segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Como Domar Cavalos – O guia completo para iniciantes

Fig 01 - Redondel
Independente da técnica adotada para o treinamento dos equinos, é essencial ter um redondel para a doma de cavalos. Um redondel é um curral circular com piso batido de terra, areia, ou com grama. A cerca lateral de um redondel costuma ser feita com madeira, embora alguns criadores usam barras de ferro. O diâmetro desse curral pode variar bastante de acordo com o espaço disponível, e os recursos da fazenda. Entretanto, normalmente o diâmetro costuma ficar entre 12 até 35 metros. Ele é fundamental para a doma de cavalos pois proporciona um ambiente seguro para o trabalho com o animal. Tanto para o domador de cavalos, quanto para o cavalo que vai ser domado, independente da técnica adotada.

A razão dessa segurança é que o redondel não possui bordas nem cantos, permitindo uma movimentação mais livre. Ao mesmo tempo, reduz o espaço total em que o animal consegue se movimentar, facilitando o contato entre domador e cavalo. E claro, facilita a execução de exercícios e treinamentos durante o processo de doma do animal. Além disso, o redondel ainda possui outros benefícios como:
  • Incentiva o relaxamento do cavalo durante o processo de doma
  • Facilita a avaliação do cavalo e a evolução do animal nos treinos por parte do treinador de equinos
  • Ajuda a construir mais facilmente o relacionamento entre o cavalo e o domador.
Primeiros passos para domar um cavalo na técnica de equitação

Confira agora o passo a passo para conquistar a confiança e estabelecer um relacionamento entre você e seus equinos. E assim, entender exatamente como domar cavalos através do método 'Horsemanship".
  • A primeira etapa para o sucesso dessa técnica é conquistar a confiança do animal. Que será a base para favorecer e facilitar a doma do cavalo ao longo do processo. 
  • Para começar, o domador deve passar algum tempo com o cavalo todos os dias. No início, é bom que apenas fique perto dele e escove seu pelo. A escovação do pelo conecta o cavalo ao dono, fortalecendo o vínculo entre os dois. Deixe-o por perto enquanto você trabalha no pasto — assim, ele aprenderá a confiar em você.
  • Converse com ele e conforte-o sempre que ele se assustar com alguma coisa. Lembre-se do seguinte: Cavalos são considerados como presas na natureza, por isso se assustam com facilidade. Se seu cavalo não conviver com pessoas desde o nascimento, tenderá a ter medo delas.
Ainda que o cavalo ou potro seja jovem demais para ser treinado, você pode conviver com ele para ganhar sua confiança e acostumá-lo à presença de outras pessoas. Antes de começar o treinamento, passe um bom tempo junto do animal para ganhar sua confiança.

Depois de conquistada a confiança do cavalo, é hora de dar o próximo passo na doma pelo método Horsemanship. Que é o de garantir a segurança do domador durante o treinamento.

Cavalos são animais poderosos e podem ferir pessoas gravemente com facilidade. Por isso, sempre que estiver treinando e domando um animal, lembre-se de tomar algumas precauções para garantir sua segurança. Essas dicas abaixo vão te manter seguro:
  • Procure ficar dentro do campo de vista dele na maior parte do tempo.
  • Se não for possível ficar sempre no campo de visão do cavalo, corra a mão ao longo do corpo dele, a fim de que ele não perca a referência da sua posição
  • A posição mais segura para se estar é ao lado esquerdo, alinhado à orelha e perto da cabeça do cavalo. Nesse lugar, ele o enxergará facilmente.
  • Converse com o animal sempre que estiver fora do campo de vista dele. Isso ajuda o animal a conseguir saber onde você está.
  • Não passe por trás do cavalo e nem fique parado à frente da cabeça dele.
  • Não se ajoelhe e nem fique sentado perto do cavalo. Quando for necessário mexer nos cascos dele, curve-se para a frente em vez de se agachar.
Pronto, desse modo, você garante uma maior segurança durante todo o processo de doma do cavalo.

Domar um cavalo pode ser um processo demorado, e cada etapa tem de ser totalmente concluída antes de começar a próxima, necessita de muita paciência.
  • Cada novo comando que o cavalo aprende deve ter alguma relação com o anterior. De forma que ele consiga se adaptar a todo o conjunto de comandos que receberá ao ser montado e cavalgado, por exemplo. 
Lembre-se de que o objetivo do treinamento é fazer com que o animal fixe novos hábitos. De outro modo, o treinamento não será bem-sucedido, por isso, sempre mantenha em mente o seguinte:
  • Nunca desista: O cavalo aceitará certas etapas do treinamento melhor que outras. Quando se começa a treinar um cavalo, você está assumindo um compromisso enorme, então não importa os obstáculos, desistir não é opção. 
  • Encerre cada lição com sucesso: Termine cada sessão logo após um progresso, por menor que seja — como conseguir pôr o cabresto perto da cabeça do cavalo.
  • Nunca fique irritado com o cavalo: Jamais grite, agrida, atire objetos ou seja agressivo com o animal. Isso poderia assustá-lo e desfazer a confiança que você conquistou tão arduamente. Converse com o cavalo num tom de voz calmo e baixo. Se o cavalo desobedecer às suas ordens, corrija-o com calma, sem demonstrar agressividade. Faça um som de “shhh” para sinalizar ao animal que ele fez algo de errado.
  • Recompense cada sucesso: Dar reforços positivos, como petiscos e carinho, faz com que o cavalo o obedeça mais facilmente. Além de estimular que ele tenha um bom comportamento durante o seu processo de doma.

Reforços negativos, como um empurrão com os dedos ou um tapinha, também podem ser empregados em algumas situações. Desde que esses reforços negativos não deixem o cavalo assustado.
Se você estiver montado, pode puxar as rédeas ou pressionar o animal com as pernas levemente.
Jamais use reforços negativos que amedrontam ou causam dor. Além do mais, tais reforços devem ser constantes e firmes, nunca abruptos.
Mantenha o gesto negativo até que o cavalo se corrija e pare imediatamente após ele realizar o comando corretamente.

Treinando o cavalo para aceitar o cabresto
Depois de ganhar a confiança do cavalo, aprender as medidas de segurança e dar os primeiros passos no treinamento, é hora de avançar. E seguir para as próximas etapas de como domar cavalos com a técnica Horsemanship.

Habitue o animal às suas mãos

O primeiro passo para pôr o cabresto no cavalo é acostumá-lo a ter as mãos do dono em sua cabeça, orelhas e pescoço. Faça isso lentamente. Nunca saia do campo de vista do animal e não o assuste.
Eleve as mãos até ele lentamente — o cavalo se sentirá ameaçado se suas mãos se aproximarem muito rápido.
Repita esse procedimento até que você possa tocar o animal sem problemas.
Faça elogios sempre que o cavalo obtiver alguma melhora. Até as melhoras que parecem insignificantes, como conseguir aproximar a mão mais alguns centímetros do rosto do cavalo ou tocá-lo por alguns segundos, precisam ser elogiadas.
Ainda, mantenha o hábito positivo de recompensar cada sucesso do cavalo com petiscos.

Acostume o cavalo ao cabresto
No início, deixe o cavalo ver e farejar o cabresto nas suas mãos. Faça isso por alguns dias, com a intenção de que o cavalo reconheça que o objeto não é perigoso.
Depois, tente colocar cabresto sobre a cabeça e o focinho do animal, sem afivelá-lo. Quando, por fim, o cavalo parecer confortável assim, você poderá afivelar o cabresto.
Algumas tentativas podem ser necessárias até o cavalo permitir que o domador coloque o cabresto. Por isso, é importante manter a calma e a paciência com o animal, enquanto tenta progredir um pouco a cada dia.
Quando for possível prender o cabresto com facilidade, deixe ele na cabeça do cavalo por alguns dias.
Apresente as rédeas ao cavalo e coloque o freio e sua coroa
Comece a habituá-las juntamente com o cabresto, também colocando-as no rosto do animal.

Com muita delicadeza, tente fazer o cavalo abrir a boca para receber o freio.
Além das rédeas, o bicho também tem de se familiarizar com o freio.
Lentamente, coloque-o na boca do animal. No início, deixe-o lá por apenas alguns minutos, e vá aumentando esse período gradativamente.
Colocar melado no freio é um modo de estimular o cavalo a aceitá-lo e de tornar a experiência mais agradável para ele. Esse pequeno truque pode acelerar bastante o tempo que leva até o cavalo se acostumar com o freio.
Uma vez que o freio possa ser colocado sem resistência por parte do cavalo, coloque a coroa do freio. Não afivele as tiras por enquanto.
Acostume o cavalo ao novo objeto até que você possa afivelar as tiras. Lembre-se de que isso só deve acontecer depois que o animal deixar de estranhar a sensação da coroa em sua cabeça e orelhas.

Ensinando o cavalo a charretear

O charreteado é o processo em que o treinador conduz o cavalo por uma arena com a intenção de consolidar o domínio sobre ele. Também conhecido como doma de baixo, o charreteado permite ao treinador conduzir o cavalo por uma arena durante o treinamento.
No caso da doma de cavalos, o charreteio deve ser feito dentro do redondel preparado para o processo. Assim, fica mais fácil controlar a condução do cavalo enquanto ele está aprendendo os movimentos.
É importante evitar que o cavalo sinta desconforto ou dor por conta do cabresto. Pois se ele estiver desconfortável ou com dor, o animal pode começar ter medo de charretear.
E aí, a doma do cavalo fica estagnada, podendo ser comprometida por um tempo.
Existem algumas dicas que podem ajudar a evitar que o uso do cabresto seja desconfortável para o animal.
Uma delas é mover o corpo junto com o cavalo para que a tensão da corda seja sempre homogênea. Eventualmente, o animal vai se acostumar a ir para onde é guiado em vez de puxar a corda.

Charreteie o cavalo
Ao charretear o cavalo, faça com que ele siga uma trajetória circular com o maior raio possível. Já que um círculo pequeno poderia provocar lesões nas pernas, ligamentos e tendões do cavalo.
O diâmetro do círculo deve ser de, pelo menos, 18m. Por isso mesmo, é recomendado que o redondel tenha um diâmetro total um pouco maior que 20 metros.
Procure charretear o cavalo pelo menos uma vez ao dia, sempre usando a linguagem corporal para direcioná-lo e controlar sua velocidade.
Com o passar do tempo tente fazer com que o cavalo galope numa velocidade cada vez maior. Até que ele possa trotar apenas se guiando por seus comandos.
Se possível, pratique o exercício acompanhado de alguém experiente com cavalos. Peça a ele para ficar atrás ou perto de você. Sempre que o cavalo fechar o círculo, a pessoa deverá caminhar na direção dele até que ele retome a trajetória normal.
Nunca toque o animal durante o charreteado: todos os comandos devem ser dados através da corda e da linguagem corporal.
O charreteado é um exercício de confiança: a cada vez que o cavalo fizer o que se espera dele, interrompa o contato visual e diminua a pressão exercida nele.
Não faça o cavalo andar na mesma direção por mais do que 10 minutos consecutivos. Uma vez que essa atividade exige muito do corpo do animal, ele terá de praticar muito antes que possa andar por períodos mais longos. O charreteado não deve demorar mais do que 15 ou 20 minutos.

Treine o cavalo para obedecer comandos

Ensino o cavalo a andar ao seu lado apropriadamente enquanto você o conduz com uma corda.
À medida que ele anda em círculos à sua volta, transmita a ele alguns comandos de voz. Ensine as palavras “pare”, “fique”, “ande” e “volte”.
Priorize os comandos de parar e andar antes de passar para os seguintes. Ao fim desta etapa da técnica Horsemanship, você poderá ensinar comandos mais rápidos, como o “trote”.
Evite usar comandos muito parecidos, como é o caso de “trote” e “volte”. O cavalo pode ficar confuso, uma vez que o som de tais palavras é tão similar.
Se quiser, pode substituir termos como “volte” pela palavra “recuar”. Além disso, temos como “ôa!”, som utilizado para que o cavalo pare ou desacelere, devem ser empregados apenas quando você estiver montado.

Ensine o animal a respeitar seu espaço
Durante os treinos e todo o processo de doma, o cavalo colocará a superioridade e autoridade do treinador à prova.
Para disputar a liderança com você, o cavalo poderá empurrá-lo com o ombro. Esse é um tipo de atitude extremamente comum do animal, e que é conhecido por quem sabe como domar cavalos.
Em tais situações, você deve mostrar que é o líder: se o cavalo se aproximar de você, pressione as costelas dele, a cerca de 30 cm do ombro.
Os líderes de manadas selvagens investem contra essa região para repreender os outros cavalos. O animal deverá se deslocar para o lado e dar a você algum espaço.
Ensine ao cavalo como responder à pressão.
A pressão é transmitida ao cavalo através do cabresto, então prenda uma corda a essa peça e pare à direita dele, perto de sua orelha e olhando na mesma direção que ele.
Segure a corda a alguns centímetros do grampo. Puxe-a para a direita, para longe de você; o cavalo eventualmente cederá à pressão e virará a cabeça para a direita.
Assim que ele o fizer, libere a pressão da corda e ofereça alguma recompensa.
Repita o processo do lado esquerdo. Puxe a corda para longe do corpo do animal e ele deverá virar a cabeça para a esquerda.
Depois de ensinar o truque em ambos lados, o cavalo aprenderá a olhar na sua direção.
Repita o processo à frente e atrás do cavalo.
O cavalo aprenderá a deslocar a cabeça na direção de onde a corda é puxada para diminuir a pressão no cabresto.

Treinando o cavalo para aceitar a sela
Depois que o cavalo já está acostumado com o cabresto, e que você já consegue fazer com que ele responda a comandos através do cabresto, é hora do próximo passo. Que é fazer com que o animal aceite a sela de montaria sem dificuldades.

Apresente a sela - O cavalo deverá se familiarizar com o peso e o som da sela em seu lombo. Assim como fizera com o cabresto e com o freio, dê ao cavalo um certo tempo para se acostumar com o som, o cheiro e a aparência da sela.
Uma vez que ele esteja acostumado ao objeto, segure a sela acima do lombo do animal, sem deixar que ela toque nele.
Coloque o baixeiro ou a manta no lombo do cavalo
Quando o cavalo deixar de estranhar a sela, coloque o baixeiro no lombo do cavalo e deixe-o lá por alguns minutos. Caso a reação do cavalo seja positiva, remova o baixeiro.
Repita o processo várias vezes e de ambos os lados para que o cavalo se acostume a ser selado de ambas maneiras.
Se o cavalo ficar apavorado a ponto de a situação fugir do controle, remova o baixeiro rapidamente e tente de novo quando ele estiver mais calmo.
Se você quer um tipo de sela mais bonita, recomenda-se o uso do baixeiro, que costuma ter um acabamento melhor do que a manta.
No entanto, ele é menos confortável para o cavalo, e portanto deve ser apresentado ao animal junto com a sela. Se a sela se ajustar perfeitamente ao lombo do cavalo, o uso da manta ou do baixeiro é dispensável.

Coloque a sela no cavalo
Apresente a sela pacientemente, sempre acariciando e falando com o cavalo para acalmá-lo.
Deixe a peça por apenas alguns minutos, depois a remova. Repita o processo em ambos lados do cavalo. Nesta etapa, remova todas as tralhas e ferragens da sela.
Afivele o látego no cavalo lentamente
Aperte o látego um pouco mais a cada dia, especialmente se o cavalo parece inquieto. Caso o animal ainda esteja muito apavorado, solte o látego e volte a deixar a sela desamarrada no lombo do cavalo.
Quando o cavalo permitir que o látego seja completamente afivelado, incline-se contra o corpo do cavalo, apoiando-se nele.
Habitue o cavalo aos estribos
Faça o charreteado com a sela e os estribos. Isso ajudará o cavalo a se acostumar com a sensação de carregar tais objetos. Além disso, comece a colocar os outros acessórios na sela.
Realize cada etapa do processo lentamente. Sempre espere o cavalo perder o medo de um elemento da sela antes de introduzir outro. E nunca adicione mais de um elemento de uma vez. Isso é essencial na forma de como domar cavalos pelo método Horsemanship.

Charreteie com a sela - Exercite o animal selado quando ele for capaz de permanecer assim por longos períodos. Faça o máximo de charreteios que for possível durante essa etapa da doma do cavalo.

Treinando o cavalo para ser montado
Prepare o cavalo para a montaria
Até aqui, você interagiu com o cavalo do chão, no nível dos olhos dele. Leve o cavalo para perto de algo em que você possa subir, como uma cerca de madeira. Escale o objeto até ficar numa altura acima da cabeça do cavalo. 
Coloque peso no lombo do animal
Peça ajuda de um cavaleiro experiente para ensinar o cavalo a se acostumar ao peso de uma pessoa.
Num primeiro momento, o cavaleiro deve apenas se debruçar sobre a sela (em vez de se sentar nela).
Peça que ele faça isso com gentileza para que o cavalo não se assuste. Quando o cavalo aceitar o peso, acaricie-o e dê recompensas ao animal.
Peça que o cavaleiro monte no cavalo
Em primeiro lugar, o cavaleiro deve pôr seu pé esquerdo no estribo. O próximo passo é passar o outro pé por cima do animal, sem chutá-lo, e sem impor uma pressão desigual em seu lombo, para depois encaixar o pé direito no outro estribo.

O cavaleiro deve ficar curvado todo o tempo, uma vez que o cavalo se espantaria caso o enxergasse.
Além do que, a pessoa deve se apoiar na sela e não nas rédeas, uma vez que isso também poderia assustar o animal.
Cavalgue lentamente
Com o cavaleiro montado, conduza o cavalo devagar. Aos poucos, afaste-se do animal.
Peça que o cavaleiro apanhe as rédeas e puxe-as devagar e com cuidado, a fim de que o cavalo não se assuste. Para que o cavalo comece a andar, ele deverá dar um comando verbal e apertá-lo levemente com as pernas.

Tente montar

Agora que um cavaleiro experiente sondou o terreno, é a sua vez de montar.
Montar um cavalo pela primeira vez pode ser perigoso e só deve ser feito com a supervisão de um domador ou cavaleiro profissional. Suba com cuidado, evitando chutar o lombo do cavalo ou puxar as rédeas. Ande com o animal por alguns passos, pare e desça.
Aumente gradativamente o período em que você permanece montado ao longo das próximas semanas ou meses. Só tente cavalgar rapidamente depois que o cavalo parecer confortável andando em velocidade normal.
Pode ser necessário um ano de treinamento (ou mais) até que você possa trotar e andar a galope com o animal em questão. Não tente acelerar o processo, já que isso poderia levar o cavalo a desenvolver medos ou vícios.

Dicas úteis
Use comandos de uma palavra e use a mesma palavra sempre para que o cavalo não fique confuso.
Tranquilize o cavalo se ele abaixar as orelhas ou demonstrar outros sinais de medo.
Alguns cavalos toleram sessões de treinamento mais longas que outros. Aprenda a detectar os sinais que seu cavalo emite quando está cansado.
Faça exercícios de aquecimento antes da sessão de treinamento e, ao final dela, faça exercícios de relaxamento.
Antes de apresentar um novo comando, pratique e reveja aqueles que o cavalo já domina e use-os como base para o comando a ser ensinado.
Antes de montar no animal pela primeira vez, salte para o alto algumas vezes ao lado dele. Depois de saltar, dê uns tapinhas leves na sela. Desse modo, ele não se assustará quando você subir nele.
O cavalo precisa saber quem é que manda: se ele se recusar a executar algum comando, não interrompa a sessão. Isso daria ao animal a impressão de que ele pode abandonar o treinamento quando quiser.
É improvável que você venha a domar o cavalo se não tiver experiência. É melhor pagar um domador do que se arriscar a levar um coice ou ser pisoteado.

Avisos
Cavalos leem os sinais que transmitimos através de nossas emoções e linguagem corporal. Se você ficar tenso e ansioso, o cavalo também ficará.
Fique alerta e preste atenção à linguagem corporal. Quando notar que o cavalo está de orelhas abaixadas ou batendo as patas dianteiras no chão, acalme-o. Se a sessão tiver durado muito tempo ou se o animal parecer irritado, em pânico ou confuso, faça uma pausa. Lembre-se de que a doma do cavalo requer paciência, não força bruta.
Nenhum cavalo pode ser montado antes dos dois anos de idade. Montá-lo antes disso pode deixá-lo lesionado para o resto da vida.
Seja cuidadoso quando o cavalo estiver de orelhas abaixadas. É normal que o cavalo vire as orelhas para trás — isso apenas indica que ele está prestando atenção ao que se passa atrás de si. As orelhas abaixadas, por outro lado, denotam medo e agressividade — que pode se voltar contra você ou contra outros cavalos.

  1. Veja vídeo Aula 1 - Psicologia do cavalo aplicada à prática dos esportes equestres de Ruy Couto do canal EQUITAÇÃO ONLINE.
  2. Veja vídeo Aula 2 - A comunicação com o cavalo de Ruy Couto do canal EQUITAÇÃO ONLINE.
  3. Veja vídeo Aula 3 - A biomecânica aplicada à prática dos esportes equestres de Ruy Couto do canal EQUITAÇÃO ONLINE.
© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Sentimentos e gestos equinos

Para se fazerem compreender, os cavalos utilizam olhares, sons, sinais e comportamentos como resposta aos nossos estímulos
Ao contrário dos seres humanos, os equinos não sentem dificuldade em expressar as emoções. Eles têm percepção das nossas linguagens verbal e não-verbal: utilizam gestos, olhares, sons e comportamentos como resposta. Se procurarmos entender o que eles expressam através de certas vocalizações e atitudes, estreitaremos o relacionamento e criaremos vínculos com eles.
A boa relação do cavalo com o cuidador, criador ou cavaleiro depende exclusivamente de três ingredientes: carinho, atenção e respeito. Quando os animais se apegam às pessoas com as quais convivem, eles desenvolvem um vínculo que se assemelha ao amor incondicional. A lealdade, a confiança e a proteção passam a fazer parte da relação. Eles reconhecem o cheiro, memorizam a voz, os gestos e até os hábitos das pessoas com as quais criam tal ligação. 
Segue o passo a passo para que a interação cavalo-cavaleiro aconteça de forma tranquila e segura: movimente-se devagar; aproxime-se do cavalo pelas laterais e não pela frente; mantenha certa distância até ser bem-vindo; fique imóvel e aguarde que ele autorize a sua aproximação; o sinal ficará verde assim que você permitir que ele o cheire; tente acariciar as suas costas. Se o cavalo se afastar quando você tentar tocá-lo é sinal de que você está se movimentando rápido demais. Então, recomece todo o processo.
Aprenda a ler as expressões e os movimentos do seu cavalo para interpretar como ele está se sentindo. Essa leitura ajuda a evitar acidentes quando ele estiver assustado ou aborrecido. Os equinos costumam expressar os seus sentimentos através de várias partes do corpo: orelhas, focinho, olhos, pernas e rabo. Numa próxima coluna abordarei os sinais da linguagem não-verbal dos equinos e os sons emitidos por eles.
A quantidade de tempo que precisamos para nos tornarmos amigos dos cavalos depende da frequência e da qualidade desses encontros, assim como da personalidade e da idade de cada animal. Cavalos jovens se apegam rapidamente, confiando no cuidador em questão de semanas. Já os mais velhos precisam de mais tempo. Assim como nas amizades entre os seres humanos, no relacionamento com o cavalo há bloqueios a serem quebrados. Quando isso acontece, eles nos respeitam e são leais pelo resto de suas vidas.
No mundo dos cavalos, o respeito corresponde ao amor incondicional. Por isso, quando me perguntam se os cavalos têm sentimentos, eu sempre respondo que todo animal se torna aquilo que aprende e recebe. As reações que expressam diante de diferentes vivências e acontecimentos podem, sim, ser chamadas de sentimentos.
Identificar e observar alguns dos principais sinais da comunicação equina melhora a qualidade do convívio. Os cavalos são extremamente sensitivos. Expressam o que sentem e se comunicam através de movimentos, sinais, gestos e sons. Observando as posições e os movimentos de cabeça, olhos, orelhas, narinas, boca, membros e cauda, somados aos diferentes sons emitidos, compreendemos de forma clara o ânimo, o humor, o desconforto, a excitação, a aprovação, a concentração, o medo, o cansaço, o estado de alerta, o nível de atenção, a manifestação dos instintos e até as necessidades fisiológicas dos equinos. Os cavalos se comunicam através de movimentos, sinais, gestos e sons
- Abanar a cabeça quando está solto no pasto: sinal de brincadeira.
- Abanar a cabeça quando está sendo treinado: desconforto.
- Balançar a cabeça pra baixo, emitindo roncos ou relinchos: aprovação ou tentativa de chamar a atenção.
- Olhos semicerrados, orelhas pra trás e cabisbaixo: tristeza, mau humor, dor, febre ou outro problema de saúde.
- Olhos esbugalhados: medo e ameaça.
- Olhos fechados: soneca (geralmente os cavalos dormem em pé, com os olhos quase ou totalmente fechados).
- Narinas dilatadas: estado e sinal de alerta, excitação ou vontade de chamar a atenção.
- Narinas enrugadas: aborrecimento.
- Lábio superior levantado: os garanhões sentem a aproximação das éguas. Concomitantemente a este movimento, levantam a cabeça, fecham as narinas e forçam a respiração, evidenciando o estado de excitação.
- Dentes expostos: sinal de ameaça.
- Ato de mordiscar: demonstra brincadeira.
- Orelhas para o lado: o cavalo se encontra relaxado ou também pode estar apático.
- Orelhas completamente para trás: irritação e agressividade. Durante o trabalho, evidencia cansaço e indisciplina.
- Orelhas pra frente e eretas: indicam que o cavalo está atento, curioso e interessado. Normalmente apresentam, em conjunto, as narinas dilatadas.
- Escavar: mostra o desejo de achar e receber algum alimento ou também pode ser tédio.
- Patas dianteiras esticadas para frente: nos machos isso indica a preparação para urinar.
- Uma das patas levantadas com meia ponta do casco apoiado: significa que o animal está descansando.
- Abanar a cauda: sinal de irritação ou desconforto.
- Mover a cauda contra o corpo: movimento para espantar moscas e outros insetos.
- Manter a cauda elevada: prazer e excitação. Éguas apresentam a elevação da cauda acompanhada de jatos de urina e reversão dos lábios vulvares quando estão no cio, demonstrando aos garanhões que estão aptas ao cruzamento.
- Relincho: som longo, alto e agudo, usado para chamar a atenção de algo ou de alguém. Serve para indicar a sua localização (os potros relincham quando estão longe da mãe).
- Resfôlego: saída de ar pelas narinas. Limpeza das vias respiratórias, aumentando a oxigenação. É também usado para alertar outros animais de algo novo ou ameaçador.
- Suspiro: saída longa de ar pelas narinas, que demonstra angústia, mal-estar ou tédio.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Movimento tridimensional do cavalo e o andar humano

A utilização do cavalo na equoterapia proporciona ao praticante uma série de vantagens, tais como: 
  • o movimento tridimensional fornece imagens cerebrais sequenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar; 
  • o movimento rítmico balançante estimula o metabolismo, a regulação do tônus e o funcionamento dos sistemas cardiovasculares e respiratórios melhoram;
  • o movimento de mudança constante estimula o sistema vestibular e solicita uma adaptação constante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação; 
  • a imponência e altura do cavalo podem desenvolver a coragem, autoconfiança, concentração, sentimentos de independência, entre outros; 
  • a docilidade e o contato com o animal pode acarretar no desenvolvimento da tranquilidade, da capacidade social e da comunicação. 
Portanto, o cavalo na terapia é um agente educativo, facilitador para a obtenção de novas conquistas (KANN, 1994).

A mecânica do movimento natural do cavalo faz com que ele se desloque seus quatro membros sempre na mesma sequência, ou seja, inicia o seu deslocamento pelo anterior direito (AD), em seguida o membro posterior esquerdo (PE), depois o anterior esquerdo (AE), e logo após o posterior direito (PD), assim, chega, novamente, ao anterior direito, iniciando um novo passo em seu deslocamento.

As fases da movimentação ocorrem em três eixos: Eixo Y – Movimento laterolateral (Plano Horizontal – Eixo Transversal), Eixo X – Movimento anteroposterior (Plano Horizontal – Eixo Longitudinal) e Eixo Z – Movimento Longitudinal (Plano Vertical).

Movimento no Plano Horizontal:
Eixo Transversal (Movimento Laterolateral): Nesta movimentação a anca do animal é projetada para frente, promovendo uma flexão lateral da coluna do animal. O cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores), solidária com a coluna. Isso provoca uma inflexão da coluna, tornando-a um arco em torno do posterior que está para frente e desloca o ventre do cavalo para o lado oposto. Assim, conforme as mudanças de passos, como por exemplo, o cavalo coloca o membro posterior direito (PD) à frente, ocorrerá um deslocamento da coluna vertebral para o lado esquerdo (ANDE, 2000).
Este movimento é produzido pelas ondulações horizontais da coluna vertebral do cavalo, que se estende desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda. O grau de flexibilidade do cavalo tem influência direta sobre sua andadura. Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos, e mais suave será a sua andadura e quanto maior for a amplitude do movimento maior será o passo do cavalo e em consequência, maior será o deslocamento lateral do ventre (ANDE, 2000).

Eixo Longitudinal (Movimento anteroposterior): Iniciando o movimento pela distensão do posterior direito, o cavalo provoca desequilíbrio, deslocando seu corpo para frente e para a esquerda. Para retomar seu equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança o anterior esquerdo para escorar a massa que se desloca.
E quando toca o solo com o anterior esquerdo, freia o movimento para frente, provocando um desequilíbrio também para frente no praticante. Nesse momento o cavalo levanta a cabeça e com este movimento detém o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o avançar do posterior direito. Na sequência, o posterior esquerdo distende-se e empurra o cavalo para frente e para a direita. O movimento se sucede quando o anterior direito toca o solo, nova freada, novo desequilíbrio, e com o avançar do posterior direito, nova retomada do equilíbrio e consequentemente deslocamento para a trás (ANDE, 2000).

Movimento no Plano Vertical: Neste movimento percebe-se a ocorrência da elevação e rebaixamento do corpo do cavalo. Com a movimentação do animal, quando este abaixa o pescoço, a coluna vertebral será elevada, e quando o pescoço é elevado à coluna vertebral é rebaixada. Dessa forma, a movimentação longitudinal deverá ser acompanhada pelo praticante.
Assim, enquanto um membro posterior está se estendendo para impulsionar o animal para frente, o outro está se deslocando para frente a fim de sustentá-lo. Esse deslocamento se produz durante o movimento de cada um dos posteriores. Quanto mais para baixo do corpo o cavalo coloca o seu membro posterior, maior é o abaixamento da garupa, aumentando e acentuando o movimento vertical (comparação a uma roda denteada) (ANDE, 2000).

O cavalo, como instrumento terapêutico, proporciona movimentos tridimensionais, variáveis, repetitivos, com ritmo e cadência, nos quais se pode graduar a intensidade e a quantidade de informações sensoriais à pessoa com deficiência.
Como resposta terapêutica, os resultados são benéficos, sobretudo nas crianças e jovens com paralisia cerebral e autistas, pois apresentam aumento da tolerância (menos irritabilidade), melhoria da percepção corporal, melhoria da atenção, maior proximidade e contato com o animal (condução e cuidados) como também aceitação ao contato físico e visual e diminuição dos movimentos estereotipados, transformando-os em movimentos funcionais. A fala pode se apresentar mais contextualizada e com maior facilidade na expressão de seus desejos.
Pode-se dizer que essa metodologia data de 500 a.C., instituída por Hipócrates, quando já aconselhava a prática equestre para regenerar a saúde, preservar o corpo humano de muitas doenças e no tratamento de insônia e mencionava que a prática equestre, ao ar livre, fazia com que os cavaleiros melhorassem seu tônus. Por isso, adotou-se o sufixo TERAPIA que vem também do grego THERAPÉIA, parte da medicina que trata da aplicação de conhecimento técnico-científico no campo da recuperação da saúde; o prefixo EQUO vem do latim EQUUS (equino).

O CFM - Conselho Federal de Medicina reconheceu, em 1997, a Equitação Terapêutica como prática terapêutica.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Andaduras naturais do cavalo

O cavalo possui três andaduras naturais que são o passo, o trote e o galope, cada uma delas pode ser subdividida em vários tipos, conforme a ação e a intenção do cavaleiro ao trabalhar o cavalo existem quatro tipos de passo, três tipos de trote e três de galope. Outros tipos de andaduras e movimentos são ensinados pelo homem e por isso não são considerados naturais. 

Fig. 01 – Cavalo ao passo.
Passo - é a andadura mais lenta, executada em quatro tempos, marcado pela progressão de cada par lateral de pés, sem suspensão. Isso quer dizer que as quatro patas do cavalo tocam o solo uma de cada vez, e sempre existe um casco tocando o solo. Se você parar para escutar, vai ouvir quatro batidas separadas no chão. Quando o deslocamento começa com a perna posterior esquerda, a sequência é: posterior esquerda, dianteira esquerda, posterior direita e anterior direita. 
Em resumo o passo é uma andadura simétrica, rolada ou marchada, pouco basculada, a 4 tempos, na qual os membros se elevam e pousam sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir 4 batidas distintas, cada batida corresponde a uma base tripedal. Um passo completo compreende 2 bases diagonais, 2 bases laterais e 4 bases tripedais conforme mostrado na figura 01.
  • Passo de trabalho: Ideal para iniciar o trabalho do animal. O cavalo alonga o pescoço e, se traçarmos uma linha reta horizontal, as narinas ficam na mesma altura das ancas. As marcas dos posteriores no chão ultrapassam um pouco a marca dos anteriores. Nesse passo, os cavalos fazem 100 m/min ou 6 km/h, com o menor dispêndio de energia.
  • Passo alongado - O cavalo amplia ao máximo suas passadas, alonga e abaixa um pouco seu pescoço, ficando com as narinas abaixo da linha horizontal das ancas. Os posteriores ultrapassam bem a marca dos anteriores.
  • Passo reunido - O cavalo engaja os posteriores, levanta e arredonda o pescoço, ficando com as narinas acima da linha das ancas. O passo tem mais cadência, cobrindo menos terreno, com velocidade inferior à do passo de trabalho, pois os posteriores não atingem a marca dos anteriores. É o passo no qual o cavalo fica mais na mão do cavaleiro.
  • Passo livre - É o passo de repouso realizado com rédeas soltas, pois assim o cavalo alonga e abaixa o pescoço à vontade, facilitando o seu movimento. É o passo ideal para finalizar o trabalho, propiciando um relaxamento físico e mental para os animais.

Fig. 02 – Cavalo ao trote.
Trote - é uma andadura simétrica, a dois tempos, em que um par diagonal de pernas toca o solo e, depois de um momento de suspensão, o cavalo salta apoiado no outro par diagonal. Por exemplo: no primeiro tempo, o membro anterior (mão) esquerdo e o membro posterior (pé) direito pousam no solo juntos. No segundo tempo, a mão direita e o pé esquerdo pisam juntos. Ao escutar, você ouvirá apenas o som de duas batidas no chão.
O trote é uma andadura simétrica , fixada, a 2 tempos, na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, separados por um tempo de suspensão entre o pousar de cada diagonal conforme mostrado na figura 02.
  • Trote de trabalho - É a andadura que se utiliza na maior parte do trabalho do animal. O cavalo alonga o pescoço, mantendo suave contato com a mão do cavaleiro. Seu chanfro deve se manter inclinado para frente, adiante da vertical, e as narinas na mesma altura das ancas. As passadas são de comprimento, altura e tempo de suspensão médios, uniformes e equilibradas, com o cavalo movimentando-se para frente energicamente, atingindo aproximadamente 200 m/min ou 12 km/h.
  • Trote alongado - É o trote no qual o cavalo alonga ao máximo as passadas e o tempo de suspensão, mas mantendo o ritmo, equilíbrio e a elasticidade. O cavalo alonga o pescoço sendo a nuca o ponto mais alto, o chanfro inclinado para frente e as narinas abaixo da horizontal das ancas. Só deve ser feito em curtas distâncias, pois o cavalo pode perder o engajamento e inclinar seu corpo para a frente, pesando nas mãos do cavaleiro.
  • Trote reunido - É uma andadura para uma equitação mais avançada, que requer um assento profundo do cavaleiro de trás para frente e forte ação das pernas, mantendo as rédeas mais tensas. O cavalo engaja os posteriores, o pescoço se eleva e arredonda e a fronte fica sempre inclinada para frente, com as narinas acima da horizontal das ancas. As passadas são executadas com grande impulsão e elasticidade sendo, porém, mais curtas e mais altas que no trote de trabalho e executadas com grande leveza na embocadura. O chanfro do cavalo não deve nunca ficar para trás da vertical, pois ultrapassando esse limite, por pouco que seja, o cavalo estará encapotado, o que é muito prejudicial para seu dorso e lombo.
Fig. 03 – Cavalo ao galope.
Galope - é uma andadura a três tempos, então você ouvirá três batidas de casco no chão. Existe um momento de suspensão, quando as quatro patas ficam fora do solo antes do próximo lance. 
Cada uma das andaduras pode sofrer a intervenção do cavaleiro ampliando ou reunindo (diminuindo) as passadas de acordo com o trabalho que deseja realizar. O galope é uma andadura assimétrica , saltada, muito basculada e a 3 tempos.
  • Galope de trabalho - É o galope de velocidade média, usado para iniciar o trabalho. O cavalo se movimenta livremente, com o corpo na horizontal, o chanfro inclinado para frente da vertical, as narinas aproximadamente na altura das ancas. A velocidade média do galope de trabalho é de 250 m/min ou 15 km/h.
  • Galope alongado - Para se obter esse galope o cavaleiro ativa a impulsão do animal com forte pressão das pernas. O pescoço alonga-se sem abaixar-se muito, mantendo o chanfro inclinado para frente com as narinas um pouco abaixo da linha horizontal das ancas. O cavalo atinge o máximo de amplitude e suspensão em suas passadas. O cavaleiro deve manter contato suave com a embocadura e inclinar mais o corpo na posição esportiva quanto maior for a velocidade, mantendo o equilíbrio do conjunto. A velocidade média é de 300 m/mim ou 18 km/h.
  • Galope reunido - Essa andadura só deve ser feita com cavalos de alto grau de adestramento, bem musculados e flexibilizados pois, caso contrário, podem ficar muito pesados na mão, tensos e nervosos. Para obter o galope reunido, o cavaleiro ativa a impulsão com o peso do assento e maior pressão das pernas. Ao mesmo tempo, com flexão dos cotovelos e abrindo e fechando os dedos, o cavaleiro tensiona as rédeas. O pescoço do cavalo se eleva com a nuca no ponto mais alto e o chanfro inclinado para frente com as narinas acima da horizontal das ancas. As passadas são mais curtas e enérgicas com velocidade media de 200 m/min ou 12 km/h.
O Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo está disponível em: 22_01_01 Manual Equitação da Federação Paulista de Hipismo.

Fonte: Manual da Equitação de Ênio Monte.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Cavalo Puro-sangue inglês - Thoroughbred

O cavalo puro sangue inglês é um dos que mais se destaca dentre as raças clássicas de equinos. Bastante utilizado em modalidades de velocidade como turfe (corridas) e hipismo, é um animal forte e de bela aparência.
Cavalo Puro-sangue inglês - Thoroughbred
A raça puro sangue inglês é chamada de Thoroughbred em países de língua inglesa, e sua origem remonta à Inglaterra nos séculos 17 e 18. É resultado de cruzamentos de éguas locais com garanhões berberes e árabes. Havia forte desejo entre os ingleses de contar com um cavalo que apresentasse melhores resultados nas competições de velocidade.
Como o cavalo puro sangue inglês possui grande velocidade, logo se tornou uma das principais apostas inglesas em competições de turfe (corridas) e hipismo. Para que o animal chegasse à tal aptidão para a velocidade, foram utilizados nos cruzamentos raças de equinos reconhecidas por essa qualidade. 
Na origem dessa raça há a participação do cavalo árabe ou turco (Equus caballus aryanus), mais especificamente a sub-raça Nedjed, que é encontrada na região central do Saara.
Também contribuíram para a formação da raça puro sangue inglês cavalos como o barbo, mongólico ou mongol (Equus caballus africanus) e o berbere. O cavalo mongólico é originário da Ásia Central, tendo sido levado para a África antes mesmo do cavalo árabe.
Diz-se que as linhagens masculinas do puro sangue inglês são descendentes basicamente de três garanhões: Eclipse (Darley Arabian), Herod (Byerley Turk) e Matchem (Godolphin Barb), considerado o ramo mais numeroso atualmente. Os nomes desses equinos fazem referência aos seus proprietários, respectivamente: Thomas Darley, Capitão Byerley e Lord Godolphin.

Características do cavalo puro sangue inglês
Darley Arabian.
O equino puro sangue inglês se destaca das demais raças de cavalo devido a algumas características marcantes que o tornam único. O dorso é curto, o tórax largo e a pelagem lindamente sedosa.
Trata-se de um animal de porte físico avantajado, apresentando garupa alta e plana (sempre musculosa). A passagem de cilha é profunda. As canelas desse cavalo são curtas, algo essencial para a sua aptidão para corridas.
A cabeça possui perfil reto e ondulado levemente, seus olhos são grandes, expressivos e encantadoramente amendoados. Os olhos, em geral, ficam em uma posição alta do crânio, potencializando a firmeza do seu olhar.
As narinas são elípticas e as orelhas de tamanho médio. A sua altura de cernelha fica entre 1,62 m e 1,67 m. A cor da pelagem dos cavalos dessa raça variam entre alazão, castanho, tordilho e negro. Em geral, os cavalos puro sangue apresentam pelagem uniforme.
Byerly Turk.
Algo interessante de mencionar é que essa raça, embora tenha porte forte em geral, aparenta ser leve, algo crucial para o seu bom desempenho nas pistas de corrida. A cauda é alongada e larga, tornando-se um ponto focal enquanto esse animal desfila sua elegância. Possui excesso de pelos no fundo de suas patas, uma característica que costuma chamar a atenção de quem está diante de um indivíduo dessa raça pela primeira vez.
Em relação ao seu comportamento, é importante destacar que é considerado um cavalo muito elegante que desempenha movimentos rebuscados, algo que adiciona mais valor à raça. Quem avista um cavalo puro sangue inglês sabe que está diante de um animal de grande valor, tanto por suas origens quanto por suas habilidades. 
Os cavalos dessa raça são criados, atualmente, em todos os continentes. Dentre os países com os maiores plantéis desses cavalos estão Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Rússia e França. Uma raça de cavalos que pode ser encontrada em locais com características distintas.
Em geral, os criadores apostam nessa raça com o objetivo de participação em competições de corrida. O puro sangue inglês é considerado um dos melhores cavalos nessa modalidade, algo fácil de compreender se considerarmos que a raça foi desenvolvida com essa finalidade.
Godolphin Barb.
Criar esses cavalos vem se mostrando uma atividade potencialmente lucrativa e, por isso, até locais que não demonstram vocação para esse tipo de empreendimento, por não ter muita pastagem, como Hong Kong, vêm apostando. O studbook do PSI no Brasil é administrado pela Associação Brasileira de Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida.
Os cavalos puro sangue inglês são reconhecidos por sua grande habilidade para corrida, no entanto, atualmente, estão ganhando um novo destaque. Esses equinos se tornaram muito relevantes para as linhagens de cavalos dedicados ao salto.
Os puro sangue inglês vêm sendo utilizados para cruzamentos que visam melhorar ou até criar novas raças para essa finalidade. As características dessa raça podem ajudar a desenvolver cavalos com maior potencial para saltos.

Bibliografia - LOUREIRO NETTO, Jayme. Tábua Genealógica de Cavalos de Corrida - Linhas Paternas 1680/1974. Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos de Corrida (ABCCC), Rio de Janeiro, 1978.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023