Revoltas de escravos pipocaram, em maior ou menor envergadura, por todo o Brasil durante o período colonial.
A exemplo da resistência indígena, a luta dos africanos, contra a escravidão, existiu sob variadas formas, nem sempre radicais.
Foram utilizados feitiços contra os senhores, fugas individuais para a liberdade, simulação de doenças para evitar o trabalho, quebra dos instrumentos de produção e a constituição de laços de solidariedade étnica ou a partir da criação de parentesco.
Neste sentido, a resistência coletiva simbolizada pela formação de quilombos, mais que nenhuma outra, serve a desmistificação do seu caráter revolucionário, constituindo uma espécie de “rebeldia ambígua”.
Fugindo sozinhos ou em grupos, os escravos africanos que rumavam para os quilombos, em geral, buscavam sobreviver com autonomia, não lutavam para destruir a instituição escravocrata ou derrubar o Estado constituído.
Neste sentido, os quilombos não negavam a ordem escravista, antes, faziam parte do sistema escravocrata, agindo como uma válvula de escape para as tensões sociais.
Haja vista a presença de 160 quilombos, registrados ao longo do século XVIII, nunca ter desestabilizado a ordem escravocrata, não trazendo mais que receios aos senhores de escravos e um medo de sublevação geral infundado.
Na realidade, foram raras as rebeliões escravas que se alastraram ou trouxeram conseqüências mais graves para os colonos, implicando em assassinatos e destruição de propriedades, um tipo de insurreição que somente se tornou mais freqüente em época tardia, já no século XIX, tal como a revolta dos malês, em 1835, na Bahia.
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