domingo, 16 de abril de 2017

Movimentos Nativistas - 1710 - Revolta do Sal

Entre os séculos XVII e XVIII, o sal foi um importante produto de comércio no Brasil devido à expansão pecuária e a produção em massa de carnes salgadas para exportação. Em 1631, a Coroa
Debret - Carregadores de Sal
Portuguesa criou um monopólio do sal no Porto de Santos para garantir que elevadas quantidades deste produto seriam destinadas à Portugal e aos países importadores.
A lucratividade que o sal propiciava à coroa fez com que seu preço fosse elevado inúmeras vezes. Em algumas ocasiões, os mercadores chegavam a esconder o sal para simular uma escassez e, consequentemente, deixar o produto cada vez mais caro.
Entretanto, os compradores internos também eram prejudicados com os reajustes no preço do sal. De fato, a coroa não se importava em distribuir menos mercadoria para os habitantes de sua colônia, o Brasil, e não tomaram nenhuma medida para reverter a situação, apesar dos protestos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e dos consumidores de São Paulo.
Em 1710, diante do descaso das autoridades, Bartolomeu Fernandes de Faria, paulista proprietário de terras, incitou um grupo de 200 índios e escravos fortemente armados para invadir o porto de Santos e distribuir o sal para os consumidores que careciam do produto, dando início a um movimento nativista que seria conhecido como Revolta do Sal. Ele ordenou que a ponte que ligava a ilha de São Vicente ao Porto de Santos fosse desmoronada, para evitar a perseguição dos colonos.
O ato de Bartolomeu deixou a coroa furiosa, porque mostrou a fraqueza da guarnição portuguesa no local e prejudicou de forma significativa a comercialização do sal para a exportação marítima.
A partir desse momento, Bartolomeu se tornara o alvo mais cobiçado da coroa. Em abril de 1711, D. João V enviou uma carta ao juiz Antônio de Cunha Souto Maior ordenando com urgência a prisão de Bartolomeu, resultando em uma das maiores perseguições no período Brasil colônia.
Os guardas metropolitanos da coroa portuguesa tiveram muitas dificuldades para capturar Bartolomeu. Ele havia construído uma forte guarnição em frente a sua fazenda com índios e escravos e, em 1713, se refugiou para o vale do Ribeira após uma tentativa ofensiva de ataque sob comando do juiz Antônio de Cunha.
Só em agosto de 1718, oito anos após a invasão ao Porto de Santos, Bartolomeu foi preso próximo à Vila de Conceição de Itanhaém, sob comando do governador da praça de Santos Luís Antônio de Sá Quiroga. Ordenaram que o prisioneiro fosse enviado à Salvador para ser julgado mas, em 1719, aos 80 anos, Bartolomeu Fernandes de Faria foi vítima da varíola e faleceu acometido pelo desânimo e pela miséria.

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