segunda-feira, 6 de março de 2023

Adestramento no hipismo - Escolas com reconhecimento mundial

O adestramento (em francês, dressage, derivada do verbo dresser, que significa "treinar"), também chamado "Ensino de competição", é uma das três modalidades equestres olímpicas, regulada pela Federação Equestre Internacional (FEI). O objetivo geral da dressage é auxiliar o cavalo a desenvolver, através de diversos exercícios, a capacidade de executar todos os seus movimentos naturais, tornando-o um animal flexível, calmo, atento ao cavaleiro e, portanto, agradável de se montar.
Apresentação da Escola Espanhola
de Equitação de Viena
Partindo deste princípio, em tese todo cavalo de sela deveria receber tal treinamento, mesmo em nível básico. Os cavalos destinados à competição necessitam, porém, de treinamento avançado, que é realizado em escolas, do iniciante ao Grand Prix (Grande Prêmio).
Animais que atingem tal nível de treinamento devem dar a impressão de "flutuar" pela pista sem o auxílio do seu cavaleiro, com os movimentos mais complexos realizados sem esforço aparente. Por isso, a modalidade é muitas vezes conhecida como "Ballet Equino".
As origens da dressage se encontram nos escritos de Xenofonte, da Grécia Antiga, que pregava o treinamento dos cavalos sem violência e seguindo sua movimentação natural. Não se sabe se os célebres cavaleiros da Idade Média seguiam seus métodos, embora isso seja provável - as evidências de manuscritos onde há instruções detalhadas para o combate montado sugerem uma movimentação de caráter fluido e natural.
Apresentação da Escola
Nacional de Equitação
de Saumur
Durante o Renascimento europeu, os princípios gregos de Xenofonte foram revividos e a Equitação Clássica se tornou um dos principais passatempos dos reis e nobres. Estes passaram, então, a criar cavalos que possuíssem maior facilidade de executar os movimentos deles exigidos e desenvolver embocaduras e selas mais adequadas à modalidade. Até hoje, os cavalos da Escola Espanhola de Equitação de Viena, na Austria, Escola Nacional de Equitação de Saumur, na França e a Escola Portuguesa de Arte Equestre, considerada igual que a escola de Viena as escolas mais tradicionais ou clássicas na pratica a nível mundial, são treinados de acordo com tais ensinamentos e apresentados com equipamentos idênticos aos da época.

A Escola de Equitação Espanhola (Spanische Hofreitschele) fundada em 1572 pelos Habsburgos, cria e treina cavalos vindos da Espanha. Hoje são realizadas apresentações de 80 minutos no edifício conhecido como Escola de Inverno de Equitação.  O espetáculo equestre é realizado por espécies Lipizzaner, um cruzamento de cavalos árabes, bérberes e espanhóis. Os cavalos levam este nome por causa do haras em Lipizza, na Eslovênia. Os cavalos saem da Escola Espanhola de Equitação e treinam durante oito anos para poderem atuar. Um show Lipizzaner é bastante impressionante. Estes graciosos garanhões executam um balé equino durante uma seleção de músicas clássicas enquanto os lustres brilham logo acima.

Apresentação da Escola
Portuguesa de Arte Equestre
A cidade de Saumur é conhecida e reconhecida pelo famoso Cadre Noir, verdadeira referência no mundo da equitação. Trata-se de um corpo de cavaleiros de elite franceses, instrutores na École Nationale d’Équitation. Com uma herança de prestígio, a École Nationale d’Équitation formou-se a partir do Cadre Noir de Saumur, em 1972. Como verdadeiros guardiões da equitação francesa, os cavaleiros do Cadre Noir que formam o corpo docente transmitem seu conhecimento ancestral. Inclusive, esses conhecimentos são reconhecidos, desde 2011, pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade.

A Escola Portuguesa de Arte Equestre proporciona uma experiência fantástica de volta ao passado. Essa escola está localizada nos jardins do Palácio Nacional de Queluz e faz apresentações impecáveis que deixam os espectadores perplexos, tamanho traquejo e delicadeza de cada formação e da intimidade ente cavaleiro e cavalo. Considerada Patrimônio Cultural, tem como objetivo, além de manter a tradição, divulgar e ensinar novos adeptos e assim perpetuar essa, que é uma das principais tradições culturais portuguesas. Além do tratamento, treinamento e ensino, a Escola Portuguesa de Arte Equestre adquiriu o acervo da Biblioteca de Arte Equestre de D. Diogo de Bragança, quando do seu falecimento em 2012. D. Diogo, cavaleiro de primeira linha, colecionou e publicou inúmeros estudos sobre a Arte Equestre. Além de obras de vários autores, a biblioteca conta com um acervo de manuscritos, gravuras e livros do século XVI até o século XX.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

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