitudes, estreitaremos o relacionamento e criaremos vínculos com eles.
A boa relação do cavalo com o cuidador, criador ou cavaleiro depende exclusivamente de três ingredientes: carinho, atenção e respeito. Quando os animais se apegam às pessoas com as quais convivem, eles desenvolvem um vínculo que se assemelha ao amor incondicional. A lealdade, a confiança e a proteção passam a fazer parte da relação. Eles reconhecem o cheiro, memorizam a voz, os gestos e até os hábitos das pessoas com as quais criam tal ligação. 
Segue o passo a passo para que a interação cavalo-cavaleiro aconteça de forma tranquila e segura: movimente-se devagar; aproxime-se do cavalo pelas laterais e não pela frente; mantenha certa distância até ser bem-vindo; fique imóvel e aguarde que ele autorize a sua aproximação; o sinal ficará verde assim que você permitir que ele o cheire; tente acariciar as suas costas. Se o cavalo se afastar quando você tentar tocá-lo é sinal de que você está se movimentando rápido demais. Então, recomece todo o processo.
Aprenda a ler as expressões e os movimentos do seu cavalo para interpretar como ele está se sentindo. Essa leitura ajuda a evitar acidentes quando ele estiver assustado ou aborrecido. Os equinos costumam expressar os seus sentimentos através de várias partes do corpo: orelhas, focinho, olhos, pernas e rabo. Numa próxima coluna abordarei os sinais da linguagem não-verbal dos equinos e os sons emitidos por eles.
A quantidade de tempo que precisamos para nos tornarmos amigos dos cavalos depende da frequência e da qualidade desses encontros, assim como da personalidade e da idade de cada animal. Cavalos jovens se apegam rapidamente, confiando no cuidador em questão de semanas. Já os mais velhos precisam de mais tempo. Assim como nas amizades entre os seres humanos, no relacionamento com o cavalo há bloqueios a serem quebrados. Quando isso acontece, eles nos respeitam e são leais pelo resto de suas vidas.
No mundo dos cavalos, o respeito corresponde ao amor incondicional. Por isso, quando me perguntam se os cavalos têm sentimentos, eu sempre respondo que todo animal se torna aquilo que aprende e recebe. As reações que expressam diante de diferentes vivências e acontecimentos podem, sim, ser chamadas de sentimentos.
Identificar e observar alguns dos principais sinais da comunicação equina melhora a qualidade do convívio. Os cavalos são extremamente sensitivos. Expressam o que sentem e se comunicam através de movimentos, sinais, gestos e sons. Observando as posições e os movimentos de cabeça, olhos, orelhas, narinas, boca, membros e cauda, somados aos diferentes sons emitidos, compreendemos de forma clara o ânimo, o humor, o desconforto, a excitação, a aprovação, a concentração, o medo, o cansaço, o estado de alerta, o nível de atenção, a manifestação dos instintos e até as necessidades fisiológicas dos equinos. Os cavalos se comunicam através de movimentos, sinais, gestos e sons
- Abanar a cabeça quando está solto no pasto: sinal de brincadeira.
- Abanar a cabeça quando está sendo treinado: desconforto.
- Balançar a cabeça pra baixo, emitindo roncos ou relinchos: aprovação ou tentativa de chamar a atenção.
- Olhos semicerrados, orelhas pra trás e cabisbaixo: tristeza, mau humor, dor, febre ou outro problema de saúde.
- Olhos esbugalhados: medo e ameaça.
- Olhos fechados: soneca (geralmente os cavalos dormem em pé, com os olhos quase ou totalmente fechados).
- Narinas dilatadas: estado e sinal de alerta, excitação ou vontade de chamar a atenção.
- Narinas enrugadas: aborrecimento.
- Lábio superior levantado: os garanhões sentem a aproximação das éguas. Concomitantemente a este movimento, levantam a cabeça, fecham as narinas e forçam a respiração, evidenciando o estado de excitação.
- Dentes expostos: sinal de ameaça.
- Ato de mordiscar: demonstra brincadeira.
- Orelhas para o lado: o cavalo se encontra relaxado ou também pode estar apático.
- Orelhas completamente para trás: irritação e agressividade. Durante o trabalho, evidencia cansaço e indisciplina.
- Orelhas pra frente e eretas: indicam que o cavalo está atento, curioso e interessado. Normalmente apresentam, em conjunto, as narinas dilatadas.
- Escavar: mostra o desejo de achar e receber algum alimento ou também pode ser tédio.
- Patas dianteiras esticadas para frente: nos machos isso indica a preparação para urinar.
- Uma das patas levantadas com meia ponta do casco apoiado: significa que o animal está descansando.
- Abanar a cauda: sinal de irritação ou desconforto.
- Mover a cauda contra o corpo: movimento para espantar moscas e outros insetos.
- Manter a cauda elevada: prazer e excitação. Éguas apresentam a elevação da cauda acompanhada de jatos de urina e reversão dos lábios vulvares quando estão no cio, demonstrando aos garanhões que estão aptas ao cruzamento.
- Relincho: som longo, alto e agudo, usado para chamar a atenção de algo ou de alguém. Serve para indicar a sua localização (os potros relincham quando estão longe da mãe).
- Resfôlego: saída de ar pelas narinas. Limpeza das vias respiratórias, aumentando a oxigenação. É também usado para alertar outros animais de algo novo ou ameaçador.
- Suspiro: saída longa de ar pelas narinas, que demonstra angústia, mal-estar ou tédio.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023