sábado, 1 de maio de 2021

XH1 - História da Chaturanga

Xadrez é um jogo antigo associado a varias histórias.
A primeira história é passada na Índia. Havia uma pequena cidade chamada Taligana, e o único filho do poderoso rajá foi morto em uma sangrenta batalha. O rajá entrou em depressão.
Um brâmane chamado Lahur Sessa, certo dia foi até o rei e lhe apresentou um tabuleiro contendo 64 quadrados, brancos e pretos, além de diversas peças que representavam fielmente as tropas do seu exército, a infantaria, a cavalaria, os carros de combate, os condutores de elefantes, o principal vizir e o próprio rajá. Sendo um único tabuleiro com peças o responsável por tirar a tristeza do rajá. Como recompensa, o brâmane foi agraciado com a oportunidade de pedir o que quisesse. Logo de primeira, ele recusou tal oferta, pois achava que não fosse merecedor de tal proposta, mediante insistência do rajá, ele fez um simples pedido. O brâmane pediu simplesmente um grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro, dois para a segunda, quatro para a terceira, oito para a quarta e assim sucessivamente até a última casa. 

O rajá chegou a achar graça, diante da aparente tolice cometida pelo inventor, e mandou chamar os algebristas mais hábeis da corte e ordenou que fossem feitos os cálculos e levantada a quantia de grãos de trigo necessária para o pagamento. "Nada mais que um saco" – pensou o rei.

Teria Sessa cometido, realmente, uma imensa tolice? Quantos grãos de trigo caberiam à tal recompensa? Acompanhe o raciocínio:
  • 1 grão na primeira casa
  • 2 grãos na segunda casa
  • 4 grãos na terceira casa (2x2)
  • 8 grãos na quarta casa (2x2x2)
  • 16 grãos na quinta casa (2x2x2x2)...
Seguindo tal raciocínio até completarmos as 64 casas do tabuleiro, encontraremos o resultado. Já impaciente pela demora dos calculistas, o rei finalmente recebeu a resposta:
  • “De acordo com o pedido, e apesar de toda a sua riqueza, não será possível oferecer ao inventor tal quantidade de trigo! Aliás, nem em todos os celeiros da Terra será possível buscar essa quantidade!”
E, continuando, o calculista logo concluiu:
  • “Os grãos de trigo necessários são exatamente 18.446.744.073.709.551.615”.
Dezoito quintilhões, quatrocentos e quarenta e seis quatrilhões, setecentos e quarenta e quatro trilhões, setenta e três bilhões, setecentos e nove milhões, quinhentos e cinquenta e um mil, seiscentos e quinze!

Após fazerem vários cálculos de quanto trigo eles teriam que dar para ele, descobriram que seria necessário toda a safra do reino por incríveis dois mil anos.
Impossibilitado, pela primeira vez, de cumprir uma promessa, e impressionado com a inteligência do brâmane, o rajá o convidou para ser o principal vizir.
Na verdade, o que o brâmane apresentou para o rajá não foi o jogo de xadrez, foi a chaturanga, uma das principais variantes do jogo de xadrez moderno.
Chaturaj (Chaturanga) é o variante talvez mais antigo, para quatro jogadores, o "Bispo" do xadrez é substituida pelo GAJA (Elefante), a "Rainha" pelo MANTRI (Conselheiro) e a "Torre" por RATHA (Carruagem ou Biga de Combate), o "Rei" é o RAJÁ, o Cavalo é a cavalaria mesmo (ASHVA) e o "Peão" é a Infantaria é BHATA.
Outra grande possibilidade que se apresenta em diversas histórias sobre a origem do Xadrez, é que Ares, o deus da guerra, teria criado um tabuleiro para testar suas táticas de guerra (que eram bem limitadas, pois Ares nunca foi conhecido por ter tática nas suas batalhas, ele era simplesmente agressivo, atacando sem precisão alguma na maioria das vezes).
Entretanto, cada peça do tabuleiro representava uma parte do seu exército, e assim foi, até que Ares teve um filho com uma mortal, e passou para ele os fundamentos do jogo. A partir de então, o jogo teria chegado ao conhecimento dos mortais.
É sabido que entre 1450 e 1850, o Xadrez começou a ter mudanças visíveis em relação ao que conhecemos hoje em dia. Foi nesse período que diversas peças ganharam movimentos que conhecemos atualmente, claro, todos esses movimentos e peças tendo como origem a Chaturanga.
O elefante (o antecessor do moderno bispo) somente podia mover-se em saltos por duas casas nas diagonais. O vizir (o antecessor da dama) somente uma casa nas diagonais. Os peões não podiam andar duas casas em seu primeiro movimento e não existia ainda o roque. Os peões somente podiam ser promovidos a vizir, que era a peça mais fraca, depois do peão, em razão da sua limitada mobilidade.
As regras do Xadrez que conhecemos hoje começaram a ser feitas em 1475, só não se sabe ao certo onde ocorreu esse início. Alguns historiadores divergem entre Espanha e Itália.
Foi neste período que os peões ganharam a mobilidade que conhecemos hoje em dia, que se resume em mover-se duas casas no seu primeiro movimento e tomar outros peões en passant. Nessa época também foram definidos os novos movimentos dos bispos e da rainha e, o mais importante, a rainha tornou-se a peça mais importante do jogo. Os movimento das demais peças, juntamente com o resto das regras que englobam todo o Xadrez, só foram formalmente modificadas no meio do século XIX, e tais regras ainda se mantêm até hoje.

© 2023: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 15/05/2023

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