quinta-feira, 6 de fevereiro de 2003

Trinta e poucos anos

Achei que acordaria diferente hoje. Mais sábio, mais equilibrado, mais pacifico, mais sereno. Achei que acordaria com cabelos brancos e com uma incrível habilidade de fazer coisa diferentes, daquelas que o tempo ensina. Achei que acordaria com o peso dos trinta e poucos anos em mim, achei que acordaria e tudo a minha volta estaria mudado. Achei que tudo estaria envelhecido, que eu estaria envelhecido. 
Que engano, continuo com minhas dúvidas, minhas pouquíssimas certezas, com meus momentos de loucura misturados com sabedorias inesperadas, minhas duas mãos esquerdas, o violão ainda desafina, nem tocá-lo direito consigo...
Nada envelheceu em mim, continuo estranhando quando a mocinha do supermercado me chama de senhor. Como assim, senhor...
Talvez com os trinta e pouco tenho muito a contar. Vivi um pouco de tudo, vivi dores, vivi alegrias. Ri e chorei e no balanço geral sobraram rizadas. Acordei hoje espantado pela velocidade dos anos, lembro quando aprendi a andar de bicicleta, meu pai me ensinou. Lembro que á anos conheci a mulher de minha vida, que com ela atravessaria tudo, gosto dela mais que lasanha. Há poucos anos meu filho nasceu, não consigo explicar a emoção de ser pai, na verdade eu me senti até um pouco esquisito, é muito amor!
Acordei hoje impressionado com minhas dúvidas e minhas certezas.