domingo, 30 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1838 - Balaiada

Movimento insurrecional extenso e profundo, sacudiu o Maranhão - e parte do Piauí e do Ceará - de 1838 a 1841. Começou a partir de uma reivindicação política, o restabelecimento dos juízes de paz, mas ganhou proporções maiores. Os rebeldes chegaram a ter 11 mil homens armados. Para controlar a situação, foi decretada anistia para os revoltosos, o que esvaziou a insurreição.
Tropas do Império se preparam para atacar
os revoltosos da Balaiada. Ilustração: Rugendas.
Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a importante revolta que se deu no Maranhão do século XIX. É mais um capítulo das convulsões sociais e políticas que atingiram o Brasil no turbulento momento que vai da independência do Brasil à proclamação da República.
Naquele momento, a sociedade maranhense estava dividida, basicamente, entre uma classe baixa, composta por escravos e sertanejos, e uma classe alta, composta por proprietários rurais e comerciantes.
Para ampliar sua influência junto à política e à sociedade, os conservadores tentam através de uma medida, ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopular faz com que a insatisfação social cresça consideravelmente, alimentando a revolta conhecida como Balaiada.
'Escravidão no Brasil'', quadro
de Jean-Baptiste Debret.
A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses contra injustiças praticadas por elites políticas e as desigualdades sociais que assolavam o Maranhão do século XIX.
A origem da revolta remete à confrontação entre duas facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os chamados “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois partidos que representavam os interesses políticos da elite do Maranhão.
Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, mantendo seu domínio social na região. No entanto, diante da ascensão de Araújo de Lima ao governo da província e dos conservadores ao governo central, no Rio de Janeiro, os cabanos do Maranhão afastaram os bem-te-vis e ocuparam o poder.
Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por Raimundo Gomes invade a cadeia local para libertar amigos presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar o vilarejo como um todo.
Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Raimundo Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam a revolta até o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era artesão, e fabricava cestos de palha, chamados de balaios na região, daí o nome da revolta. Essa interferência externa altera o cenário político da revolta e muda seu rumo.
Devido aos problemas causados aos interesses da elite da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios.
Ações de Caxias no Maranhão.
A agitação social causada pela revolta beneficia os bem-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o governo cabano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Uma das táticas para enfraquecer os revoltosos foram as tentativas de suborno e desmoralização que visavam desarticular o movimento.
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva (depois conhecido como Duque de Caxias) para ser presidente da província e, ao mesmo tempo, organizar a repressão aos movimentos revoltosos e pacificar o Maranhão. Esse é tido como o início da brilhante carreira do militar.
O Comandante resolveu os problemas que atravancavam o funcionamento adequado das forças militares. Pagou os atrasados dos militares, organizou as tropas, cercou e atacou redutos balaios já enfraquecidos por deserções e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Organizou toda a estratégia e a execução do plano que visava acabar de vez por todas com a revolta.
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, estimula a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já combalido exército. Os que resistiram, foram derrotados. A Balaiada chega ao fim, entrando pra história do Brasil como mais um momento conflituoso da ainda frágil monarquia e da história do Brasil.

sábado, 29 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1837 - Sabinada

A revolta feita por militares e integrantes da classe média e rica da Bahia pretendia implementar uma república. Em 7 de novembro de 1837, os revoltosos tomaram o poder em Salvador e decretaram a República Bahiense. Cercados pelo exército governista, o movimento resistiu até meados de março de 1838. A repressão foi violenta e milhares foram mortos ou feitos prisioneiros.
Imagem do seculo XIX, mostrando Salvado ao fundo. 
Quando Dom Pedro I deixou o cargo de imperador do Brasil, iniciou-se um período em que seu sucessor não possuía idade suficiente para assumir a liderança do Império. Este período foi chamado de regencial e foi comandado por várias pessoas, permitindo conflitos e questionamentos sobre a centralização monárquica e introduzindo questões sobre o federalismo republicano. Outro movimento que ganhou expressão foi a manifestação contra os portugueses, pois controlavam a maior parte do comércio e ocupavam a maioria dos cargos administrativos, políticos e militares. As manifestações eram no sentido de permitir aos brasileiros maior controle em suas terras, já que a independência completava mais de uma década.
Todo esse ambiente de questionamento se repetiu na capital baiana e culminou com a renúncia do regente Diogo Antônio Feijó, que não foi capaz de controlar as revoltas. O período no qual predominava o antilusitanismo foi também marcado pela chamada crise federalista.
Bandeira da República Bahiense: criada durante a Sabinada
A Sabinada foi um movimento cujo nome é proveniente do médico e jornalista Francisco Sabino Vieira. Ocorrido na capital baiana, Salvador, o movimento está inserido na tradição da Bahia pela autonomia política como acontecera com outros movimentos: Conjuração Baiana e Independência da Bahia, por exemplo. Sabino e seus apoiadores proclamaram a República Baiana, no dia 7 de novembro de 1837, representando um rompimento com o governo imperial da época. A província, então, negaria qualquer regência e só responderia ao Imperador Dom Pedro II, quando tivesse idade suficiente para assumir seu cargo. Os revoltosos tomaram o Forte de São Pedro e o Governo Provincial tentou combate-los enviando tropas do exército. Os soldados representantes do governo, contudo, acabaram aderindo ao movimento dos revoltosos, o que forçou a saída do Presidente da Província e do Comandante das Armas em busca de refúgio.
O movimento foi se expandindo gradativamente e conquistando adeptos. O prédio da Câmara Municipal foi ocupado. Francisco Sabino liderava o movimento pela formação de um estado republicano na Bahia e defendia que seu presidente fosse o advogado Inocêncio da Rocha Galvão, que estava exilado, e que seu vice fosse João Carneiro Rego. Construiu-se toda uma organização administrativa do novo estado republicano e Salvador foi dominada por aproximadamente quatro meses, até março de 1838. Mas o movimento não foi apoiado pela classe mais baixa da sociedade naquele momento, os escravos, e nem mesmo pelas elites. Mantendo-se característico da classe média urbana. Sem contar com um desses dois apoios, o Governo Imperial agiu com rigor. A repressão isolou a cidade de Salvador e o ataque causou a morte de mais de cinco mil pessoas e os rebeldes capturados foram julgados posteriormente pelos latifundiários da região, que abusaram de crueldade. Alguns dos líderes morreram durante o ataque do Governo Imperial, mas Francisco Sabino ficou preso na Fazenda Jacobina, em Mato Grosso, local que era muitos distante e pouco habitado, na época. Já outros líderes conseguiram escapar e integraram, mais tarde, a Revolução Farroupilha. Como é o caso de Daniel Gomes de Freitas e João Rios Ferreira, por exemplo.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1835 - Guerra dos Farrapos

''Carga de Cavalaria'', quadro de Guilherme Litran, 1893
Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil (de 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul tinha caráter republicano. O grupo liberal dos chimangos protestava contra a pesada taxação do charque e do couro e chegou a proclamar independência do RS. Depois de várias batalhas, o governo brasileiro concedeu a anistia a todos.
A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha ocorreu no sul do Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul entre os anos de 1835-1845. A região que corresponde ao estado teve sua incorporação tardia nos domínios portugueses durante a colônia. Para a coroa portuguesa a região significava acesso ao contrabando dos recursos minerais retirados de Potosí, que desciam pelo rio da Prata. Por esses motivos a região de fronteira tornou-se um lugar de disputa entre lusitanos e castelhanos, tornando sua população militarizada e sem vínculos com a agropecuária de exportação. Durante o século XVII o Rio Grande do Sul foi disputado por Jesuítas e Bandeirantes que tinham interesses na mão-de-obra indígena. Devido os ataques dos portugueses aos jesuítas, estes se retiraram com os indígenas para outra margem do rio Uruguai e montaram na região uma enorme reserva de gado. No final do século XVII os portugueses começaram a se interessar demasiadamente naquela região devido a quantidade exorbitante de gado.
No século XIX, a configuração do Rio Grande do Sul ganha importância ao cenário nacional, pois sua economia estava voltada para o fornecimento de carne que aquecia o mercado interno e militarizada devido aos confrontos com os espanhóis nas áreas fronteiriças. Os proprietários de terra passam a servirem a coroa como protetores da fronteira contra os espanhóis, gerando um conflito pelo poder com os militares que estavam na região. Em 1834, mesmo com o Ato Adicional que tentava dar mais poderes às províncias, houve uma insatisfação das elites oligárquicas gaúchas. Em 20 de setembro de 1835 se inicia a Guerra dos Farrapos, com o domínio da Capital Porto Alegre pelos estancieiros insatisfeitos comandados por Bento Gonçalves, começa assim a mais longa das revoltas do período Regencial. Dentro das primeiras reivindicações estavam a troca do atual Presidente de Província por um de sua confiança, pedindo que o Império, controlado pelos Regentes dessem mais atenção ao Rio Grande do Sul.
De 1835 a 1839 houve a dominação de várias cidades rio-grandenses pelas tropas farroupilhas. Por meio de batalhas vencidas, o general Antonio de Souza Netto, ainda em campo de batalha proclama a República. Um dia após a proclamação, Bento Gonçalves é preso na batalha de Jacuí e enviado ao Rio de Janeiro, e em seguida vai para Salvador. Mesmo ausente, Bento Gonçalves foi declarado o Presidente da República Farroupilha em 1837. Com ajuda da maçonaria, consegue fugir e assumir a presidência da República recém fundada. Neste período os farrapos, Garibaldi e Davi Canabarro, invadem Santa Catarina e dominam a cidade de Laguna fundando a República Juliana. A guerra e a República Rio-Grandense se sustentaram com a produção gaúcha, que era escoada pelo porto de Montevidéu, como se fosse uruguaia, entrando desta forma no mercado brasileiro.
Entre 1840 a 1842, houve uma estabilização da guerra. O governo central não mantinha os seus exércitos no Sul, uma vez que enfrentava outras rebeliões. Em 1843, registrou-se a decadência farroupilha, pois o governo Imperial pode concentrar-se apenas no sul do País, pois já havia acabado com as outras revoltas do período.
Em 1845 os farrapos aceitam a "paz honrosa", que atendia muitas das suas antigas reivindicações. Foi concedido às elites o direito de escolherem o seu presidente; as dívidas seriam pagas pelo governo central; os generais farrapos poderiam passar para o exército brasileiro com os mesmos postos que ocupavam nas forças rebeldes; garantia o direito de propriedade e a segurança individual; os prisioneiros de guerra seriam soltos; iria para 25% a taxa sobre a entrada do charque uruguaio no mercado brasileiro; o governo reconheceria a liberdade dos escravos que serviram como soldados.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1833 - Cabanagem

''O Cabano Paraense'', quadro
 de Alfredo Norfini, de 1940
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistência oferecida pelo presidente do conselho da província, que impediu o desembarque das autoridades nomeadas pela regência. Grande parte dos revoltosos era formada por mestiços e índios, chamados de cabanos. Ele chegaram a tomar Belém, mas foram derrotados depois de longa resistência.
A Cabanagem foi uma revolta do período regencial ocorrido no norte do Brasil, mais precisamente na antiga província do Grão Pará, que reunia, à época, os atuais estados do Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia.
A província do Grão Pará era à época do governo regencial, a mais ligada ao antigo governo colonial português. Isso faz com que tanto o governo quanto a própria sociedade não reconheçam de pronto a independência proclamada por Dom Pedro I em 1822.
Essa revolta tinha como grandes objetivos aumentar importância do Pará no governo central brasileiro e enfrentar a questão da pobreza em que estava o povo da região, cuja maior parte morava em cabanas de barro (daí o nome da revolta). Além disso, a revolta foi um protesto pela retirada do poder de governantes que eram nomeados para administrar a região, mas não se importavam com a situação social e, muitas vezes, sequer já tinham ido à região.
A Revolta dos Cabanos – A Cabanagem
A rebelião representava as classes mais baixas da população. As forças rebeldes eram formadas, em sua maioria, por índios, mestiços e membros de uma classe média desejosa de mais influência.
Os rebeldes, após o início das hostilidades, chegaram a tomar a capital, Belém, em duas ocasiões.
Na primeira tomada, em agosto de 1835, liderados por Félix Melcher e Francisco Vinagre, o controle da cidade foi rapidamente retomado pelas forças governistas destacadas para enfrentar a revolta. Essas forças governistas contavam com a presença de mercenários estrangeiros contratados pelo governo.
Outro fator que interferiu no fracasso das forças rebeldes foi o desacordo entre os líderes do movimento. A ausência de coesão comprometeu o andamento da revolta.
Percebendo a dificuldade na capital, os cabanos que lutavam no interior rumaram para Belém, chefiados por Eduardo Angelim, para somar forças. Com esse reforço, a capital foi novamente ocupada. No entanto, a atuação de Angelim em favor dos mais pobres incomodou as lideranças do movimento, pertencentes à classe média.
Mesmo com a resistência interna, Angelim inicia seu governo na capital em agosto de 1835. Porém, essa discordância entre lideranças enfraquece o movimento, prejudicando sua coesão, levando à perda de apoio do governo Angelim, que deixa o poder em 1836.
A firme repressão do governo ao movimento, com a ocorrência de massacres, enfraquece ainda mais os revoltosos. A luta cessa na capital, mas continua ativa entre 1836 e 1840 no interior da Amazônia. Os revoltosos passaram a utilizar-se de táticas de guerrilha no intuito de sobreviver à repressão e reestruturar o movimento, o que não logrou êxito. O saldo final da revolta foi de 30 mil mortos, Belém fora destruída e a revolta, sufocada.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1832 - Cabanada

A Guerra dos Cabano (Cabanada) foi um movimento ocorrido no Brasil durante o período imperial. Foi uma das mais icônicas revoltas a ocorrerem no país. Caracterizou-se como um movimento que visava restaurar a monarquia no Brasil, adquirindo com o tempo um viés de revolta popular e de luta anti-escravagista. Foi chefiado por Vicente Ferreira de Paula.
Vicente de Paula, que comandava os cabanos.
Em 1831, D. Pedro I abdica do trono do Brasil em favor do filho, D. Pedro II, para poder cuidar com atenção do problema da restauração de poder de sua filha, Maria da Glória, herdeira e empossada em Portugal, mas vítima de um golpe do irmão, que lhe usurpou o poder.
Diante da impossibilidade de D. Pedro II assumir o poder devido à idade ainda tenra, a Constituição determinava que uma regência trina ocupasse o poder até que o novo imperador reunisse as condições para exercer efetivamente o poder. Essa fragilidade política inflama algumas camadas sociais, já descontentes com o governo imperial e as inquietações sociais aumentam de intensidade.
Uma revolta de proprietários de terras (Domingos Lourenço Torres Galindo e Manuel Afonso de Melo) aumenta a instabilidade social e política. Esse grupo era vinculado à sociedade denominada “Coluna do Trono do Altar” de Portugal e decidiu romper as alianças com os senhores de engenho, tornando a revolta anti-escravagista, o que prejudicava os interesses dos grandes proprietários de terras. A revolta se desenvolveu entre o norte de Alagoas e sul de Pernambuco, em meados de 1832. Levantes ocorreram em Panelas de Miranda (PE) e na região da praia de Barra Grande (hoje Maragogi) (AL).
Os chamados cabanos eram formados, em sua maioria, índios, brancos e mestiços, além de negros fugidos e sustentavam esse nome porque moravam em cabanas no meio do mato.
Em 1834, o falecimento de D. Pedro I desanima os revoltosos, que acabam cercados na mata por tropas inimigas em número de 4000 homens, aproximadamente. Em 13 de maio de 1834 ocorre a chegada das tropas que visavam abafar a revolta. Houve então a definição da manobra de sítio aos revoltosos e a ordem de evacuação. No local permanecem apenas os fiéis à causa e os escravos a preferirem a luta e a morte à escravidão.
Com a promessa do governo de anistia aos revoltosos que se entregassem, aumenta a deserção e a força do movimento diminui paulatinamente até a rendição em 29 de maio de 1835. Vicente de Paula foge e se envolve com a política e, mais tarde, em outra revolta, agora em Pernambuco, a Revolução Praieira de 1849. Capturado em 1850, permanece preso até 1861.
A Cabanada, portanto, se insere na história brasileira como mais uma página de revolta popular contra o governo, exemplo da readequação social e política brasileira do período imperial e na luta contra a escravidão.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1824 - Confederação do Equador

''Execução de Frei Caneca'',
quadro de Murillo La Greca.
O religioso foi um dos líderes
 populares morto pela
autoridade imperial
Foi um movimento político contrário à centralização do poder imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, Pernambuco declarou independência. A revolta ampliou-se rapidamente para outras províncias, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos, em setembro, os revolucionários já estavam derrotados e seus líderes foram condenados ao fuzilamento, forca ou prisão perpétua.
A Confederação do Equador foi uma das muitas revoltas ocorridas no Brasil Imperial. Ocorreu no ano de 1824 na província de Pernambuco como um movimento de resistência ao governo e às medidas do Imperador D. Pedro I. Também tinha, entre seus objetivos, a intenção de separar-se efetivamente do território brasileiro, constituindo nova república.
A raiz da revolta pode ser explicada por vários fatores. Um deles era a clara divisão econômica e espacial de Pernambuco à época. A Província tinha em si um contraste entre um norte que se dedicou à multicultura, principalmente de algodão e açúcar, gerando uma economia diversificada, cidades populosas e economia mais robusta; e um sul monocultor açucareiro, com economia mais simples e numerosas pequenas vilas.
Assim como em todo o resto do Brasil, em Pernambuco crescia a influência do pensamento liberal. Esses ideais encontravam um espaço de divulgação e debate em jornais de duas personalidades da região. O jornal “Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco” de Cipriano Barata (baiano e notável jornalista e defensor das classes baixas) e a publicação “Tífis Pernambuco” de Frei Caneca (Discípulo de Cipriano) inseriam Pernambuco no debate político nacional.
Exército Imperial do Brasil ataca as
 forças confederadas no Recife, 1824.
Em 1823, percebe-se o avanço das ideias republicanas liberais como resposta a uma tendência conservadora e autoritária de D. Pedro I, expressas na Constituição promulgada em 1824.
Pernambuco não aceita essa Constituição e Manuel de Carvalho Pais de Andrade, presidente da província, proclama a Confederação do Equador, que unia Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte. Os idealizadores do novo Estado optam pela adoção da Constituição colombiana. O objetivo central era a criação de um Estado soberano separado do Império, com soberania e autonomia das províncias confederadas.
O Governo central, no Rio de Janeiro, observava com atenção do desenrolar da revolta e preparava desde o começo a repressão. Para esse intento, se utilizaram de uma força militar, organizada e liderada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva, que chefiava as forças terrestres e o Lord Cochrane, mercenário inglês que estruturou e comandou a ofensiva naval.
Em 1824, forças governistas tomam dos rebeldes os dois maiores centros de resistência, Recife e Olinda. Dois meses depois, a ofensiva toma o Ceará. Os revoltosos são presos e recebem severas punições, sem direito a clemência do Imperador. Frei Caneca foi condenado à forca, mas diante da recusa do carrasco em executar a pena, acaba por ser fuzilado. Muitos outros rebeldes receberam a mesma pena, outros, poucos, fugiram.
O fim da revolta não representa o fim do descontentamento com o Imperador. O Jornal “Aurora Fluminense” de Evaristo Veiga era a voz da oposição, representado por seu líder, Bernardo Pereira de Vasconcelos. Através desse veículo, uma parcela da sociedade fazia a defesa da monarquia constitucional, críticas à autocracia do Imperador e ao favorecimento à aristocracia na distribuição de cargos públicos, uma vez que pregavam a conquista de cargos por mérito.
A Confederação do Equador, portanto, é parte do histórico de movimentos conflituosos de reivindicação social no período imperial do Brasil, semeando as condições para que movimentos futuros pudessem lutar por seus direitos.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1817 - Revolução Pernambucana

A Revolução Pernambucana foi um movimento que defendia a independência de Portugal. Os revoltosos (religiosos, comerciantes e militares) prenderam o governador de Pernambuco e constituíram um governo provisório. O movimento se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, mas a república durou menos de três meses, caindo sob o avanço das tropas. Participantes foram presos e condenados à morte.

Bênção das bandeiras da Revolução de 1817,
óleo sobre tela de Antônio Parreiras.
Causas: Insatisfação popular com a chegada e funcionamento da corte portuguesa no Brasil, desde o ano de 1808. O questionamento maior era com relação a grande quantidade de portugueses nos cargos públicos; Insatisfação com impostos e tributos criados no Brasil por D. João VI a partir da chegada da corte portuguesa ao Brasil; Influência dos ideais iluministas, principalmente os que criticavam duramente as estruturas políticas da monarquia absolutista. Os ideais da Revolução Francesa, “liberdade, igualdade e fraternidade”, ecoavam em solo pernambucano, principalmente entre os maçons; Significativa crise econômica que abatia a região, atingindo, principalmente, as camadas mais pobres da população pernambucana. A crise era provocada, principalmente, pela queda nas exportações de açúcar, principal produto da região; Fome e miséria, que foram intensificadas com a seca que atingiu a região em 1816.
O movimento social pernambucano tinha como objetivo principal a conquista da independência do Brasil em relação a Portugal. Queriam implantar um regime republicano no Brasil e elaborar uma Constituição.
A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817
cujas estrelas representam Pernambuco, Paraíba e Ceará.
Ao saber da organização da revolta, o governador de Pernambuco ordenou a prisão dos envolvidos. Porém, os revoltosos resistiram e prenderam o governador.
Após dominar a cidade de Recife, os revoltosos implantaram um governo provisório. Para conquistar o apoio popular, o governo provisório abaixou impostos, libertou presos políticos e aumentou o salário de militares.
Os rebeldes enviaram emissários para outras províncias do norte e nordeste para derrubar os governos e ampliar a revolução. Porém, sem apoio popular significativo, estes movimento não avançaram.
Preocupado com a possibilidade de ampliação da revolta para outras províncias, D.João VI organizou uma forte repressão militar contra os rebeldes de Pernambuco. As tropas oficiais cercaram Recife. Os embates duraram 75 dias, resultando na derrota dos revoltosos. Os líderes foram presos e condenados à morte.

domingo, 23 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1801 - Conspiração dos Suassunas

A chamada Conspiração dos Suassunas, foi um projeto de revolta que se registrou em Olinda, na então Capitania de Pernambuco, no alvorecer do século XIX.
Influenciadas pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa, algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara — membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro —, fundaram em 1796 a loja maçônica Areópago de Itambé, da qual não participavam europeus.
As mesmas ideias também eram discutidas por padres e alunos do Seminário de Olinda, fundado pelo bispo dom José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta instituição teve, entre os seus membros, o Padre Miguelinho, um dos futuros implicados na Revolução Pernambucana de 1817.
As discussões filosóficas e políticas no Areópago evoluíram para uma conjuração contra o domínio português no Brasil, com o projeto de emancipação de Pernambuco, constituindo-se uma república sob a proteção de Napoleão Bonaparte. Integravam o grupo de conspiradores os irmãos Cavalcanti – Luís Francisco de Paula, José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque e Francisco de Paula –, o último sendo proprietário do Engenho Suassuna, que daria nome ao movimento.
A 21 de Maio de 1801, um delator informou às autoridades da capitania os planos dos conjurados, o que conduziu à detenção de diversos implicados. Instaurado o processo de devassa, entretanto, vieram a ser absolvidos mais tarde, por falta de provas. O aerópago foi fechado em 1802, reabrindo pouco mais tarde sob o nome de Academia dos Suassunas, com sede no mesmo engenho, palco das reuniões dos antigos conspiradores.
O episódio é pouco conhecido na historiografia em História do Brasil, uma vez que a devassa correu em sigilo à época, devido à elevada posição social dos implicados.
O movimento inscreve-se no contexto de Crise do Antigo Sistema Colonial. Apesar da repressão aos envolvidos, os seus ideais voltaram a reaparecer, anos mais tarde, na Revolução Pernambucana.

sábado, 22 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1798 - Conjuração Baiana

Movidos por uma mescla de republicanismo e ódio à desigualdade social, homens humildes, quase todos mulatos, defenderam a emancipação política do Brasil, além de mudanças políticas e sociais. Um dos principais líderes foi o alfaiate João de Deus do Nascimento. O governo baiano debelou o movimento. Dos 43 presos, quatro foram enforcados.
A Conjuração Baiana é também conhecida como Revolta dos Alfaiates, visto que alguns de seus lideres tinham como profissão alfaiate. Foi um movimento separatista de caráter emancipacionista ocorrida no século XVIII, na então capitania da Bahia, no Brasil.
A Capitania da Bahia era governada pelo então governador D. Fernando José de Portugal e Castro. Essa capitania tinha uma grande descontentamento e muita queixas a respeito do governo, pois de acordo com os populares o estado aumentava os preços das mercadorias mais essenciais, o que causava grande revolta entre os populares. Muitas vezes os revoltosos chegaram a arrombar açougues, mercados, vendas e etc.
Enforcamento, em novembro de 1799, dos conjurados Lucas Dantas,
Manuel faustino, João de Deus e Luís Gonzaga,
no Largo da Piedade (Ilustração de Rodval Matias
O clima de insatisfação era muito grande. Além disso, as ideias que haviam animado Minas Gerais foram amplamente divulgados na Bahia, e muitas pessoas, principalmente os populares, adotaram tais ideias mineiras para tentar bater de frente com o Estado Baiano.
Tal movimento sofria influência também de outros movimentos sociais que serviriam como exemplo, se espelhando em tais e funcionando como uma luz no fim do túnel. Tais movimentos eram a Independência dos Estados Unidos, e as ideias Iluministas, Republicanas e Emancipacionistas, que eram divulgadas também pela elite cultural Baiana, que estavam reunidas em associações como as Lojas Maçônicas.
Os cinco pontos principais das tais críticas ao estados eram: Proclamação da Republica, Diminuição de impostos, Abertura de Portos, Fim do Preconceito, e Aumento Salarial.
Assim os revoltosos pregavam a libertação dos escravos, proporcionando um governo igualitário onde as pessoas fossem vistas de acordo com a capacidade individual de cada um. Além da instauração de uma República na Bahia, da liberdade do comércio com outros países (favorecendo a entrada de produtos importados), e além disso é claro o aumento do salário. Essas ideias eram divulgadas em escritos de Luiz Gonzaga das Virgens e Cipriano Barata.
O Largo da Piedade e sua Igreja, em ilustração de Rugendas de 1835.
O movimento estourou em 12 de agosto de 1798, quando alguns de seus membros estavam distribuindo panfletos na porta das igrejas e nas esquinas das vielas quando certas autoridades chegaram e os prenderam. Assim como a Inconfidência Mineira, seus membros assim que foram presos e interrogados, acabaram delatando os demais envolvidos.
Nesse momento, várias pessoas foram denunciadas (estima-se centenas), dentre eles estavam militares, funcionários públicos, clérigos, e dessas pessoas quarenta e nove foram presas.
Em 8 de Novembro de 1799, procedeu-se a execução dos condenados por enforcamento, e suas cabeças foram postas em praça publicas para que servissem de exemplo.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1794 - Conjuração Carioca

Conjuração Carioca foi uma onda de repressão do governo lusitano aos intelectuais que se reuniam no Rio de Janeiro, com a intenção de formar uma sociedade literária baseada no Iluminismo, fortemente difundido após a Revolução Francesa.
Para a monarquia lusitana, o pensamento iluminista era perigoso porque dava margem à reflexão da sociedade e tinha caráter republicano. Obras de filósofos como Rousseau e Voltaire, por exemplo, eram proibidas de circular pelo território brasileiro por contrariar os interesses monarquistas.
Em 1771, membros da futura sociedade literária formaram a Academia Científica do Rio de Janeiro, de onde se destacava o professor de retórica Manuel Inácio da Silva Alvarenga, graduado pela Universidade de Coimbra.
No ano de 1786, intelectuais como o cirurgião Ildefonso José da Costa Abreu, o professor de grego João Marques Pinto e o próprio Alvarenga criaram a Sociedade Literária para discutir semanalmente temas como a observação do eclipse lunar, as consequências do alcoolismo e a análise da água com base nos ideais disseminados pelos filósofos iluministas franceses.
O vice-rei Conde de Resende (1790-1804), temeroso de que os argumentos políticos e filosóficos destes intelectuais se alastrassem, ordenou, em 1794, o fechamento da Sociedade Literária. Com o pretexto de que eles continuavam se reunindo clandestinamente, mandou processar e prender todos os seus membros, chamando-os de subversivos.
Depois de investigar minuciosamente os móveis de cada membro, Conde de Resende não conseguiu apurar nenhuma prova concreta de que os intelectuais planejavam uma conspiração contra os monarcas.
Sem nenhuma prova que ligasse os literatos à subversão, Conde de Resende mandou libertá-los depois de dois anos de investigação.
Alvarenga teve o direito de lecionar novamente e o doutor Mariano José da Fonseca, que aderiu tempos depois à sociedade, futuramente tornou-se marquês de Maringá e apoiou o movimento de Independência em 1822.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1789 - Inconfidência Mineira

Inconformados com o peso dos impostos, membros da elite uniram-se para estabelecer uma república independente em Minas. A revolta foi marcada para a data da derrama (cobrança dos impostos em atraso), mas os revolucionários foram traídos. Como consequência, os inconfidentes foram condenados ao desterro perpétuo na África, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado.
'Martírio de Tiradentes'', quadro do pintor
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, 1893
No século XVIII, a ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de centros urbanos pela colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias. Os filhos das elites mineradoras, buscando concluir sua formação educacional, eram enviados para os principais centros universitários europeus. Nessa época, os ideais de igualdade e liberdade do pensamento iluminista espalhavam-se nos meios intelectuais da Europa.
Na segunda metade do século XVIII, a economia mineradora dava seus primeiros sinais claros de enfraquecimento. O problema do contrabando, o escasseamento das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas na colônia. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.
No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas que os mineradores acumulavam junto à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.
Esse imposto era extremamente impopular, pois muitos colonos consideravam sua prática extremamente abusiva. Com isso, as elites intelectuais e econômicas da economia mineradora, influenciadas pelo iluminismo, começaram a se articular em oposição à dominação portuguesa. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da derrama.
Aproveitando da agitação contra a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para alcançarem seus objetivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem popular dessa rebelião. Eles iriam proclamar a independência e a proclamação de uma república na região de Minas.
Com a aproximação da cobrança metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua cobrança fora revogada pelas autoridades lusitanas. Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre a insurreição na região de Minas. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas pelas autoridades de Portugal.
Tratando-se de um movimento composto por influentes integrantes das elites, alguns poucos denunciados foram condenados à prisão e ao degredo na África. O único a assumir as responsabilidades pela trama foi Tiradentes. Para reprimir outras possíveis revoltas, Portugal decretou o enforcamento e o esquartejamento do inconfidente de origem menos abastada. Seu corpo foi exposto nas vias que davam acesso a Minas Gerais. Era o fim da Inconfidência Mineira.
Mesmo tendo caráter separatista, os inconfidentes impunham limites ao seu projeto. Não pretendiam dar fim à escravidão africana e não possuíam algum tipo de ideal que lutasse pela independência da “nação brasileira”. Dessa forma, podemos ver que a inconfidência foi um movimento restrito e incapaz de articular algum tipo de mobilização que definitivamente desse fim à exploração colonial lusitana.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1723 - Guerra dos Manaus

A Guerra dos Manaus aconteceu entre 1723 e 1728 e caracteriza-se por ser mais uma entre as várias guerras entre os portugueses e os indígenas que ali habitavam.
O século XVI é conhecido também pela famosa busca do El Dorado, a cidade de ouro. Vieram pessoas de toda a partes do país explorarem as terras do rio Negro em busca de algum rastro dessa lenda e conforme iam encontrando com os nativos da região iam deixando somente duas alternativas impostas para estes: ou se mudavam ou eram capturados.
Nesta região existia uma tribo, conhecida como Manaos e o seu líder era o lendário Ajuricaba. O líder indígena já tinha uma certa desconfiança e raiva dos portugueses maior do que os problemas que ele via que eles causavam para a sua gente. Tudo porque seu pai Huiuebene foi morto pelos lusitanos, os mesmos que outrora ele tinha um trato. O estopim da sua morte foi um desentendimento.
Sabendo da situação que se encontrava o rio Negro, Ajuricaba aliou-se aos holandeses que se encontravam no Suriname e foi então que começou a luta de resistência contra os invasores. O líder não perdoava os traidores, ia em busca dos índios traidores, capturava e vendia para os holandeses como escravos, o que causava uma grande confusão. Pouco a pouco ele ia conquistando mais terras e contava também com a ajuda de mais de trinta nações que formavam uma espécie de confederação indígena e mais aliados para a sua luta. Não demorou muito para que os núcleos dos colonos fossem destruídos e eles fossem obrigados procurarem refúgio no Forte da Barra.
Esse poder que Ajuricaba possuía surpreendeu o governador do Grão-Pará e Rio Negro que pediu ajuda para Portugal para que eles enviassem mais tropas para acabar com a tribo. O capitão João Paes de Amaral, veio em auxílio do governador, liderando uma expedição caracterizada como punitiva.
Assim que os jesuítas souberam de toda a situação, correram para o rio Negro a fim de acalmar os ânimos. O padre encarregado, José de Sousa conseguiu alguns acordos com Ajuricaba, como por exemplo a liberação de escravos em troca do pagamento do resgate. Porém, assim que o padre deixou o rio, pensando que tinha conseguido fazer uma boa ação, Ajuricaba retornou os ataques e mesmo recebendo o pagamento do resgate, jamais libertou os presos.
Depois de alguma certa resistência, Ajuricaba foi cercado pela tropa de Paes de Amaral e preso junto com cerca de trezentos a dois mil companheiros. Com a mínima intenção de ser feito prisioneiro, ao ser transportado por canoa para Belém, Ajuricaba jogou-se no rio e nunca mais foi encontrado nem vivo e nem morto.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1720 - Revolta de Vila Rica

Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica (atual Ouro Preto), contra a exploração do ouro e cobrança extorsiva de impostos da metrópole sobre a colônia. A revolta contou com cerca de dois mil populares, que pegaram em armas e ocuparam pontos da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe dos Santos Freire, acabou enforcado.
''Julgamento de Filipe do Santos'', quadro
do pintor brasileiro Antônio Parreiras, de 1923
Quem encontrasse ouro no Brasil, era obrigado a entregar uma quinta parte ao governo de Portugal. Essa quinta parte era chamado: Quinto (20% de todo o ouro extraído).
Claro que os mineradores não gostaram disso e como conseqüência muitos passaram a contrabandear o ouro.
Então, o rei mandou instalar as Casas de Fundição. Todo ouro encontrado devia ser entregue a essas Casas onde o ouro era transformado em barras já sendo descontado o quinto. Era proibido comprar ou vender ouro que não fosse em barras feitas por essas casas.
No ano de 1720, o governador de Minas Gerais (Conde de Assumar), instalou a Casa de Fundição de Vila Rica. Em razão disso, os mineradores fizeram uma revolta para tentar diminuir o "quinto", que ficou conhecida como Revolta de Vila Rica ou Revolta de Filipe dos Santos.
Seu líder chamava-se Filipe dos Santos e os revoltosos exigiam várias coisas:
- Diminuição do quinto
- Eliminação do monopólio de vários produtos de consumo
- Fim da repressão contra os rebeldes
Eram mais de 2000 revoltosos armados e o governador não tinha tropas. Para ganhar tempo, o Conde de Assumar prometeu atender os pedidos dos revoltosos; porém, quando conseguiu reunir uma tropa, partiu para cima dos rebeldes e mandou prender seus líderes.
CONSEQÜENCIAS DA REVOLTA 
- Filipe dos Santos foi condenado à morte
- As casas de Fundição foram mantidas
- Minas Gerais foi separada da capitania de São Paulo

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1711 - Motins do Maneta

Os Motins do Maneta foram duas sublevações ocorridas no Brasil Colônia em Salvador contra o monopólio da comercialização do sal e aumento de impostos, ocorridos em 1711.
Os ataque francês ocorridos na Brasil mostrou a fragilidade defensiva da colônia, que demandava um maior patrulhamento da costa. As despesas para tal empreendimento, entretanto, exigiam da metrópole um investimento que a Coroa não podia, ou não quis, arcar. A solução foi a elevação de taxas cobradas aos colonos.
O preço do sal sofrera aumento em suas taxas, que subira para o montante de 720 Réis, contra os anteriores 480. Este produto era de comércio exclusivo da metrópole, ou seja, sua produção era proibida no Brasil.
Também o imposto devido por cada escravo vindo da África havia sido elevado de 3 para 6 cruzados.
Foi com esse excessivo aumento nas cobranças de impostos que foi decretada uma taxa de dez por cento sobre as mercadorias exportadas pela Colônia, destinadas à proteção costeira.
Estas taxas foram anunciadas em outubro de 1711 pelo novo Governador-geral do Estado do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa, que acabava de chegar à capital colonial, Salvador. Estava criado o clima de revolta, que resultou nos motins populares.
19 de outubro de 1711 - Primeiro Motim: O comerciante João de Figueiredo da Costa, cuja alcunha era "Maneta", junto ao Lourenço de Almada, Juiz do Povo, comandou a sublevação que teve início com a distribuição de cartazes pela cidade. Ajuntando-se, as pessoas invadiram o comércio de Manuel Dias Figueiras que, com seus sócios, detinha o monopólio da venda de sal. Houve saque e depredação, marchando os populares, já com apoio de guarnições militares, rumo ao Palácio do Governador - sendo contidos apenas com a intervenção do arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide. Sobre o Maneta disse o historiador Roberto Macedo que era "homem resoluto" que "encabeça desatinado movimento popular, mais impulso de irritação coletiva que revolta propriamente dita."
O governador, intimidado com a reação, prontamente desistiu de aplicar as sobretaxas, e os líderes do tumulto não foram punidos.
2 de dezembro de 1711 - Motim dos Patriotas. Com a invasão e tomada da cidade do Rio de Janeiro, pelos franceses, o temor invadiu o povo na capital. Providências eram exigidas pela população, mas o governador Vasconcelos alegava que, não tendo recursos, nada poderia fazer. Tendo à frente Domingos da Costa Guimarães, Domingos Gomes e Luís Chafet, o povo marchou até o governador que, acuado, enviou tropas ao Rio, encontrando a cidade restabelecida com o pagamento de resgate a René Duguay-Trouin. O almirante francês já havia partido e, apesar de tencionar realmente o ataque à Capital, o mau tempo e naufrágio de duas das embarcações nos Açores demoveram-no de tal empresa, seguindo então para Caiena.
O desvio dos franceses fez apaziguarem os ânimos da população e o governador, que enfrentara duas revoltas mal tendo assumido suas funções, procedeu ao castigo dos cabeças dessa última insurreição: foram açoitados em praça pública, e ainda pagaram multas e sofreram o degredo africano.

domingo, 16 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1710 - Revolta do Sal

Entre os séculos XVII e XVIII, o sal foi um importante produto de comércio no Brasil devido à expansão pecuária e a produção em massa de carnes salgadas para exportação. Em 1631, a Coroa
Debret - Carregadores de Sal
Portuguesa criou um monopólio do sal no Porto de Santos para garantir que elevadas quantidades deste produto seriam destinadas à Portugal e aos países importadores.
A lucratividade que o sal propiciava à coroa fez com que seu preço fosse elevado inúmeras vezes. Em algumas ocasiões, os mercadores chegavam a esconder o sal para simular uma escassez e, consequentemente, deixar o produto cada vez mais caro.
Entretanto, os compradores internos também eram prejudicados com os reajustes no preço do sal. De fato, a coroa não se importava em distribuir menos mercadoria para os habitantes de sua colônia, o Brasil, e não tomaram nenhuma medida para reverter a situação, apesar dos protestos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e dos consumidores de São Paulo.
Em 1710, diante do descaso das autoridades, Bartolomeu Fernandes de Faria, paulista proprietário de terras, incitou um grupo de 200 índios e escravos fortemente armados para invadir o porto de Santos e distribuir o sal para os consumidores que careciam do produto, dando início a um movimento nativista que seria conhecido como Revolta do Sal. Ele ordenou que a ponte que ligava a ilha de São Vicente ao Porto de Santos fosse desmoronada, para evitar a perseguição dos colonos.
O ato de Bartolomeu deixou a coroa furiosa, porque mostrou a fraqueza da guarnição portuguesa no local e prejudicou de forma significativa a comercialização do sal para a exportação marítima.
A partir desse momento, Bartolomeu se tornara o alvo mais cobiçado da coroa. Em abril de 1711, D. João V enviou uma carta ao juiz Antônio de Cunha Souto Maior ordenando com urgência a prisão de Bartolomeu, resultando em uma das maiores perseguições no período Brasil colônia.
Os guardas metropolitanos da coroa portuguesa tiveram muitas dificuldades para capturar Bartolomeu. Ele havia construído uma forte guarnição em frente a sua fazenda com índios e escravos e, em 1713, se refugiou para o vale do Ribeira após uma tentativa ofensiva de ataque sob comando do juiz Antônio de Cunha.
Só em agosto de 1718, oito anos após a invasão ao Porto de Santos, Bartolomeu foi preso próximo à Vila de Conceição de Itanhaém, sob comando do governador da praça de Santos Luís Antônio de Sá Quiroga. Ordenaram que o prisioneiro fosse enviado à Salvador para ser julgado mas, em 1719, aos 80 anos, Bartolomeu Fernandes de Faria foi vítima da varíola e faleceu acometido pelo desânimo e pela miséria.

sábado, 15 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1710 - Guerra dos Mascates

A Guerra dos Mascates ocorreu em Pernambuco e, aparentemente, foi um conflito entre senhores de engenho de Olinda e comerciantes do Recife. Estes últimos, denominados "mascates", eram, em sua maioria, portugueses.
A desigualdade econômica e a crise açucareira:
motivos fundamentais da Guerra dos Mascates.
Olinda era uma cidade tradicionalmente dominada pelos senhores de engenho. O desenvolvimento de Recife, cidade controlada pelos comerciantes, testemunhava o crescimento do comércio, cuja importância a atividade produtiva agroindustrial açucareira, à qual se dedicavam os senhores de engenho olindenses.
O orgulho desses senhores havia colocado em crise a produção açucareira do nordeste. Mas ainda eram poderosos, visto que, controlavam a Câmara Municipal de Olinda.
À medida que Recife cresceu em importância, os mercadores começaram a reivindicar a sua autonomia político-administrativa, procurando libertar-se de Olinda e da autoridade de sua Câmara Municipal. A reivindicação dos recifenses foi principalmente atendida em 1703, com a conquista do direito de representação na Câmara de Olinda. Entretanto, o forte controle exercido pelos senhores sobre a Câmara tornou esse direito, na prática, letra morta.
A grande vitória dos recifenses ocorreu com a criação de sua Câmara Municipal em 1709, que libertava, definitivamente, os comerciantes da autoridade política olindense. Inconformados, os senhores de engenho de Olinda, utilizando vários pretextos, como a demarcação dos limites entre os dois municípios, por exemplo, resolveram fazer uso da força para sabotar as pretensões dos recifenses. Depois de muita luta, que contou com a intervenção das autoridades coloniais, finalmente em 1711 a nomeação de um novo governante que teve como principal missão estabelecer um ponto final ao conflito.
O escolhido para essa tarefa foi Félix José de Mendonça, que apoiou os mascates portugueses e estipulou a prisão de todos os latifundiários olindenses envolvidos com a guerra. Além disso, visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades. Dessa maneira, não haveria razões para que uma cidade fosse politicamente favorecida por Félix José, desta forma, Recife foi equiparada a Olinda e assim terminou a Guerra dos Mascates.
Em 1714,  o rei D. João V, resolveu anistiar todos os envolvidos nessa disputa, manteve as prerrogativas político- administrativas de Recife e promoveu a cidade ao posto de capital do Pernambuco.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1707 - Guerra dos Emboabas

A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de 1707 a 1709, pelo direito de exploração das recém descobertas jazidas de ouro, na região das Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapunha, de um lado, os desbravadores vicentinos, que haviam descoberto a região das minas e que por esta razão reclamavam à exclusividade de explorá-las; e de outro lado um grupo heterogêneo composto de portugueses e imigrantes das demais partes do Brasil – pejorativamente apelidados de “emboabas” pelos vicentinos –, todos atraídos à região pela febre do ouro.
Pintura da Guerra dos Emboabas, século XVIII, Bahia
Pelo fato de terem sido os primeiros a descobrir, os paulistas queriam ter mais direitos e benefícios sobre o ouro que haviam encontrado, uma vez que este, estava nas terras em que viviam.
Entretanto, os forasteiros pensavam e agiam diferentemente; estes, por sua vez, eram os chamados emboabas. Os emboabas formaram suas próprias comunidades, dentro da região que já era habitada pelos paulistas; neste mesmo local, eles permaneciam constantemente vigiando todos os passos dos paulistas. Os paulistas eram chefiados pelo bandeirante Manuel de Borba Gato; já o líder dos emboabas era o português Manuel Nunes Viana.
Dentro desta rivalidade ocorreram muitas situações que abalaram consideravelmente as relações entre os dois grupos. Os emboabas limitaram os paulistas na região do Rio das Mortes e seu o líder foi proclamado "governador". A situação dos paulistas piorou ainda mais quando estes foram atacados em Sabará.
Após seu sucesso no ataque contra os paulistas, Nunes Viana foi tido como o "supremo ditador das Minas Gerais", contudo, este, por ordem do governador do Rio de Janeiro, teve que se retirar para o rio São Francisco.
Inconformados com o tratamento que haviam recebido do grupo liderado por Nunes Viana, os paulistas, desta vez sob liderança de Amador Bueno da Veiga, formaram um exército que tinha como objetivo vingar o massacre de Capão da Traição. Esta nova batalha durou uma semana. Após este confronto, foi criada a nova capitania de São Paulo, e, com sua criação, a paz finalmente prevaleceu.
O confronto terminou por volta de 1709, graças à intervenção do governador do Rio de Janeiro, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Sem os privilégios desejados e sem forças para guerrear, os paulistas retiraram-se da região. Muitos deles foram para o oeste, onde mais tarde descobriram novas jazidas de ouro, nos atuais estados do Mato Grosso e Goiás.
Como conseqüências da Guerra dos Emboabas podem-se apontar:
  • Regulamentação da distribuição de lavras entre emboabas e paulistas.
  • Regulamentação da cobrança do quinto.
  • São Paulo e as Minas de Ouro se transformaram em capitanias, ligadas diretamente à Coroa, tirando autoridade do governo do Rio de Janeiro (3 de Novembro de 1709).
  • São Paulo deixa de ser vila tornando-se cidade
  • Acabam as guerras na região das minas, com a metrópole assumindo o controle administrativo da região.
  • A derrota dos paulistas fez com que alguns deles fossem para o oeste onde, anos mais tarde, descobririam novas jazidas de ouro nos atuais estados do Mato Grosso e Goiás.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1694 - Guerra dos Palmares

Palmares foi o maior quilombo já existente em número de quilombolas. Chegou a ocupar uma faixa de terra de 200km, e sua permanência incomodava os senhores de engenho. Seja para fazer da punição dos quilombolas um exemplo, ou para retomar os escravos fugidos, muitos queriam o fim do Quilombo dos Palmares. Assim, as investidas começaram.
Guerra dos Palmares (pintura de Manuel Victor)
A primeira expedição foi feita pelos holandeses e ocorreu em 1644, sob o comando de Rodolfo Baro. Chamada de “Expedição Baro”, pode-se dizer que ela fracassou. Quando os sentinelas palmarinos avistaram as tropas de Baro, soaram o alarme e bloquearam a passagem dos holandeses com árvores cortadas. Os quilombolas atacaram com flechas por todas as direções e, perante a derrota iminente, Rodolfo Baro ordena a retirada.
Mais tarde, em 1645, os holandeses atacam novamente. Era a “Expedição Blaer-Rembach”, ao comando de João Blaer. Também conhecido como “Guerra do Mato”, o episódio se destaca pela tática de guerrilha usada pelo povo de Palmares. Quando os holandeses atacavam, os palmarinos recuavam. Assim que os holandeses paravam para descansar, os palmarinos faziam saques e ataques relâmpagos. Essa situação durou cerca de três meses e, tendo destruído apenas um pequeno núcleo, os homens de Blaer estavam desgastados e se viram obrigados a desistir.
A primeira grande expedição feita a Palmares ocorreu em 1667, chefiada por Zenóbio Accioly de Vasconcelos. Ocorreu a destruição de um mocambo e o reconhecimento de algumas partes da região. Contudo, a entrada havia sido “financiada” pelo governo de Pernambuco, mas com o início da crise açucareira o auxílio pernambucano foi reduzido drasticamente e a expedição perdeu forças. Também decorrente da crise açucareira foi o início das trocas comerciais entre Palmares e as vilas em seus arredores.
Em 18 de junho de 1678 o líder quilombola Ganga-Zumba chegava a recife para fazer um acordo de trégua com o governador Aires de Sousa e Castro. Os negros teriam direito a uma área para viver em liberdade, ao plantio, comércio e trato com os brancos e não pagariam o fisco desde que se desfizessem de seu equipamento militar. Enquanto isso ocorreu, o líder Zumbi dos Palmares continuava a fazer incursões para libertar escravos. A verdade é que o acordo de 1678 não agradava a maioria dos negros (que o achavam limitador) e nenhum branco (que acreditavam a proposta concessiva demais).
Notou-se que para a tomada total do quilombo, as forças pernambucanas não seriam suficientes. Então foi contratado o paulista Domingos Jorge Velho – que tinha uma carreira dedicada ao massacre e submissão de grupos étnicos inferiorizados aos olhos do colonialismo. Ele fazia o “sertanismo de contrato”: sob um determinado preço, juntava seus capangas para lutar pela causa de alguém.
Ironicamente, as tropas de Jorge Velho eram majoritariamente compostas por indígenas. Cerca de 800 índios e 200 brancos investiram contra Palmares sob seu comando em dezembro de 1692. Ainda que reforçados pela ajuda de moradores alagoanos, eles não conseguiram vencer a batalha.
Somente em janeiro de 1694 Jorge Velho recebeu os reforços que precisava. Por 22 dias, até 6 de fevereiro de 1694, Zumbi e seus homens lutaram vigorosamente. Mas o armamento das tropas inimigas garantiu a derrota do povo palmarino. Após a perda de 400 homens e o aprisionamento de inúmeros outros, a tomada do Mocambo do Macaco pôs fim ao Quilombo de Palmares. Os 65 anos de luta garantiram a Palmares o título de “reduto da liberdade”, e a força e o vigor desse povo foi imortalizado na figura de Zumbi.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1684 - Revolta de Beckman

Provocada em grande parte pelo descontentamento com a Companhia de Comércio do Maranhão, ocorreu entre 1684 e 1685. Entre as reclamações estava o fornecimento de escravos negros em quantidade insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesuítas eram contrários a escravização dos indígenas. Com a rebelião, os jesuítas são expulsos. Um novo governador é enviado e os revoltosos condenados.
''O Caçador de Escravos'', obra do
pintor Jean-Baptiste Debret, de 1825
A Revolta de Beckman foi uma rebelião ocorrida em 1684, como uma reação de proprietários rurais do Maranhão, aos abusos cometidos pela Companhia de Comércio do Maranhão, instalada na região dois anos antes, em 1682, por ordem do governo português.
A Companhia foi criada para solucionar os problemas de escoamento da produção e de abastecimento da região com produtos europeus, assim como abastecer a região de mão-de-obra escrava. Na falta de mão-de-obra, os produtores escravizavam os índios, o que vinha causando conflito com os jesuítas.
A Companhia detinha o monopólio na venda de produtos de outras regiões e escravos, e na compra do açúcar e do algodão dos produtores rurais. A insatisfação da população foi crescente, pois a Companhia vendia produtos de baixa qualidade a preços altos, os escravos não eram suficientes e a Companhia pagava um preço injusto pelo açúcar e pelo algodão dos produtores.
Nesse contexto, a revolta teve início em 1684, sob a liderança dos irmãos Tomás e Manuel Beckman, grandes senhores de engenho da região. A revolta teve como objetivo a abolição do monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão, para que se estabelecesse uma relação comercial justa. Os Beckman lideraram o saque aos armazéns da Companhia, depuseram o governo local e expulsaram os jesuítas da região.
Com a finalidade de declarar a fidelidade ao Rei de Portugal, e de levar as reivindicações dos colonos à Metrópole, Tomás Beckman foi enviado a Lisboa. Ao retornar, trouxe consigo um novo governador, Gomes Freire de Andrade, enviado pela coroa portuguesa para restabelecer a ordem na região, com forças que o acompanharam para tal. Não houve resistência dos revoltos.
As autoridades antes depostas retornaram a seus cargos, e os envolvidos na revolta foram presos e julgados. Manuel Beckman foi condenado à morte pela forca, por ter liderado o movimento. Seu irmão, Tomás Beckman, foi condenado ao desterro, ou seja, foi expulso de sua terra. Os demais envolvidos foram condenados a prisão perpétua.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1682 - Confederação dos Cariris

Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, que ocupavam extensas áreas no Nordeste, contra a dominação dos colonizadores portugueses. Foram cerca de 20 anos de confrontos.
Indígenas da região Nordeste formaram a Confederação dos Cariris.
A “Guerra dos Bárbaros” ou “Confederação dos Cariris” e envolveu várias etnias indígenas, no interior das capitanias do Nordeste.  As disputas se desenvolveram em três fases: a primeira foi iniciada na região do Assú, na capitania do Rio Grande; a segunda se concentrou na Paraíba; e a terceira teve como cenário central o Ceará. Os combates se generalizaram por todo o território, entre 1683 e 1713.
Durante a década de 1670, com a distribuição de sesmarias nas ribeiras dos rios Acauã, Seridó, Açu, Apodi e Mossoró, já começavam os primeiros conflitos, que eram resolvidos através de "acordos" entre os índios e os vaqueiros. A situação não mudou e os vaqueiros continuaram avançando sobre as terras indígenas. Em 1685, o povo de Janduí se revoltou e avançou contra os criadores. O Rio Grande pediu ajuda a Pernambuco e Paraíba, mas a situação não mudava.
Os índios avançaram rumo à Natal e, para se defenderem, os colonos construíram casas fortes e paliçadas. Em face dos pedidos de socorro, o governo-geral do Brasil, decidiu requisitar bandeirantes de São Paulo e de São Vicente. Os indígenas, além das armas europeias, adotaram o uso de cavalos e incendiavam fazendas, matavam o gado e os vaqueiros.
A resistência desses nativos foi um elemento surpresa e a presença dos bandeirantes, que foram eficientes no quilombo de Palmares, não conseguiu debelar a revolta. Ao contrário, o conflito dilatou-a para outras regiões, provocando a adesão das tribos dos anacés, jaguaribaras, acriús, canindés, jenipapos, tremembés e dos baiacus, que se mostraram muito violentos na defesa de seus direitos. Enquanto isso a guerra era alimentada pela ambição de uma parte dos colonos, que desejavam as terras que pertenciam aos nativos.
Quando Antônio de Albuquerque reassumiu o comando da guerra, seu objetivo era exterminar os guerreiros indígenas e escravizar mulheres e crianças.  Por outro lado, Bernardo Vieira, governando a capitania na época, habilidosamente atraiu os nativos para um acordo de paz. Essa pacificação terminou servindo muito bem para os colonos, pois o genocídio já havia sido iniciado e os colonos poderiam tomar posse das terras.
Os grupos nativos que se submeteram a essa pacificação tiveram o direito a uma légua quadrada de terra, devidamente demarcada para viver. As mulheres trabalhariam na agricultura, enquanto as crianças seriam educadas nos moldes cristãos e de acordo com os interesses dos dominadores.
Os portugueses fortificaram o efetivo militar, inclusive com a vinda de bandeirantes paulistas como Domingos Jorge Velho. Já as etnias indígenas tapuias do interior nordestino, como os janduís, paiacus, caripus, icós, caratiús e cariris, uniram-se em aliança e confrontaram os portugueses nas tentativas de dominar as terrras dos nativos. A aliança das tribos tapuias, denominada pelos portugueses como Confederação dos Cariris ou Confederação dos Bárbaros, foi derrotada somente em 1713.


segunda-feira, 10 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1666 - Conjuração do Nosso Pai

A Conjuração do Nosso Pai, também conhecida como a Revolta contra Mendonça Furtado foi um dos primeiros movimentos nativistas ocorrido no Brasil Colônia em 1666.
A Capitania de Pernambuco lutava para reconstruir suas duas principais cidades: Olinda e Recife, após a invasão holandesa.
Os senhores de engenho, que eram radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto de Recife, achavam que deveriam receber maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, já que os mesmos contribuíram para a expulsão dos flamengos.
Portugal, entretanto mandou para governar a capitania, Jerônimo de Mendonça Furtado, um estrangeiro, contrariando os interesses de muitos pernambucanos, que se achavam no direito de ocupar a função, pois moravam ali.
Os motivos da revolta foram: a nomeação de Mendonça e a inabilidade dos pernambucanos nos tratos com os chefes locais. O auge do movimento aconteceu quando uma esquadra francesa aportou no porto de Recife, e por ordem da Corte foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a noticia de que o Governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque a província para roubar.
Reuniram-se os conjurados na casa do senhor de engenho João de Novalhaes y Urréa  com a finalidade de planejarem um golpe. Entre eles estavam: o juiz de Olinda, André de Barros Rego e os vereadores Lourenço Cavalcanti e João Ribeiro. Ficou combinado que teriam de simular um Nosso Pai.
Na religião católica, o Nosso Pai é um sacramento da Eucaristia ministrado aos enfermos que não podem sair de casa. Os golpistas sabiam que o Governador tinha como costume acompanhar a procissão se a encontrasse na rua.
Na tarde do dia 31 de agosto de 1666, o falso cortejo saiu ás ruas e Mendonça Furtado que o acompanhava foi desviado para uma igreja. Ao dela sair, André de Barros Rego deu voz de prisão ao Governador, que foi levado prisioneiro á fortaleza de Brun. Os franceses albergados foram perseguidos e muitos foram presos.
Mendonça foi levado por uma frota que, da Bahia, levou-o de volta á Lisboa, onde mais tarde envolveu-se em uma conspiração contra Afonso VI de Portugal. Foi degredado para a Ìndia.
O Vice-Rei nomeou outro Governador para substituir Mendonça. André Vidal de Negreiros foi o escolhido para ocupar o cargo, pois tinha fortes ligações com a colônia e já havia exercido o cargo anteriormente. Com isso os ânimos da revolta foram apaziguados.


domingo, 9 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1661 - Revolta da Cachaça

Para evitar concorrência do monopólio português de vinho e aguardente, em 1647 cria-se a Carta Régia que impedia a comercialização destes produtos fora do domínio português. Entretanto, o documento abria exceção à produção de cana-de-açúcar no estado do Pernambuco, onde o aguardente era comercializado pelos escravos.
Após a expulsão definitiva dos holandeses, em 1654, a produção açucareira teve uma brusca queda. Os fazendeiros, então, decidiram explorar a cana produzida no Nordeste, o que contrariava os interesses dos portugueses em obrigar a importação de uma bebida criada com os bagaços da uva (bagaceira). Em 1659, Portugal endossou a proibição da cana e ameaçou deportar e prender escravos e fazendeiros que não cumprissem suas exigências.
No Rio de Janeiro, o governador Salvador Correia de Sá permitiu a comercialização da cana, já que o estado era um dos maiores produtores de cachaça. Entretanto, decidiu cobrar imposto sobre a produção. Em 31 de janeiro de 1660, os vereadores aprovaram o projeto de lei, usando-a como alternativa econômica para a crise do açúcar que se instalara.
Porém, os fazendeiros continuavam insatisfeitos. Acharam que a Coroa queria obter uma grande margem de lucro com os tributos e organizaram um motim na região da Baía de Guanabara, onde hoje situam-se as cidades de Niterói e São Gonçalo.
Os revoltosos conseguiram posse de armamentos e invadiram as residências das autoridades locais. Eles exigiam o fim das taxas e a devolução dos impostos cobrados. Cerca de 110 senhores de engenho organizavam reuniões na fazenda de Jerônimo Barbalho Menezes de Bezerra e, no dia 8 de novembro de 1660, sob sua liderança, incitaram a população a se reunir na Câmara da Baía de Guanabara. Neste momento, o governador Salvador de Sá estava ausente devido a uma visita a São Paulo; em seu lugar, estava seu tio Tomé de Sousa Alvarenga.
Mesmo assim, não hesitaram em prender Alvarenga e deportá-lo para Portugal. Em seu lugar, exigiram que Agostinho Barbalho fosse governador. Sem acatar o pedido dos revoltosos, refugiou-se no Mosteiro de São Francisco, de onde foi arrancado à força.
Como governador, Barbalho mostrou-se favorável à família Sá e conseguiu o reconhecimento efetivo de seu cargo por Salvador de Sá. Indignados com as decisões dele, os revoltosos conduziram seu irmão Jerônimo Barbalho ao cargo de governador. Acatando a vontade dos revoltosos, Jerônimo exerceu um mandato autoritário, perseguindo os jesuítas que apoiavam a família Sá.
Em 6 de abril de 1661, o ex-governador Salvador de Sá articula uma investida com o apoio de tropas baianas, enfrentando os revoltosos sem resistência. Salvador de Sá ordena a prisão de todos eles e o enforcamento de Jerônimo Barbalho, expondo sua cabeça decapitada em praça pública.
A Coroa portuguesa repudia o ato violento de Sá e manda soltar todos os presos revoltosos. Em 1661, finalmente, a regente Luísa Gusmão considera legal a produção da cachaça no Brasil e legitima o episódio conhecido como Revolta da Cachaça.

sábado, 8 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1645 - Insurreição Pernambucana

Revolta da população nordestina (a partir de 1645) contra o domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores de engenho, os colonos foram mobilizados para lutarem. As batalhas das Tabocas e de Guararapes enfraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, os holandeses foram derrotados e expulsos do País.
Batalha de Guararapes, obra do pintor
brasileiro Victor Meirelles de Lima (1879)
A Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupação holandesa na região Nordeste do Brasil, em meados do século XVII. Ela representou uma ação de confronto com os holandeses por parte dos portugueses, comandados principalmente por João Fernandes Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco. Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram com o importante auxílio de alguns africanos libertos e também de índios potiguares.
A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em decorrência da intensificação da cobrança de impostos e também da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de engenho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com a Companhia das Índias Ocidentais, empresa que administrava as possessões holandesas fora da Europa.
Outro fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e holandeses foi a questão religiosa. Boa parte dos holandeses que estava na região de Recife e Olinda era formada por judeus ou protestantes. Nesse contexto religioso que trazia as consequências da Reforma e da Contrarreforma para solo americano, o catolicismo professado pelos portugueses era mais um elemento de estímulo para expulsar os holandeses do local.
Os conflitos iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso de Maurício de Nassau à Holanda. As tropas comandadas por João Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe Camarão, índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos holandeses junto a centenas de índios sob seu comando. Outro auxílio recebido veio do africano liberto Henrique Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi o principal enfrentamento ocorrido nesse início da Insurreição. Os portugueses conseguiram infligir uma retumbante derrota aos holandeses, garantindo uma elevação da moral para a continuidade dos conflitos. Além disso, os insurrectos receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia.
Outro componente envolvido na Insurreição Pernambucana estava ligado às disputas que havia entre vários países europeus à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os espanhóis estavam em confronto com os holandeses pelos territórios dos Países Baixos. Era ainda o período da União Ibérica, em que o Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol.
Nesse sentido, a posição holandesa em relação a Portugal era dúbia.  Em solo europeu, os holandeses apoiavam os portugueses contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo tempo, ocupavam territórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo que além da região pernambucana, os holandeses tentaram ainda conquistar algumas localidades no Maranhão e em Sergipe.
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os espanhóis aceitaram entregar aos holandeses as terras tomadas pelos insurrectos portugueses em Pernambuco. Frente a tal situação, o conflito continuou. Em Abril de 1648, ocorreu a primeira Batalha dos Guararapes, em que os holandeses sofreram dura derrota, abrindo caminho para o ressurgimento do domínio português a partir de 1654.