quinta-feira, 13 de abril de 2017

Revoltas do Brasil - 1694 - Guerra dos Palmares

Palmares foi o maior quilombo já existente em número de quilombolas. Chegou a ocupar uma faixa de terra de 200km, e sua permanência incomodava os senhores de engenho. Seja para fazer da punição dos quilombolas um exemplo, ou para retomar os escravos fugidos, muitos queriam o fim do Quilombo dos Palmares. Assim, as investidas começaram.
Guerra dos Palmares (pintura de Manuel Victor)
A primeira expedição foi feita pelos holandeses e ocorreu em 1644, sob o comando de Rodolfo Baro. Chamada de “Expedição Baro”, pode-se dizer que ela fracassou. Quando os sentinelas palmarinos avistaram as tropas de Baro, soaram o alarme e bloquearam a passagem dos holandeses com árvores cortadas. Os quilombolas atacaram com flechas por todas as direções e, perante a derrota iminente, Rodolfo Baro ordena a retirada.
Mais tarde, em 1645, os holandeses atacam novamente. Era a “Expedição Blaer-Rembach”, ao comando de João Blaer. Também conhecido como “Guerra do Mato”, o episódio se destaca pela tática de guerrilha usada pelo povo de Palmares. Quando os holandeses atacavam, os palmarinos recuavam. Assim que os holandeses paravam para descansar, os palmarinos faziam saques e ataques relâmpagos. Essa situação durou cerca de três meses e, tendo destruído apenas um pequeno núcleo, os homens de Blaer estavam desgastados e se viram obrigados a desistir.
A primeira grande expedição feita a Palmares ocorreu em 1667, chefiada por Zenóbio Accioly de Vasconcelos. Ocorreu a destruição de um mocambo e o reconhecimento de algumas partes da região. Contudo, a entrada havia sido “financiada” pelo governo de Pernambuco, mas com o início da crise açucareira o auxílio pernambucano foi reduzido drasticamente e a expedição perdeu forças. Também decorrente da crise açucareira foi o início das trocas comerciais entre Palmares e as vilas em seus arredores.
Em 18 de junho de 1678 o líder quilombola Ganga-Zumba chegava a recife para fazer um acordo de trégua com o governador Aires de Sousa e Castro. Os negros teriam direito a uma área para viver em liberdade, ao plantio, comércio e trato com os brancos e não pagariam o fisco desde que se desfizessem de seu equipamento militar. Enquanto isso ocorreu, o líder Zumbi dos Palmares continuava a fazer incursões para libertar escravos. A verdade é que o acordo de 1678 não agradava a maioria dos negros (que o achavam limitador) e nenhum branco (que acreditavam a proposta concessiva demais).
Notou-se que para a tomada total do quilombo, as forças pernambucanas não seriam suficientes. Então foi contratado o paulista Domingos Jorge Velho – que tinha uma carreira dedicada ao massacre e submissão de grupos étnicos inferiorizados aos olhos do colonialismo. Ele fazia o “sertanismo de contrato”: sob um determinado preço, juntava seus capangas para lutar pela causa de alguém.
Ironicamente, as tropas de Jorge Velho eram majoritariamente compostas por indígenas. Cerca de 800 índios e 200 brancos investiram contra Palmares sob seu comando em dezembro de 1692. Ainda que reforçados pela ajuda de moradores alagoanos, eles não conseguiram vencer a batalha.
Somente em janeiro de 1694 Jorge Velho recebeu os reforços que precisava. Por 22 dias, até 6 de fevereiro de 1694, Zumbi e seus homens lutaram vigorosamente. Mas o armamento das tropas inimigas garantiu a derrota do povo palmarino. Após a perda de 400 homens e o aprisionamento de inúmeros outros, a tomada do Mocambo do Macaco pôs fim ao Quilombo de Palmares. Os 65 anos de luta garantiram a Palmares o título de “reduto da liberdade”, e a força e o vigor desse povo foi imortalizado na figura de Zumbi.

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