O psicopata tem especial prazer em exercer poder e controle sobre as pessoas. Para tal, ele percorre uma seqüência de 3 passos, ao final dos quais quase sempre já terá ganhado sua vítima. Funciona assim: primeiramente, com seu charme e carisma, ele suscita o encanto de sua vítima; em seguida, a seduz, utilizando-se de constantes elogios e de uma máscara de amizade genuína; por último inicia o jogo da manipulação. Por quê? Porque, partindo do princípio de que não se pode manipular quem não se deixa manipular, isso só será possível se a vítima tiver sido previamente seduzida. E em face de sua grande inteligência verbal, ele ganha rapidamente a confiança e o apego dela, fazendo-a acreditar que ele é seu (melhor) amigo e que está sinceramente interessado nela. Depois que passa a ser visto como alguém acima de qualquer suspeita, tem seu caminho completamente livre para manipular e conseguir qualquer coisa que quiser. Na maior parte das vezes, contudo, ele manipula de forma sutil, alcançando o que quer por saber sugestionar a vontade e as emoções das pessoas. Fazem parte do seu repertório de recursos a mentira, as distorções da verdade, a mescla de verdade com mentira, a insinuação, a sedução, a teatralização, a produção de falsas provas e o perfeito manejo de palavras e frases, de tal forma que as pessoas, sem perceberem, dizem, entregam e fazem tudo o que ele deseja, de mão beijada e com toda a satisfação. Contudo, se não obtém sucesso em suas tentativas “de paz”, o psicopata pode lançar mão de artifícios menos sutis, como a chantagem, a intimidação, a ameaça e a violência. Aos poucos, sua máscara começa a cair, tanto porque algumas mentiras começam a ser descobertas quanto por causa dos seus inúmeros defeitos de caráter, que, cedo ou tarde, começam a ser percebidos. A vítima começa a “juntar as peças do quebra-cabeças” e se dá conta de que alguma coisa está errada. Ainda confusa, começa a questionar seu amigo sobre fatos que compreende bem, na esperança de que irá obter uma explicação razoável e de que tudo vai voltar a ser como antes. O sociopata passa então para o segundo tempo do jogo, comportando-se de forma cada vez menos gentil e se tornando cada vez mais agressivo. Ao passo em que procura a todo custo encobrir suas mentiras, por dar explicações que muitas vezes não colam ou por elaborar histórias fantasiosas em cima das mentiras que já vinham sendo contadas, volta-se agora contra a sua vítima. Executando um jogo psicológico que envolve agredi-la verbal, emocional ou até fisicamente, ele sai pela tangente, acusando-a de loucura e de estar desconfiando dele (mas nunca chegando exatamente à questão que fora inicialmente levantada); ao mesmo tempo, pode manter o discurso de que a ama e de que tudo o que faz é por estar interessado no bem estar dela. O sociopata alterna períodos em que impinge sofrimento à vítima com períodos em que demonstra afeto, carinho e consideração. A vítima, em meio a esse comportamento paradoxal, e ainda acreditando no bom caráter do seu agressor, não consegue processar corretamente os fatos, tornando-se cada vez mais vulnerável à agressão. Fica à sua mercê, sob total dependência em relação a ele, dada à imprevisibilidade do comportamento do seu agressor. Algumas vezes, convencida de que é a culpada por esses eventos, acaba por elaborar meios para tentar acalmar seu agressor. Com isso, torna-se ainda mais solícita ainda mais propícia a agradá-lo, especialmente quando ele encarna o papel do coitadinho, evocando nela sentimentos de culpa e piedade. E é justamente isto o que o sociopata deseja: mais e mais poder sobre sua vítima. Como um verdadeiro vampiro, ele alimenta-se mais e mais da boa vontade dela, ao passo em que persiste em agredi-la a troco de nada e em fazer ameaças de abandoná-la, sempre que ela faz ou diz qualquer coisa que o desagrade, por mínima que seja. O sociopata, em suas agressões, pode lançar mão de “argumentos de autoridade” falsos para corroborar suas opiniões e falsas acusações. Pode, por exemplo, acusar falsamente a vítima de ser relapsa e descuidada e dizer a ela, também falsamente, que outras pessoas já haviam comentado com ele as mesmas coisas sobre ela. A vítima, acuada no turbilhão desse jogo psicológico, muitas vezes não tem como comprovar essas afirmações e pode cair na fraqueza de acreditar nas mentiras, afundando ainda mais. Outra tática de que o psicopata se utiliza para seduzir e posteriormente intimidar e imobilizar a vítima é a alegação de onisciência. Funciona assim: ele incute na cabeça da vítima e de outras pessoas que podem ajudá-la a idéia de que ele está a par de absolutamente tudo: do que aconteceu no passado, do que está acontecendo no presente e do que vier a acontecer no futuro. Convence a vítima de que saberá de tudo o que ela fizer ou disser. Paralisada pelo medo perpretado por seu algoz, a vítima permanece estática, completamente sem ânimo para se desvencilhar da armadilha e buscar ajuda. Mesmo quando o sociopata é pego de surpresa, ie, quando a vítima consegue fazer alguma coisa em sua defesa sem o seu conhecimento, ele prontamente a convencerá de que estava sabendo de tudo e de que viu tudo, aprisionando-a novamente, mesmo que ela, racionalmente, perceba a improbabilidade de suas declarações serem verdadeiras. sociopata não sente empatia; não consegue se colocar no lugar do outro. Ele é egoísta e egocêntrico. Para ele, pessoas são como ferramentas guardadas num armário: ele se utiliza da pessoa certa para ajudá-lo num objetivo específico; conseguido o que ele queria, a companhia dela perde o seu valor. Ele então simplesmente a descarta e parte adiante, para dar um novo golpe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário